terça-feira, 27 de outubro de 2009
Uma "agressão" cósmica no sistema 3C321
Com o auxílio de vários observatórios espaciais e terrestres, uma equipe de astrônomos testemunhou, pela primeira vez, um fenômeno de incomparável violência galática. Dados provenientes de vários observatórios revelaram uma galáxia sofrendo o efeito devastador de um jato poderoso, proveniente de um buraco negro super-massivo localizado no centro de uma galáxia vizinha. As duas galáxias, a "agressora" e a "vítima", orbitam em torno de um centro de massa comum e constituem um sistema designado por 3C321. Dados obtidos com o auxílio do telescópio espacial de raios-X Chandra, revelam que ambas as galáxias do 3C321 possuem buracos negros super-massivos no seu centro. A galáxia "agressora", de maior dimensão, apresenta também um jato poderoso que teve origem na atividade do seu buraco negro. Aparentemente a galáxia de menor dimensão teria atravessado o caminho deste jato, tornando-se assim vítima do seu efeito devastador. A imagem à esquerda é uma composição de 4 imagens em comprimentos de onda diferentes, obtidas pelos telescópios espaciais Chandra (raios-X) e Hubble (visível e ultravioleta) e, pelos telescópios terrestres VLA e MERLIN (rádio). Pode-se ver na imagem o jato (azul) proveniente da galáxia de maior dimensão, no canto inferior esquerdo, colidindo com a extremidade da galáxia menor. O impacto do jato com a pequena galáxia faz com que ela desvie e se disperse. A imagem à direita é uma ilustração artística do mesmo sistema. Os astrônomos já tinham observado vários jatos originados pela atividade de buracos negros, no entanto nunca tinham observado um destes jatos colidindo com outra galáxia. Este acontecimento poderá ter inúmeras consequências para a galáxia vítima deste embate. Os jatos provenientes de buracos negros super-massivos produzem grandes quantidades de radiação energética, principalmente raios-X e raios gama, que podem ser extremamente destruidores. Os efeitos combinados desta radiação e das partículas constituintes do jato, que viajam a velocidades próximas da velocidade da luz, podem levar à destruição a atmosfera de planetas que se encontrem no caminho do jato. Acredita-se no entanto, que nem todas as consequências arruinaram a galáxia atingida pelo jato. O grande fluxo de radiação e as ondas de choque geradas pelo jato poderão também induzir a formação de um grande número de estrelas e planetas, após uma fase inicial mais destruidora. Sabe-se que os jatos provenientes de buracos negros super-massivos transportam quantidades enormes de energia muito para além do seu local de origem, e frequentemente muito para além da galáxia onde são formados. Sabe-se também que estes jatos são observados por todo o universo, pelo que a compreensão dos mecanismos que os originam e que regem os seus efeitos a larga escala é hoje um dos maiores objetivos da astrofísica moderna. A nova descoberta permite aos astrônomos estudar o comportamento destes jatos perante uma colisão com outro objeto - neste caso, uma outra galáxia. As duas galáxias do sistema 3C321 encontram-se extremamente próximas. A distância que separa uma da outra é sensivelmente a mesma distância a que a Terra se encontra do centro da Via Láctea - cerca de 20 mil anos-luz. Devido à proximidade dos dois objetos, o jato proveniente de uma das galáxias tem um efeito significativo na galáxia companheira. Um dos aspectos únicos desta descoberta é o fato de o tempo de vida deste evento ser relativamente curto numa escala de tempo cósmica. As observações efetuadas pelo telescópio VLA (Very Large Array) e pelo Chandra, indicam que a colisão do jato com a galáxia vizinha teve início há apenas 1 milhão de anos, o que corresponde a uma pequena fração do tempo de vida do sistema. A raridade de tal evento no universo próximo, faz do 3C321 uma oportunidade única para o
estudo desta "agressão cósmica". Felizmente o objeto 3C321 está bem longe de nós, 1,4 bilhões de anos-luz.
Créditos: Chandra, Hubble & Astronovas
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