Um veículo robótico da Terra perfurou com sucesso uma rocha marciana pela primeira vez e expôs material alienígena primitivo para análise científica. O rover Curiosity, com o tamanho de um carro, deliberadamente mergulhou a sua broca na ponta do seu braço robótico de 2,1 metros num afloramento de rochas que possuem veias de minerais hidratados, situado dentro de uma bacia rasa chamada Yellowknife Bay, onde a água fluiu repetidamente. "Foi feito o teste de perfuração. A missão tem sido espetacular até agora," afirma o Dr. Jim Green, diretor da Divisão de Ciências Planetárias da NASA. "A área é tremendamente excitante." E o que é ainda mais surpreendente é que, à medida que o Curiosity perfurava a rocha, parecia que as resultantes vibrações também, simultaneamente, desvendavam uma veia escondida de material esbranquiçado que pode ser sulfato de cálcio - quando o solo marciano tremeu e uma fina camada de solo com cor de ferrugem visivelmente se desalojava. O rover está a trabalhar num lugar chamado Gleneg - onde a água líquida fluiu há muito tempo atrás através da superfície do Planeta Vermelho. "Esta área é realmente rica, com todas estas fendas nas rochas e veias. É realmente fabuloso," afirma Green. "A aterragem foi um feito de engenharia que nos permitiu fazer toda esta ciência maravilhosa." A perfuração é essencial para alcançar a meta do Curiosity em determinar se Marte já teve um ambiente favorável à vida microbiana, passada ou presente. A broca penetrou apenas uns milímetros de profundidade no interessante afloramento chamado 'John Klein', como planejado durante os testes de perfuração executados dia 31 de Janeiro e dia 2 de Fevereiro (Sol 174 e 176), elaborou Green. Os resultados foram confirmados em novas imagens capturadas pelo Curiosity ao longo dos últimos dias, que viajaram até à Terra este fim-de-semana passado ao longo de milhões de quilômetros de espaço interplanetário. Várias câmeras - incluindo a câmera microscópica de alta-resolução MAHLI na torre do braço robótico - fotografaram o antes e o depois do terreno para avaliar o sucesso da manobra de perfuração. O instrumento APXS (Alpha Particle X-Ray Spectrometer) foi também colocado em contato com o solo para determinar a composição química da rocha, do possível sulfato de cálcio na veia e investigar o seu estado de hidratação. O teste da broca marca um feito histórico da exploração espacial. Os rovers Spirit e Opportunity da NASA desgastaram com sucesso inúmeras rochas, mas não estão equipados com brocas penetrantes ou instrumentos de aquisição e análise de amostras. Durante este teste inicial, a broca de alta tecnologia do Curiosity foi usada apenas em modo de percussão - martelando para a frente e para trás como um cinzel. Não foram recolhidas amostras. A broca de 16 mm de largura será rodada em testes futuros para perfurar diferentes buracos. Green realça que a equipe científica e de engenharia do Curiosity diz que este teste inicial será em breve acompanhado por exames mais complexos que irão diretamente levar à perfuração interior de uma rocha para a primeira recolha e análise de novo material rochoso. "Os resultados dos testes de perfuração parecem bons até agora," afirma Green. "Dependendo da análise, é possível que o furo do teste inicial seja mais perfurado muito em breve. A recolha de amostras segue-se depois." A equipe científica e de engenharia têm "cuidado extremo", afirma Green, em lentamente e metodicamente verificar a broca complexa. "Estamos motivados para trabalhar de forma gradual para tudo correr conforme o previsto," elabora Green. "A perfuração tem que ser feita com cuidado. Estamos ainda em modo de testes e a broca é o último dos 10 instrumentos do Curiosity a ser totalmente testado." O Curiosity pode perfurar rochas até uma profundidade de 5 cm. Em última análise, uma amostra de material com o tamanho de metade de uma aspirina será entregue ao SAM e aos laboratórios análiticos do CheMin no convés do Curiosity. "A perfuração tem corrido muito bem até agora e estamos fazendo grandes progressos com os primeiros passos," afirma John Grotzinger, cientista do projecto Curiosity. A perfuração vai ao coração da missão. As amostras recolhidas serão analisadas pela dupla de espectrômetros para determinar a sua composição química e se moléculas orgânicas - os blocos de construção da vida - estão presentes. O veículo de 1 tonelada via passar pelo menos algumas semanas ou mais investigando Yellowknife Bay e Gleneg - que fica na junção de três tipos diferentes de terreno geológico. Depois, o mega rover de seis rodas irá partir numa viagem de quase um ano até ao seu destino principal - as camadas sedimentares da base do Monte Sharp com 5 km de altura. O Monte Sharp está atualmente a 10 km de distância.
Fonte: Astronomia On-line
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