Se há uma coisa que podemos dizer sobre a missão da Curiosity em Marte até agora, é que ela não tem sido nada chata. A sonda espacial já capturou milhares de fotografias de rochas marcianas e a rica diversidade da paisagem do planeta vizinho tem proporcionado muitos belos exemplos de geologia planetária – e outros tantos exemplos de esquisitices. A última que veio a público foi que em uma das fotos tiradas em território marciano, aparece uma bola estranha. Não há nada estranho em uma esfera, em si. O estranho é ela estar lá em Marte. Veja este exemplo recente da câmera fotográfica do Laboratório de Ciência de Marte, que foi enviado para o arquivo de fotos da missão em 11 de setembro. Ao compilar um mosaico de imagens da paisagem circundante, a sonda espacial Curiosity capturou essa bola, que é uma forma bastante peculiar para o solo rochoso de Marte. Como você pode ver, há uma esfera perfeita lindamente assentada sobre uma superfície de pedra plana. O solo é empoeirado, mas, pela foto, parece que a bola é mais escura do que a rocha circundante. À primeira vista, parece uma bola de canhão ou, talvez, uma bola de golfe bem suja. Mas se a gente considerar que Marte não é muito conhecido por colecionar troféus nesse esporte, provavelmente há uma outra resposta para o aparecimento dessa forma estranha. É claro que não é nada esculpido à mão (por um humano ou alienígena), apesar de essa possibilidade estar louca para entrar na sua lista. Na verdade, é apenas mais um tipo de rocha fascinante de Marte. Sim, é uma rocha esférica. Segundo os cientistas da NASA, a bola não é tão grande quanto parece – ela tem cerca de um centímetro de largura. A explicação mais provável é que tenha acontecido um fenômeno conhecido como “concreção” (em tradução livre). Outros exemplos de “concreções” já foram encontrados na superfície marciana antes, como pequenas concreções de hematita, observadas durante a missão Opportunity, em 2004. Essas foram criadas durante a formação de uma rocha sedimentar quando Marte tinha uma quantidade abundante de água no estado líquido, milhões de anos atrás. Até agora, todos sabemos que Marte costumava ser muito mais úmido do que é agora. A própria Curiosity já explorou lugares que os cientistas entendem que eram lagos – justamente porque são territórios marcados por camadas de rochas sedimentares. Mas como eles sabem que a rocha sedimentar é típica de um lugar que tem (ou tinha) água? Bom, na Terra, a rocha sedimentar é formada através da interação entre água no estado líquido e material de depósito, que se acumula no fundo do solo – por isso, as camadas são típicas desse tipo de rocha. O mesmo processo ocorreu também em Marte. No recém-formado solo de rochas sedimentares, poros são inevitavelmente criados e os minerais se infiltram nesses poros, construindo gradualmente uma massa resistente à erosão. Ao longo do tempo, como a rocha sedimentar mole sofre erosão, a concretização vai acontecendo e ficando nas camadas mais baixas. Esta pequena esfera é um exemplo de rocha que surgiu a partir da rocha sedimentar subjacente que foi corroída ou, talvez, que rolou de algum outro lugar ao longo do tempo. Agora que a Curiosity atingiu a base do Aeolis Mons (também conhecido como Monte Sharp), os cientistas estão animados para a próxima rodada de operações de perfuração nas formações rochosas. Amostras em pó serão analisadas para que possamos ter uma idéia sobre o quão habitável o Planeta Vermelho foi ao longo de sua história antiga, e se ele foi ou não capaz de suportar vida microbiana.
Créditos: Cienctec
Créditos: Cienctec
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