sábado, 31 de julho de 2010

Spitzer descobre 14 das estrelas mais frias já encontradas no Universo


Astrônomos descobriram o que pode ser as 14 estrelas mais frias conhecidas no nosso Universo. Essas estrelas, chamadas de anãs marrons são tão frias e apagadas que são impossíveis de serem observadas com telescópios tradicionais que capturam a luz visível emitida pelos astros. A visão infravermelha do Telescópio Spitzer foi capaz de capturar o brilho extremamente fraco dessas estrelas. As anãs marrons juntam-se somente a uma quantidade de astros que podem ser contados com os dedos de uma mão. Os novos objetos possuem temperaturas entre 200° e 400° Celsius. Esses objetos frios ficaram escondidos por anos, mas irão aos poucos começar a sair da escuridão em pequenas porções. A missão da NASA designada de Wide-field Infrared Survey Explorer, ou WISE, que está vasculhando todo o céu no comprimento de ondas do infravermelho, espera encontrar centenas de objetos similares a esses, e até mesmo objetos mais frios. A missão WISE está pesquisando um volume do espaço 40 vezes maior do que a região vasculhada pelo Spitzer, que concentra sua busca em uma região da constelação de Boieiro. O Spitzer foi desenvolvido para pesquisar porções do céu em detalhe, enquanto que o WISE está fazendo esse trabalho numa escala muito maior de todo o céu. “A missão WISE está olhando para todos os lados, então as anãs marrons mais frias irão começar a aparecer ao nosso redor em breve”, disse Peter Eisenhardt, cientista de projeto da missão WISE. “É possível, com esse tipo de pesquisa encontrar uma anã marrom fria mais próxima da Terra do que a estrela Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol conhecida até hoje”. As anãs marrons se formam como as estrelas, ou seja, do colapso de bolas de gás e poeira, mas em comparação com as estrelas tradicionais elas são bem menores, e por isso não conseguem coletar massa suficiente para iniciar o processo de fusão nuclear gerando o brilho. As menores anãs marrons conhecidas possuem massa entre 5 e 10 vezes maiores do que o planeta Júpiter. Como a massa desse tipo de estrela é restrita, elas não possuem calor suficiente para se manterem e então esfriam. A primeira confirmação de uma anã marrom aconteceu em 1995. “As anãs marrons se parecem com planetas em vários aspectos, mas elas estão isoladas”, disse o astrônomo Daniel Stern, co-autor do artigo sobre o Spitzer. “Por esse motivo esse tipo de objeto desperta tanto o interesse dos pesquisadores, por serem consideradas pequenos laboratórios para se realizar estudos de corpos com massas planetárias”. A maioria das novas anãs marrons encontradas pelo Spitzer pertencem a classe mais fria de anãs marrons, conhecidas como anãs T, que são definidas como tendo temperatura inferior a 1230° Celsius. Um dos objetos observados parece ser ainda mais frio pertencendo ao grupo de anãs Y, uma classe proposta para as estrelas mais frias conhecidas. As classes T e Y são parte do maior sistema de classificação de estrelas, por exemplo, nessa classificação as estrelas mais quentes são do tipo O, e o nosso Sol pertence ao grupo G. “Modelos indicam que possa existir uma nova classe inteira de estrelas, as anãs Y, que ainda não foram encontradas”, disse o co-autor do trabalho Davy Kirkpatrick. “Se esses objetos existem mesmo a missão WISE irá encontrá-los”. Kirkpatrick é um especialista em anãs marrons, ele que foi o responsável por criar as classes L, T e Y para os tipos de estrelas mais frias existentes. Kirkpatrick disse que é possível para a missão WISE encontrar um objeto do tamanho de Netuno coberto de gelo nos cantos mais remotos do Sistema Solar, milhares de vezes mais distante que a distância entre o Sol e a Terra. Existe uma especulação entre os cientistas que um corpo frio, se ele existir, poderia ser uma anã marrom, companheira do Sol. Esse hipotético objeto já tem até nome e se chamaria Nemesis. “Nós estamos chamando agora essa hipotética anã marrom de Tyche, o benevolente companheiro de Nemesis”, disse Kirkpatrick. “Embora o que existam sejam somente evidências limitadas para sugerir a presença de um corpo desses em uma órbita estável ao redor do Sol, a missão WISE deve ser capaz de encontrá-lo ou definitivamente negar essa hipótese”. Os 14 objetos encontrados pelo Spitzer estão a centenas de anos-luz de distância, muito longe e apagados para serem detectados por telescópios baseados na Terra utilizando a tradicional técnica da espectroscopia. Mas a presença desses corpos implica que devem existir centenas deles em uma distância de até 25 anos-luz do Sol. Pelo fato da missão WISE estar vasculhando todas as direções do céu ela encontrará esses objetos perdidos, os quais devem estar localizados a distâncias menores, capazes de serem então comprovados via espectroscopia. É possível que a missão WISE encontre mais anãs marrons em uma distância de 25 anos-luz do Sol do que o número de estrelas conhecidas hoje no universo. “A WISE está aí para transformar nossa visão sobre a vizinhança do sistema solar”, disse Eisenhardt. “Nós vamos estudar esses vizinhos em detalhe e em algum deles podemos encontrar um sistema planetário mais próximo do nosso”. O ponto vermelho no centro da imagem é a anã marrom batizada de SDWFS J143524.44+335334.6, uma das 14 estrelas mais geladas já encontradas no Universo, com temperatura de cerca de 400º C.

Créditos: Spitzer

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