quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pesquisadores encontraram estrela-bebê considerada o “Santo Graal” do Sistema Solar

Uma estrela-bebê foi detectada por astrônomos logo antes de “nascer”. A descoberta é tão importante que foi descrita como um “santo graal” da evolução estelar. As observações, publicadas na Nature, podem responder por que nuvens gigantes de gás podem colidir e formar estrelas. A estrela ainda está na fase de um turbilhão de poeira e gás. Ela é parte do mais jovem sistema planetário em formação já encontrado – por isso, pode ser crucial para entendermos melhor o nascimento do nosso próprio sistema. A jovem estrela tem “apenas” 300 mil anos de idade – um bebê se comparado com os 4,6 bilhões de anos de nosso Sol e seus planetas. No momento, ela tem 1/5 da massa do Sol, mas deve aumentar até o tamanho dele conforme for atraindo material de seus arredores. Calcula-se que haja material o suficiente para fazer sete Júpiters. A estrela, chamada L1527 IRS, fica a mais de 450 anos-luz da Terra, na constelação de Taurus – uma distância pequena para os padrões do Universo. John Tobin, um estudante do Hubble no Observatório Nacional de Rádio Astronomia na Virgínia, afirmou ao Daily Mail que “ela pode ser ainda mais jovem, dependendo de quão rápido ela acumulou massa no passado. Esse objeto muito jovem tem todos os elementos de um sistema solar em criação”. Para encontrar o objeto, os astrônomos utilizaram telescópios de última geração para detectar tanto poeira quanto monóxido de carbono circundante. Eles foram os primeiros a consegui encontrar uma estrela comprovadamente rodeada por um disco giratório de material e os primeiros a medir a massa dela. Da mesma forma que os planetas vizinhos ao nosso que têm velocidades orbitais que variam de acordo com a distância do Sol, a estrela também tem objetos que a rodeiam com velocidades orbitais e distâncias diferentes, conforme ondas de rádio vindas do monóxido de carbono mostraram. Hsin-Fang Chiang, um pós-doutorado da Universidade de Illinois, afirmou que os padrões, chamados de rotação kepleriana, “marcam um dos primeiros passos essenciais na direção da formação dos planetas. O disco é sustentado por sua própria rotação, e irá mediar o fluxo de material para a estrela-bebê e permitir que o processo de formação de planetas comece”. John adicionou que “esta é a estrela-bebê mais jovem já encontrada a mostrar esta característica em um disco à sua volta. De muitas maneiras, o sistema parece muito com o que nós achamos que nosso sistema solar pareceu quando era muito jovem”. A pesquisa, com suas imagens de alta definição, foi motivada por observações anteriores do Observatório Gemini, no Havaí, que já sugeria a presença de um grande disco cercando a estrela-bebê. Os astrônomos fizeram observações de alta precisão da L1527 IRS com o sistema de telescópios ALMA, que está quase completo nos Andes chilenos. Segundo John: “As capacidades avançadas do ALMA nos permitirão estudar mais tais objetos de distâncias maiores. Com o ALMA nós poderemos aprender mais sobre como os discos se formam e quão rapidamente as estrelas jovens crescem até seu tamanho total e conseguir uma compreensão muito melhor sobre como estrelas e seus sistemas começam suas vidas”. O estudo foi revisado por David Clarke, professor de astronomia da Universidade Santa Maria na Nova Escócia, Canadá, que o chamou de “Santo Graal” da evolução estelar: “Que a natureza tenha encontrado um meio de trazer rotineiramente punhados distantes de matéria, condensá-los em 24 ordens de magnitude e formar os motores nucleares responsáveis por iluminar o universo, é ao mesmo tempo incrível e inegável. Precisamente o que o mecanismo é, contudo, só agora está sendo compreendido por astrônomos, e o estudo de John e os outros vem para dar suporte à peça que antes faltava – a primeira detecção e medição de uma estrela realmente embrionária. John e seus colegas podem não ser os primeiros a medir a massa de uma estrela-bebê, mas a estrela-bebê que eles observaram é de longe o melhor exemplo até hoje. A L1527 IRS é o Santo Graal da astronomia infravermelha da evolução estelar? Isso terá que ser determinado pelos historiadores da ciência. Até lá é sem dúvidas uma grande descoberta e estudos futuros sobre isso irão ajudar a aumentar nossa compreensão de como as estrelas se formam”.

Fonte: Jornal Ciência

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