quinta-feira, 25 de março de 2010

Supernova SN 1987A


Na manhã de 24 de fevereiro de 1987, às 4h08, e logo depois as 7h09, o assistente de noite com o Oscar Duhalde, do observatório americano de Lãs Campanas, no Chile e o astrônomo amador Albert Jones, em Nelson, Nova Zelândia, descobriram visualmente a supernova SN em 1987 A (essa letra que significa foi a primeira estrela do gênero descoberta este ano). Sua magnitude e visual aparente é de 4.5, o que significa que ela era facilmente visível a olho nu. Estava na Grande Nuvem de Magalhães, na constelação de Dourado, ao lado da Nebulosa da Tarântula. Nessa mesma manhã, às 5h05, o astrônomo canadense Ian Shelton, da Universidade de Toronto, em missão o Observatório de Lãs Campanas, identificou um novo objeto de sua placa fotográfica. Pensou que havia um defeito na emulsão, mais ao observar o céu como os próprios olhos verificou que havia descoberto a mais brilhantes supernova observada desde 1604. Em virtude de seu brilho, a SN 1987A constituiu uma festa para os habitantes do hemisfério sul, que tiveram a sorte de observar a olho nu as últimas luzes de uma estrela que desapareceu há aproximadamente 160 milênios. Como a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães - duas pequenas galáxias-satélites da nossa Via Láctea - estão situadas as cerca de e 165 mil anos-luz, podemos afirmar que a luz proveniente da explosão a que agora assistimos levou 165 mil anos para chegar até nós. Na realidade, assistimos, no dia 24 de fevereiro de 1987, a um evento cataclísmico que ocorreu na Grande Nuvem de Magalhães muito antes do aparecimento do Homo sapiens na Terra. As conseqüências científicas dessa descoberta são inimagináveis. Ela permitirá compreender, com mais exatidão, os processos cataclísmicos que se seguem à morte de uma estrela muito maciça. A determinação de seu brilho intrínseco tornará possível rever e calibrar as escalas das distâncias em todo o Universo e, em conseqüência, a sua idade. Por outro lado, os físicos e especializados em partículas elementares e os astrofísicos nunca tiveram tão boa oportunidade para estudar o infinitamente pequeno e o infinitamente grande como na ocasião da detecção, na superfície terrestre, dos primeiros neutrinos emitidos pela supernova há 165 mil anos. O registro trouxe informações da maior importância e sobre as propriedades (Massa, tempo de vida etc.) dessas partículas, bem como sobre o panorama teórico proposto para compreender a formação das estrelas de nêutrons. O neutrino é uma partícula elementar emitida pelos núcleos atômicos. A formação de um anel ou halo em torno das estrelas que explodem, as chamadas supernovas, é fato corriqueiro para os astrônomos. Eles sabem que, na explosão, uma enorme quantidade de matéria estelar é jogada no espaço e depois iluminada por uma luz milhões de vezes maior do que a emitida pelo Sol. Até aí, nenhuma novidade: com a supernova SN1987A, que explodiu em fevereiro de 1987, as coisas correram dentro da maior normalidade astronômica. Até que, em maio deste ano, o Telescópio Espacial Hubble revelou uma novidade: além do anel original, surgiram ao redor da SN1987A mais dois estranhos círculos de luz. Os anéis já tinham sido detectados por outro telescópio, o NTT, do Observatório Europeu. Instalado nos Andes chilenos, o NTT é o mais poderoso telescópio de superfície. Mas só as imagens bem mais nítidas de um telescópio espacial, como o Hubble, deram uma idéia clara do estranho fenêmeno. Aparentemente, os anéis são criados pela luz de uma outra estrela, que estaria iluminando a matéria expelida pela SN1987A. Essa sugestão foi feita por Christopher Burrows, do Instituto do Telescópio Espacial Hubble. Burrows observou que o brilho dos anéis parecia vir de um determinado ponto. Nesse ponto, ele descobriu uma estrelinha extremamente fraca, situada a cerca de 4 meses-luz (ou seja, a mais de 3 trilhões de quilômetros) da supernova. Pequena mas supercompacta, a estrelinha emite dois poderosos fachos de luz para o espaço. Um dos fachos sai do hemisfério norte e outro, do hemisfério sul do astro. Vistos da Terra, os dois anéis parecem estar lado a lado, mas, na verdade, um está mais próximo e outro mais afastado de nós. A estrelinha fica exatamente entre os dois. Como ela está girando muito rapidamente, os dois feixes luminosos varrem o espaço como os faróis marítimos varrem o mar. Mas isso só se torna visível quando a luz atravessa algo opaco. Neste caso, a luz encontrou a matéria expelida pela SN1987A, quando ela ainda era uma supergigante azul. Se a explicação estiver correta, os astrônomos esperam fantásticos efeitos especiais dentro de mais um ano. Aí, os gases lançados na própria explosão da SN1987A terão atingido em cheio a estrelinha, fornecendo ainda mais combustível para a liberação de energia na forma de luz pela estrelinha. Antes mesmo do inusitado espetáculo de luzes, a SN1987A já estava sob a mira dos telescópios. É que ela é a prova definitiva de algumas importantes teorias astronômicas, como a de que as chamadas supernovas são grandes estrelas que explodem. Este é o primeiro caso em que se conhecia a estrela inteira antes que ela explodisse. Até então, os astrônomos só tinham visto o brilho da explosão, sem saber o que havia no local antes disso.

Créditos: NASA & Superinteressante

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