terça-feira, 17 de setembro de 2019

Cometa recém-descoberto é provavelmente visitante interestelar

Um cometa recém-descoberto empolgou a comunidade astronômica a semana passada porque parece ter tido origem fora do Sistema Solar. O objeto - designado C/2019 Q4 (Borisov) - foi descoberto no dia 30 de agosto de 2019 por Gennady Borisov no Observatório MARGO em Nauchnij, Crimeia. A confirmação oficial de que o Cometa C/2019 Q4 é um cometa interestelar ainda não foi feita, mas se for interestelar, seria apenas o segundo objeto detectado dessa classe. O primeiro, 'Oumuamua, foi observado e confirmado em outubro de 2017.
O novo cometa, C/2019 Q4, ainda está a dirigir-se em direção ao Sol, mas permanecerá para lá da órbita de Marte e não chegará a menos de 300 milhões de quilômetros da Terra.
Após as detecções iniciais do cometa, o sistema Scout, localizado no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia, sinalizou automaticamente o objeto como possivelmente interestelar. Davide Farnocchia do CNEOS (Center for Near-Earth Object Studies) da NASA, no JPL, trabalhou com astrónomos e com o NEOCC (Near-Earth Object Coordination Center) da ESA em Frascati, Itália, para obter observações adicionais. Trabalhou de seguida com o Centro de Planetas Menores em Cambridge, Massachusetts, para estimar a trajetória precisa do cometa e determinar se teve origem dentro do nosso Sistema Solar ou se veio de outro lugar da Galáxia.
Atualmente, o cometa está a 420 milhões de quilômetros do Sol e vai alcançar o seu ponto mais próximo, ou periélio, no dia 8 de dezembro de 2019, a uma distância de 300 milhões de quilômetros.
"A velocidade atual do cometa é alta, cerca de 150.000 km/h, bem acima das velocidades típicas de objetos que orbitam o Sol a essa distância," disse Franocchia. "A alta velocidade indica não apenas que o objeto provavelmente teve origem fora do nosso Sistema Solar, mas também que irá sair e voltar para o espaço interestelar."
Atualmente numa trajetória de entrada, o cometa C/2019 Q4 está a dirigir-se para o Sistema Solar interior. No dia 26 de outubro, passará pelo plano da eclíptica - o plano no qual a Terra e os outros planetas orbitam o Sol - vindo de cima, aproximadamente a um ângulo de 40 graus.
C/2019 Q4 foi estabelecido como sendo cometário devido à sua aparência difusa, o que indica que o objeto tem um corpo central gelado que está a produzir uma nuvem circundante de poeira e partículas à medida que se aproxima do Sol e aquece. A sua localização no céu (a partir do ponto de vista da Terra) coloca-o perto do Sol - uma área do céu geralmente não examinada por grandes levantamentos terrestres de asteróides ou pela sonda caçadora de asteróides NEOWISE da NASA
C/2019 Q4 só poderá ser observado com telescópios profissionais nos próximos meses. "O objeto terá o seu pico de brilho em meados de dezembro e continuará a ser observável com telescópios de tamanho médio até abril de 2020," acrescentou Farnocchia. "Depois, só será observável com telescópios profissionais maiores até outubro de 2020."
As observações concluídas por Karen Meech e pela sua equipe na Universidade do Hawaii indicam que o núcleo do cometa tem entre 2 e 16 quilômetros em diâmetro. Os astrônomos vão continuar a recolher observações para caracterizar ainda mais as propriedades físicas do cometa (tamanho, rotação, etc.) e vão também continuar a melhor identificar a sua trajetória.

Créditos: Astronomia On-line

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