terça-feira, 17 de setembro de 2019

Buraco negro da Via Láctea está ficando mais "faminto", dizem astrônomos

O buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, Sagittarius A*, parece estar ficando mais "faminto". Os astrônomos que monitoram o objeto descobriram que, no ano passado, o fenômeno consumiu matéria como nunca antes, segundo um artigo publicado no The Astrophysical Journal Letters.
"Nunca vimos algo assim nos 24 anos em que estudamos o buraco negro supermassivo. Geralmente, é um buraco negro fraco e frágil em uma 'dieta'. Não sabemos o que está motivando esse grande banquete", disse Andrea Ghez, coautora da pesquisa, em comunicado.
A equipe analisou mais de 13 mil registros de observação do fenômeno de 133 noites diferentes desde 2003. As imagens foram feitas pelo Observatório Keck no Havaí e pelo Telescópio Muito Grande do Observatório Europeu do Sul, no Chile.
Dessa forma, os especialistas descobriram que, em 13 de maio, a área externa do "ponto sem retorno" do buraco negro (assim chamada porque quando a matéria é sugada por essa parte do evento não pode mais escapar) era duas vezes mais brilhante que a observação mais luminosa feita até então.
Vale lembrar que o próprio buraco negro não pode ser visto, pois, como atua como uma via de mão única que suga tudo o que vê pela frente, nem a luz consegue escapar. Entretanto, é possível detectar a radiação de gás e poeira situadas fora do "horizonte do evento", o que permite a captura desse brilho pelos pesquisadores.
“A grande questão é se o buraco negro está entrando em uma nova fase”, disse Mark Morris, coautor sênior do artigo. Ele acredita que, se esse for o caso, o tamanho do fenômeno aumentou, o que fez crescer também seu poder de "sucção". Outra idéia do professor é a de que um gás incomum tenha sido atraído para o fenômeno, resultando na emissão de mais brilho.
Morris afirmou que outras possibilidades incluem a atração de grandes asteróides para o buraco negro, ou até a aproximação da estrela S0-2 do fenômeno, que lançaria uma grande quantidade de gás e atingiria o buraco negro.
Há também a hipótese que envolve um objeto bizarro conhecido como G2. Ele se aproximou do buraco negro em 2014 e provavelmente é um conjunto binário de estrelas. Para Ghez, é possível que o buraco tenha sugado a camada externa desse objeto, resultando em um aumento na luminosidade do lado de fora.
Os pesquisadores pretendem continuar observando o buraco negro para tentar entender o que está acontecendo. "Queremos saber como os buracos negros crescem e afetam a evolução das galáxias e do universo", afirmaram. "Queremos saber por que o buraco supermassivo fica mais brilhante e como fica mais brilhante."

Créditos: Galileu

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