sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Aglomerado de galáxias Abell 2667


Com o auxílio do telescópio espacial Hubble e de vários outros telescópios terrestres e espaciais, os astrônomos foram capazes de observar uma galáxia sendo "desfeita" pela ação do campo gravitacional de um aglomerado de galáxias. Esta descoberta fornece algumas pistas sobre o processo misterioso pelo qual galáxias espirais ricas em gás podem eventualmente evoluir para galáxias irregulares ou elípticas, pobres em gás, no decorrer de milhares de milhões de anos. As novas observações também fornecem uma explicação para o mecanismo que faz com que milhões de estrelas "vagabundas" sejam observadas espalhadas pelos aglomerado de galáxias. No Universo existem muitas galáxias de formas e tamanhos variados. Aproximadamente metade destas são galáxias elípticas pobres em gás e que possuem pouca formação estelar. A outra metade compõe-se de galáxias espirais e irregulares, ricas em gás e que apresentam uma taxa de formação estelar elevada. Observações realizadas mostraram que as galáxias pobres em gás são normalmente encontradas perto do centro de aglomerado de galáxias, enquanto que as galáxias
ricas em gás encontram-se na sua maioria em isolamento. Observações profundas do Universo colocaram um mistério aos cientistas. Quando o Universo tinha metade da sua idade atual, apenas uma em cinco galáxias eram pobres em gás. Sendo assim, como se originaram todas as galáxias pobres em gás observadas nos dias de hoje? Astrônomos suspeitam que tenha ocorrido algum tipo de processo de transformação, mas como a evolução de uma galáxia ocorre durante milhares de milhões de anos, não foi ainda possível observar a ocorrência destas transformações. Ao observar o aglomerado de galáxias Abell 2667, uma equipe de cientistas obteve um dos melhores exemplos, até a data, destas transformações. Os astrônomos descobriram uma galáxia espiral que se move através do aglomerado Abell 2667, após ter sido acelerada até pelo menos 3,5 milhões Km/h, por ação do enorme campo gravítico combinado da matéria escura, do gás quente e de centenas de galáxias presentes no enxame. Nesta imagem é bem visível o enorme campo gravitacional deste enxame, que faz com que a forma de outras galáxias mais distantes apareça distorcida. O arco em forma de banana observado ligeiramente à direita do centro do enxame, corresponde à imagem distorcida de uma galáxia distante. Atente-se agora no canto superior esquerdo desta imagem. É possível observar uma galáxia espiral, de cor azulada, acompanhada de perto por algumas estruturas globulares, também azuladas. De fato, esta galáxia está atravessando o aglomerado Abell 2667 e, à medida que o faz, o seu gás e estrelas são arrancados e dispersos pela ação das forças de maré exercidas pelo enxame. A pressão do gás quente existente no enxame, que atinge temperaturas entre os 10 e os 100 milhões de graus Celsius, é outro fator que contribui para a "destruição" da galáxia. Vemos que, à medida que viaja dentro do enxame (da parte inferior esquerda para a parte superior direita da imagem), a galáxia vai deixando para trás estruturas azuladas que correspondem a "pedaços" do seu material, ricos em gás, onde existe formação estelar. O fato de ambos os processos descritos, as forças de maré e a pressão do gás quente, serem semelhantes aos processos que afetam os cometas no Sistema Solar levou os astrônomos a darem a esta galáxia, situada a 3,2 bilhões de anos-luz da Terra, o apelido de "Galáxia Cometa". O fato de milhões de estrelas terem sido arrancadas da galáxia anfitriã, faz com que esta acabe por envelhecer prematuramente. Embora a sua massa seja ligeiramente superior à da Via Láctea, a galáxia irá inevitavelmente perder todo o seu gás e poeira. Isto fará com que este objeto perca a capacidade de formar novas estrelas e acabará por se tornar uma galáxia pobre em gás com uma população velha de estrelas vermelhas. No entanto, no meio desta destruição em decurso, as forças gravíticas fortes do enxame originaram
uma última explosão de formação estelar na galáxia condenada. Os cientistas estimam que a duração total do processo de transformação rondará um bilhão de anos. As imagens obtidas com o auxílio do Hubble, mostram a galáxia numa altura em que já passaram aproximadamente 200 milhões de anos desde o início do processo.


Créditos: Hubble & Astronovas

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