quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Estrela MWC 922 e Nebulosa Quadrado Vermelho


No dia 11 de abril, um grupo de astrônomos anunciou em Pasadena, na Califórnia, a descoberta de um novo membro para o panteão de bonitos e exóticos objetos celestes. Batizado de "Quadrado Vermelho" por Peter Tuthill, responsável da equipe. O que pode causar uma nebulosa parecer quadrada? Ninguém sabe. O quente sistema estelar, conhecido como MWC 922, no entanto, parece estar embebido numa nebulosa com tal forma. A imagem acima combina exposições no infravermelho a partir do Telescópio Hale no Monte Palomar, Califórnia, com as do Telescópio Keck-2 no Mauna Kea, Hawaii. Uma hipótese para a nebulosa quadrada diz que a estrela ou estrelas centrais de alguma maneira expeliram cones de gás durante uma fase avançada do seu desenvolvimento. Para MWC 922, estes cones parecem incorporar ângulos quase direitos e são visíveis dos lados. Evidências para esta teoria incluem raios na imagem que podem correr ao longo das paredes dos cones. Os cientistas especulam que os cones vistos de outro ângulo pareceriam semelhantes aos anéis da supernova 1987A (futura postagem), possivelmente indicando que uma estrela em MWC 922 poderia um dia explodir e formar uma supernova do gênero. A descoberta foi publicada na edição da Science de dia 13 de Abril, sob o título "Uma nebulosa bipolar simétrica em torno de MWC 922", artigo escrito por Tuthill, da Universidade de Sydney, e por James Lloyd, da Universidade de Cornell. Segundo Tuthill, "Uma descoberta tão bonita e interessante como esta não surge com muita regularidade em astronomia. Foi necessário utilizar em simultâneo alguns dos mais avançados telescópios do mundo e juntar uma dose de sorte, para conseguir encontrar esta jóia escondida por entre a miríade de estrelas. Para que tal possa suceder, é necessário que o objeto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efetivas, cores, idades e composição química. "A chave para encontrar a nebulosa está na nova e revolucionária técnica de imagem com recurso à ótica adaptativa, que atua como uma espécie de cura para a miopia de um telescópio," concorda Lloyd. "Imagens inicialmente com pouca resolução, conseguem agora revelar, distintamente, objetos como este." O par de astrônomos estava estudando uma estrela quente, MWC 922, localizada na constelação da Serpente. A imagem apresentada é uma combinação de dados obtidos no infravermelho próximo. Esta banda permite observar astros ou fenômenos com temperaturas entre 466 e 5.000°C. "O que realmente nos corta a respiração é o extraordinário grau de simetria apresentado pelas intrincadas formas lineares," disse Tuthill. "Se dobrarmos a imagem ao longo do eixo diagonal principal, obtemos uma reflexão simétrica quase perfeita. Quando comparado com objetos de idêntica complexidade, este fato torna a nebulosa do Quadrado Vermelho o objeto mais simétrico já observado." Toda a arquitectura de ambas as cavidades cônicas opostas entre si (normalmente conhecidas em astronomia como "nebulosa bipolar"), é vista como estando adornada de uma notória sequência de barras lineares bem definidas. Esta série de barras e superfícies cônicas ficam alinhadas, cada uma dentro da outra, até o interior do coração do sistema, onde as superfícies bicônicas hiperbólicas são atravessadas por uma faixa negra, ao longo do eixo principal. Um detalhe particularmente fascinante nesta imagem são as séries de raios radiais, tal como os dentes de um pente, que apontam para fora a partir do centro. "Estruturas como estas são raramente observadas em nebulosas e, o elevado grau de regularidade deste caso, pode apontar-nos a intrigante possibilidade de que aquelas bandas possam ser sombras projetadas por ondas na superfície de um disco interior, próximo da estrela, junto ao coração do sistema," diz James Lloyd. No entanto, o mais importante fato para a astronomia, decorre da estrutura tridimensional implicada nas imagens do Quadrado Vermelho.

Créditos: Telescópio Hale, Observatório Keck, Revista Science & Portal do Astrónomo

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