segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A estrela de Belém

Desde sempre, muita gente tem tentado dar uma explicação científica para o aparecimento de uma estrela no céu e que ainda por cima indicasse o caminho até o local do nascimento de Jesus. Vários historiadores e arqueoastrônomos têm tentado correlacionar essa descrição bíblica com algum evento astronômico que tenha ocorrido na mesma época. E então? Para começo de conversa ninguém sabe ao certo quando Cristo nasceu. Acredita-se que teria sido em um ano anterior a 4 a.C.. A própria data de 25 de dezembro é controversa e não deve corresponder à data verdadeira. Ela foi convenientemente escolhida pela igreja para coincidir com uma festa pagã em honra ao Sol. Vinte e cinco de dezembro é bem próximo do solstício de inverno no hemisfério norte. Historiadores e especialistas apontam o mês de agosto como o mais provável e algo em torno do dia 21. Tudo isso baseado em relatos bíblicos pouco precisos que não são registros históricos confiáveis. Para tentar encontrar algum evento astronômico que possa ter alguma ligação com essa estrela, é necessário que saibamos com boa precisão a data em que ela teria aparecido. Os principais suspeitos são: um cometa, uma explosão de supernova ou nova ou ainda uma conjunção de planetas. Seja lá qual evento tenha ocorrido, ele deve ter sido transitório, mas com alguns dias de duração e visível a olho nu na região da Judéia. Cometas seriam a explicação ideal, já que eles aparecem “de repente”, ficam pouco tempo no céu e ainda por cima têm um aspecto de estrela com cauda. Durante algum tempo, o cometa Halley foi associado com a estrela de Belém, mas cálculos de sua órbita mostram que ele teria passado no ano 12 a.C., muito antes do nascimento de Cristo. Essa hipótese era bem popular no século XVI e na “Adoração dos Magos”, de Giotto, a Estrela de Belém é retratada como o Halley. Nenhum dos cometas conhecidos e catalogados teria passado com brilho suficiente para serem detectado a olho nu entre os anos 7 a.C. e 2 d.C.. Se fosse mesmo um cometa, ele teria de ser um desses esporádicos, sem órbita periódica ou que tenha sido destruído em algum momento. Não há relatos de novas ou supernovas visíveis durante essa época, apesar de chineses relatarem o aparecimento de um novo astro no ano de 5 a.C.. Mas esses relatos não são precisos o suficiente nem para dizer se era uma nova/supernova ou sequer um cometa e mesmo assim a data é muito fora do que se acredita que tenha sido o ano do nascimento. Ainda assim, conheço alguns astrônomos que já tentaram encontrar um remanescente de supernova, ou seja, uma estrela de nêutrons ou um buraco negro, na posição mais suspeita de ter ocorrido uma explosão dessas. Esses remanescentes de supernova podem ser encontrados com telescópios de raios-X ou rádio telescópios, mas nada foi achado até agora. Já as conjunções entre planetas ou entre planetas e estrelas brilhantes aconteceram com alguma frequência durante esse período. Entretanto, em nenhuma delas os astros se aproximaram tanto no céu para que pudessem ser confundidos com um astro só, como se formassem uma única estrela brilhante. Como conclusão, do ponto astronômico, não há nada que possa indicar um fenômeno ou ocorrência que possam ser associados à aparição de uma estrela guia. Talvez essa estrela seja mais uma metáfora bíblica que possa significar uma interpretação de tradições religiosas, ou que tenha dado ao nascimento de Cristo uma posição no céu. Mas disso não posso falar muito.

Créditos: G1 - Observatório

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