sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Diversidade de asteróides aponta para um Sistema Solar de "globo de neve"

O nosso Sistema Solar parece ser um lugar limpo e arrumado, com pequenos mundos rochosos perto do Sol e gigantes gasosos mais longe - todos os oito planetas seguindo percursos orbitais inalterados desde a sua formação. No entanto, a verdadeira história do Sistema Solar é mais turbulenta. Os planetas gigantes migraram para dentro e para fora, empurrando destroços e "sucata" interplanetária por todo o lado. Novas pistas deste passado tumultuoso vêm do cinturão de asteróides. "Nós descobrimos que os planetas gigantes abalaram os asteróides como flocos num globo de neve," realça a autora principal Francesca DeMeo, pós-doutorada Hubble no Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica. Milhões de asteróides orbitam o Sol entre Marte e Júpiter, numa região conhecida como o cinturão principal de asteróides. Tradicionalmente, foram vistos como peças de um planeta impedido de se formar pela poderosa influência da gravidade de Júpiter. As suas composições pareciam variar de mais seco para mais úmido, devido à queda na temperatura à medida que nos afastamos do Sol. Esta visão tradicional mudou quando os astrônomos reconheceram que os atuais moradores do cinturão principal de asteróides não estavam lá todos desde o início. No início da história do nosso Sistema Solar os planetas gigantes "estavam loucos", migrando substancialmente para dentro e para fora. Júpiter pode ter estado à distância que Marte está hoje do Sol. No processo, varreu quase totalmente o cinturão de asteróides, deixando apenas um décimo de um por centro da sua população original. À medida que os planetas migravam, agitavam o conteúdo do Sistema Solar. Objetos próximos do Sol, à distância de Mercúrio, e objetos longínquos, à distância de Netuno, foram agrupados no cinturão principal de asteróides. "O cinturão de asteróides é uma mistura de objetos oriundos de vários locais," explica DeMeo. Usando dados do SDSS (Sloan Digital Sky Survey), DeMeo e o co-autor Benoit Carry (Observatório de Paris) examinaram as composições de milhares de asteróides no cinturão principal. Eles descobriram que o cinturão de asteróides é mais diversificada do que se pensava anteriormente, especialmente quando estudamos os asteróides menores. Este achado tem implicações interessantes para a história da Terra. Os astrônomos teorizaram que impactos de asteróides, há muito tempo atrás, entregaram a maior parte da água que hoje preenche os oceanos da Terra. A ser verdade, a agitação fornecida pela migração dos planetas pode ter sido essencial para levar estes asteróides até à Terra. Isto levanta a questão se um exoplaneta tipo-Terra também exigiria uma chuva de asteróides para trazer água e torná-lo habitável. Se sim, então estes mundos semelhantes à Terra podem ser mais raros do que pensávamos. O artigo que descreve estes resultados apareceu na edição de 30 de Janeiro da revista Nature.

Créditos: Astronomia On-line

Nenhum comentário:

Postar um comentário