Estudo de pesquisadores das universidades Northwestern (EUA), Queen, de Toronto (ambas do Canadá) e de Bordeaux (França) indica que planetas em sistemas binários (com duas estrelas) podem não ter uma vida muito tranquila. Segundo simulações feitas em computador, quando as estrelas estão muito distantes uma da outra, o sistema pode passar por eventos perigosos e planetas podem ser até ejetados para o espaço interestelar. A pesquisa foi divulgada neste domingo e será publicada na revista científica Nature. O time conduziu 3 mil simulações para entender como um sistema binário se comporta. Eles testaram desde estrelas que ficavam muito próximas até aquelas que estavam bem distantes uma da outra (a mais de 1 unidade astronômica - a distância da Terra ao Sol). Em certo momento, eles adicionaram uma estrela companheira longínqua ao Sol. Em quase metade das simulações, pelo menos um dos quatro gigantes gasosos (Júpiter , Saturno, Urano e Netuno) era jogado para fora do Sistema Solar. Ao contrário do nosso, muitos sistemas planetários têm duas estrelas que orbitam uma à outra (alguns inclusive têm mais estrelas). "A órbita estelar de binárias distantes é muito sensível aos distúrbios de outras estrelas passageiras assim como à força de maré (gravitacional) da Via Láctea", diz Nathan Kaib, pesquisador da Universidade Northwestern. Essas influências externas podem fazer com que de tempos em tempos a excentricidade das duas estrelas (o "formato" da órbita - quanto menos excêntrica, mais oval ela é) mude e isso pode afetar os planetas do sistema. O resultado pode ser danos e até mesmo a "expulsão" de um destes corpos. "Se uma binária distante sobreviver por um longo tempo, ela vai ter uma órbita altamente excêntrica em algum momento", diz o pesquisador. Quando isso ocorre, as duas estrelas vão ter encontros bem próximos durante suas órbitas, mas também terão momentos de grande distância. Isso pode ter efeitos poderosos nos planetas, já que de tempos em tempos eles terão uma estrela passando bem perto. Contudo, todo esse processo pode levar milhões de anos - por vezes até bilhões - de anos. "Consequentemente, os planetas nesses sistemas inicialmente formam e evoluem como se tivessem apenas uma estrela", diz o cientista. "É apenas muito depois que eles começam a sentir o efeito da estrela companheira, que muitas vezes leva ao desmembramento do sistema planetário." Ao analisar os planetas que vivem nesse tipo de sistema, eles descobriram que eles costumam ter órbitas bem irregulares. Os cientistas acreditam que eles são os sobreviventes das grandes instabilidades causadas pelas estrelas. "As órbitas planetárias excêntricas vistas nestes sistemas são essencialmente cicatrizes de rupturas do passado causadas por uma estrela companheira", diz Sean N. Raymond, professor da Universidade de Bordeaux e um dos autores do estudo.
Fonte: Terra
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