sábado, 30 de março de 2019

2019 FB1

No próximo dia 31, o asteróide 2019 FB1 passará a apenas 587 mil km da Terra. O objeto se desloca a 8 km/s e tem cerca de 10 metros de comprimento.
2019 FB1 tem cerca de 2 mil toneladas e um volume estimado em 524 metros cúbicos. Se atingisse a Terra o asteróide liberaria energia equivalente a explosão de 13 kiloton de TNT.

Créditos: Apolo 11

sexta-feira, 29 de março de 2019

Astrônomos encontram sinais de planeta 13 vezes maior que Júpiter

Nas últimas três décadas, foram descobertos quase 4 mil objetos semelhantes a planetas situados fora do Sistema Solar - e por isso chamados de exoplanetas - orbitando estrelas isoladas. Já a partir de 2011, por meio do satélite Kepler, da agência espacial norte-americana (Nasa), foi possível observar os primeiros exoplanetas girando em torno de sistemas binários jovens, compostos por duas estrelas vivas, em cujos núcleos ainda há queima de hidrogênio.
Agora, um grupo de astrônomos brasileiros encontrou as primeiras evidências da existência de um exoplaneta ao redor de um sistema binário mais velho ou evoluído, em que uma das duas estrelas está morta.
"Conseguimos obter indicações bastante sólidas da existência de um exoplaneta gigante, com massa quase 13 vezes maior que a de Júpiter em um sistema binário evoluído. É a primeira confirmação de um exoplaneta em um sistema desse tipo", disse Leonardo Andrade de Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e primeiro autor do estudo.
Esses planetas gigantes turvam a fronteira entre estrelas e planetas porque se considera que, a partir de cinco vezes a massa de Júpiter já seria possível que um corpo celeste sustente a fusão nuclear que caracteriza as estrelas.
Os pesquisadores encontraram sinais da existência de um exoplaneta em um sistema binário evoluído chamado KIC10544976, localizado na constelação do Cisne, no hemisfério celeste norte, o que foi indicado pela variação no tempo do eclipse - o período em que um das estrelas binárias passa na frente da outra - e o ciclo de atividade magnética da estrela viva do sistema binário.
O sistema binário KIC10544976 é composto por uma anã branca - a estrela morta, menor e com alto brilho devido à sua temperatura superficial elevada - e uma anã vermelha - a estrela viva, com massa pequena em comparação à do Sol e baixa luminosidade. As duas estrelas foram monitoradas por telescópios terrestres entre 2005 e 2017 e pelo satélite Kepler entre 2009 e 2013, que geraram dados minuto a minuto.
"Esse sistema é único. Nenhum outro sistema similar possui dados suficientes que nos permitam calcular a variação do período orbital e o ciclo de atividade magnética da estrela viva," disse Leonardo.
Por meio dos dados obtidos pelo satélite Kepler foi possível estimar o ciclo magnético da estrela viva - a anã vermelha - pela frequência e energia das explosões nos campos magnéticos e pelas manchas na superfície da estrela associadas a essas ejeções de energia.
As análises dos dados indicaram que o ciclo de atividade magnética da anã vermelha é de 600 dias - o que está de acordo com os ciclos magnéticos medidos para estrelas isoladas de massa baixa. Já a variação do período orbital do sistema binário KIC10544976 foi de 17 anos.
"Isso afasta totalmente a hipótese de que a atividade magnética gere essa variação do período orbital. A explicação mais plausível é a presença de um planeta gigante ao redor desse sistema binário, com massa próxima a 13 vezes à de Júpiter," disse Leonardo.
Ainda não se sabe como o planeta em torno do sistema binário teria sido formado. Uma das hipóteses é a de que o objeto se desenvolveu ao mesmo tempo que as duas estrelas, há bilhões de anos. Nesse caso, seria um planeta de primeira geração. Outra hipótese é a de que foi gerado a partir do gás ejetado durante a morte da anã branca - sendo, portanto, um planeta de segunda geração e muito mais jovem.
A confirmação de que se trata de um planeta de primeira ou segunda geração e a sua detecção direta ao redor desse sistema poderão ocorrer quando entrar em operação a nova geração de telescópios gigantes com espelhos primários maiores do que 20 metros, entre eles, o Telescópio Gigante Magalhães (GMT, em inglês), no deserto do Atacama, no Chile, previsto para coletar sua primeira luz em 2024.
"Estamos sondando 20 sistemas com possibilidade de gravitar corpos externos, como o KIC10544976, e a maioria só é observável a partir do Hemisfério Sul. O GMT permitirá fazer a detecção direta desses objetos e obter respostas importantes sobre a formação, a evolução e a possibilidade de vida nesses ambientes exóticos", disse Leonardo.

Créditos: Inovação Tecnológica

Evidência geológica de um sistema de águas subterrâneas em Marte

Diversos modelos científicos indicam que Marte já foi o lar de enormes quantidades de água, tanto acima quanto abaixo de sua superfície.
Agora, cientistas da Agência Espacial Européia (ESA) têm evidências para apoiar esses modelos.
“No início, Marte era um mundo aquático, mas quando o clima do planeta mudou, a água recuou abaixo da superfície para formar poços”, disse Francesco Salese, pesquisador da ESA, em um comunicado à imprensa. “Nós rastreamos essa água em nosso estudo, pois sua escala e papel são uma questão de debate, e encontramos a primeira evidência geológica de um sistema de águas subterrâneas em Marte”.
Usando dados de um trio de instrumentos – a Câmera Estéreo de Alta Resolução a bordo da espaçonave Mars Express da ESA, a câmera HiRISE e a câmera CTX, ambas a bordo do Mars Reconnaissance Orbiter da NASA -, os pesquisadores da ESA exploraram duas dúzias de crateras no hemisfério norte de Marte.
Nas bases dessas crateras, a equipe encontrou características que sugerem que os locais um dia contiveram “poças e fluxos de água que mudaram e recuaram com o tempo”.
Eles foram capazes de estimar os níveis de água no passado, descobrindo que combinavam com as margens esperadas de um oceano que muitos teorizam ter existido em Marte entre três e quatro bilhões de anos atrás, e que pode ter sido conectado a um sistema de lagos subterrâneos.
A água é um indicador chave da vida – é por esse motivo que os cientistas “caçam” ferozmente indícios do líquido em Marte.
A nova evidência geológica de um sistema de águas subterrâneas não é a única descoberta da ESA que dá credibilidade à idéia de que o planeta pode ter abrigado organismos vivos – dentro de cinco das crateras examinadas, a equipe também encontrou sinais de minerais que estudos anteriores conectaram ao surgimento da vida na Terra.
A descoberta pode ajudar os pesquisadores a identificar os locais com maior probabilidade de conter evidências de vidas passadas no Planeta Vermelho, colocando-nos um pouco mais perto de encontrar vida extraterrestre.

Créditos: Hypescience

Foguete que usa oxigênio atmosférico está pronto para testes

A Agência Espacial Européia (ESA) deu o sinal verde para a próxima etapa de testes do primeiro foguete espacial capaz de usar oxigênio atmosférico.
Hoje, os foguetes precisam levar a bordo o combustível e o oxigênio necessário para queimá-lo, o que aumenta o custo e o peso do foguete, diminuindo sua capacidade de levar carga útil.
A solução pode estar no Sabre, um motor híbrido inédito capaz de "respirar" o ar enquanto está na atmosfera, como um motor a jato, tornando-se um foguete quando atinge o espaço. Sabre é uma sigla em inglês para "motor de foguete de respiração sinérgica".
Os testes do motor-foguete, que deverão ser realizados de Abril a Maio, estão sendo coordenados pela Agência Espacial do Reino Unido, e sua construção está a cargo da empresa Reaction Engines.
O motor-foguete Sabre foi projetado para aspirar o ar atmosférico durante a parte inicial de sua subida até o espaço, alcançando até cinco vezes a velocidade do som. A cerca de 25 km de altitude, ele muda para o modo foguete puro para a subida final até a órbita.
A idéia é que esse motor sirva de base para um veículo de lançamento reutilizável que opere como uma aeronave, que a ESA chama de espaçonave do futuro.
Essa nave, chamada Skylon, deverá ter 84 metros de comprimento e voar autonomamente, sem piloto. Outras versões também poderão ser usadas para voos normais solo-solo, dentro da atmosfera.
Como deverá levar suprimentos de oxigênio muito menos volumosos, esse veículo poderá fornecer a mesma carga útil com apenas metade da massa dos lançadores atuais, além de potencialmente oferecer uma grande redução no custo e uma taxa de lançamento mais alta.
Na nova etapa de desenvolvimento que se inicia agora, a Reaction Engines deverá demonstrar o núcleo principal do motor, que será alimentado por hidrogênio líquido, incluindo os trocadores de calor, módulos de combustão e turbomáquinas.
Isso inclui inovações como um trocador de calor de pré-resfriamento capaz de pegar um fluxo de ar na faixa dos 1.000º C e resfriá-lo para -150º C em menos de um centésimo de segundo.
"Uma das grandes vantagens do conceito de propulsão Sabre é que ele é totalmente modular de ambas as perspectivas, de projeto e operacional," explicou Richard Varvill, diretor de tecnologia da Reaction Engines. "Portanto, é possível submeter cada um dos principais componentes do motor a testes rigorosos de solo, que imitam totalmente as condições operacionais que o motor enfrentará até o voo Mach 5 a 25 km de altitude".

Créditos: Inovação Tecnológica

sábado, 23 de março de 2019

OSIRIS-REx revela grandes surpresas em Bennu

A nave espacial da NASA que transportará, em 2023, uma amostra do asteróide próximo da Terra, chamado Bennu, fez as suas primeiras observações detalhadas das plumas de partículas em erupção da superfície de um asteróide. Bennu também se revelou mais robusto do que o esperado, desafiando a equipe a alterar os seus planos de voo e recolha de amostras devido ao terreno acidentado.
Bennu é o alvo da missão OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security-Regolith Explorer) da NASA, que começou a orbitar o asteróide no passado dia 31 de dezembro. Bennu, que é apenas ligeiramente maior que a altura do Empire State Building, pode conter material inalterado desde o início do nosso Sistema Solar.
"A descoberta de plumas é uma das maiores surpresas da minha carreira científica," disse Dante Lauretta, investigador principal da OSIRIS-REx na Universidade do Arizona, em Tucson, EUA. "E o terreno acidentado foi contra todas as nossas previsões. Bennu já nos está a surpreender e a nossa emocionante jornada está apenas a começar."
Logo após a descoberta das plumas de partículas no dia 6 de janeiro, a equipe da missão científica aumentou a frequência das observações e, posteriormente, detectou plumas adicionais de partículas durante os dois meses seguintes. Embora muitas das partículas tenham sido expelidas de Bennu, a equipe rastreou algumas partículas que orbitaram Bennu como satélites antes de regressarem à superfície do asteróide.
A equipe da OSIRIS-REx inicialmente avistou as plumas de partículas em imagens enquanto a sonda orbitava Bennu a uma distância de aproximadamente 1,61 km. Após uma avaliação de segurança, a equipe da missão concluiu que as partículas não representavam um risco para a espaçonave. A equipe continua a analisar as plumas de partículas e as suas possíveis causas.
"Os primeiros três meses da investigação minuciosa da OSIRIS-REx em Bennu lembram-nos o significado da descoberta - surpresas, raciocínio rápido e flexibilidade," disse Lori Glaze, diretora interina da Divisão de Ciências Planetárias na sede da NASA em Washington. "Estudamos asteróides como Bennu para aprender mais sobre a formação do Sistema Solar. A amostra da OSIRIS-REx vai ajudar a responder a algumas das maiores questões sobre as nossas origens."
A OSIRIS-REx foi lançada em 2016 para explorar Bennu, que é o corpo mais pequeno já orbitado por uma sonda espacial. O estudo de Bennu permitirá que os investigadores aprendam mais sobre as origens do nosso Sistema Solar, as fontes de água e moléculas orgânicas na Terra, os recursos no espaço próximo da Terra, bem como melhorar a nossa compreensão dos asteróides que podem impactar a Terra.
A equipe da OSIRIS-REx também não antecipou o número e tamanho dos pedregulhos à superfície de Bennu. A partir de observações terrestres, a equipe esperava uma superfície geralmente lisa com alguns pedregulhos grandes. Em vez disso, descobriu que toda a superfície de Bennu é acidentada e densamente povoada com pedregulhos.
A densidade de pedregulhos, mais alta do que o esperado, significa que os planos da missão para a recolha de amostras, também conhecida como TAG (Touch-and-Go), precisam ser ajustados. O projeto original da missão foi baseado num local de amostras livre de perigos com um raio de 25 metros. No entanto, devido ao terreno inesperadamente áspero, a equipe não conseguiu identificar um local desse tamanho em Bennu. Ao invés, começou a identificar locais candidatos muito menores em raio.
A menor área para recolha de amostras e o maior número de pedregulhos vão exigir um desempenho mais preciso da sonda durante a sua descida até à superfície do que o originalmente planejado. A equipe da missão está a desenvolver uma aproximação atualizada, de nome Bullseye TAG, para ter como alvo mais preciso locais menores para recolha de amostras.
"Ao longo das operações da OSIRIS-REx perto de Bennu, as nossas equipes demonstraram que podemos alcançar um desempenho de sistema que supera os requisitos do projeto," comentou Rich Burns, gerente do projeto OSIRIS-REx no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland. "Bennu lançou-nos o desafio de lidar com o seu terreno acidentado e estamos confiantes de que a OSIRIS-REx está à altura da tarefa."
A estimativa original, com um baixo número de pedregulhos, foi derivada tanto de observações terrestres da inércia térmica de Bennu - a sua capacidade de conduzir e armazenar calor - como de medições de radar da sua rugosidade superficial. Agora que a OSIRIS-REx revelou a superfície de perto, essas expetativas de uma superfície mais lisa provaram estar erradas. Isto sugere que os modelos computacionais usados para interpretar dados anteriores não prevêem adequadamente a natureza das superfícies de asteróides pequenos e rochosos. A equipe está a rever estes modelos com os dados de Bennu.
A equipe científica da OSIRIS-REx fez muitas outras descobertas sobre Bennu nos três meses desde a chegada da sonda ao asteróide, algumas das quais foram apresentadas na 50.ª Conferência Lunar e Planetária em Houston.
A equipe observou diretamente uma mudança na rotação de Bennu como resultado do que é conhecido como o efeito YORP (Yarkovsky-O'Keefe-Radzievskii-Paddack). O aquecimento e o arrefecimento irregulares de Bennu, ao girar, faz com que o asteróide aumente a sua velocidade de rotação. Como resultado, o período de rotação de Bennu diminui cerca de um segundo a cada 100 anos. Separadamente, dois dos instrumentos da sonda, a câmara a cores MapCAm e o instrumento OTES (OSIRIS-REx Thermal Emission Spectrometer), fizeram detecções de magnetita à superfície de Bennu, o que reforça descobertas anteriores indicando a interação da rocha com água líquida no corpo original de Bennu.

Créditos: Astronomia On-line

Meteoróide evita detecção terráquea e explode sobre o Mar de Bering com a força de 10 bombas atômicas

No dia 18 de dezembro de 2018 um meteoróide do tamanho de um ônibus explodiu na atmosfera da Terra com um impacto energético de 10 bombas atômicas. Esta foi a segunda maior explosão desde que a NASA começou a registrar esses impactos há 30 anos.
O maior impacto de um meteoróide já registado foi o de fevereiro de 2013 sobre a Rússia. A explosão mais recente teve apenas 40% da liberação de energia da anterior.
Apesar de toda esta intensidade, ninguém viu a explosão. Ao contrário do meteoróide de 2013 que foi visto, registrado e sentido por milhares de pessoas na cidade de Chelyabinsk, o impacto de 2018 ocorreu sobre o Mar de Bering entre a Sibéria e o Alasca. Esta região é bastante isolada.
A NASA só ficou sabendo da explosão com ajuda dos satélites de monitoramento de mísseis das Forças Aéreas dos EUA. O impacto também foi captado por detectores de ultrassom ao redor do mundo.
O meteoróide tinha cerca de 1.360 toneladas, diâmetro de 10 metros e viajava a uma velocidade de 115.200 km/h quando explodiu. A explosão aconteceu 25 km acima do nível do mar e liberou uma energia de 173 quilotons de TNT, ou 10 vezes a energia da bomba atômica de Hiroshima.
Ninguém viu a rocha vindo em nossa direção por conta de seu pequeno tamanho. A maioria dos telescópios modernos detecta apenas objetos maiores, com mais de 100 metros de diâmetro. A notícia foi anunciada na Conferência de Ciência Planetária e Lunar que aconteceu em março no estado norte-americano de Texas, pelo gerente do centro da NASA de Observação de Objetos Próximos da Terra.

Créditos: Hypescience

Fermi da NASA cronometra pulsar "bala de canhão" que acelera através do espaço

Os astrônomos encontraram um pulsar que viaja pelo espaço a quase 4 milhões de quilÔmetros por hora - tão rápido que poderia percorrer a distância entre a Terra e a Lua em apenas seis minutos. A descoberta foi feita usando o Telescópio Espacial de Raios-Gama Fermi da NASA e o VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) da NSF (National Science Foundation).
Os pulsares são estrelas de nêutrons superdensas e de rápida rotação deixadas para trás quando uma estrela massiva explode. Esta, de nome PSR J0002+6216 (J0002, abreviado), ostenta uma cauda de emissão de rádio que aponta diretamente para os destroços em expansão de uma recente explosão de supernova.
"Graças à sua cauda estreita, parecida com um dardo, e a um ângulo de visão fortuito, podemos traçar esse pulsar de volta ao seu local de nascimento," disse Frank Schinzel, cientista do NRAO (National Radio Astronomy Observatory) em Socorro, no estado norte-americano do Novo México. "Um estudo mais aprofundado deste objeto vai ajudar-nos a entender melhor como essas explosões são capazes de 'pontapear' as estrelas de nêutrons a uma velocidade tão alta."
Schinzel, juntamente com os seus colegas Matthew Kerr no Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA em Washington, e Dale Frail, Urvashi Rau e Sanjay Bhatnagar do NRAO, apresentaram os seus achados na reunião da Divisão de Astrofísica de Alta Energia da Sociedade Astronômica Americana em Monterey, Califórnia. O artigo que descreve os resultados da equipe foi submetido para publicação numa edição futura da revista The Astrophysical Journal Letters.
O pulsar J0002 foi descoberto em 2017 por um projeto de cientistas cidadãos chamado Einstein@Home, que usa o tempo nos computadores de voluntários para processar dados de raios-Gama do Fermi. Graças ao tempo de processamento, coletivamente superior a 10.000 anos, o projeto identificou até à data 23 pulsares de raios-gama.
Localizado a mais ou menos 6500 anos-luz de distância na direção da constelação de Cassiopeia, J0002 gira 8,7 vezes por segundo, produzindo um pulso de raios-gama a cada rotação.
O pulsar fica a cerca de 53 anos-luz do centro de um remanescente de supernova chamado CTB 1. O seu movimento rápido através do gás interestelar resulta em ondas de choque que produzem a cauda de energia magnética e partículas aceleradas detectadas no rádio com o VLA. A cauda estende-se por 13 anos-luz e aponta claramente para o centro de CTB 1.
Usando dados do Fermi e uma técnica chamada tempo do pulsar, a equipe foi capaz de medir com que rapidez e em que direção o pulsar se move ao longo da nossa linha de visão.
"Quanto maior o nosso conjunto de dados, mais poderosa é a técnica de tempo do pulsar," explicou Kerr. "O lindo conjunto de dados de dez anos do Fermi é essencialmente o que tornou possível esta medição."
O resultado apoia a idéia de que o pulsar foi expulso a alta velocidade pela supernova responsável por CTB 1, que ocorreu há aproximadamente 10.000 anos.
J0002 está a acelerar pelo espaço cinco vezes mais depressa do que o pulsar médio e mais depressa do que 99% daqueles com velocidades medidas. Eventualmente acabará por escapar da nossa Galáxia.
Inicialmente, os destroços em expansão da supernova teriam sido movidos para fora mais depressa do que J0002, mas ao longo de milhares de anos a interação da concha com o gás interestelar produziu um arrasto que gradualmente diminui este movimento. Entretanto, o pulsar, comportando-se mais como uma bala de canhão, atravessou o remanescente, escapando cerca de 5000 anos após a explosão.
Exatamente como o pulsar foi acelerado a uma velocidade tão alta durante a explosão de supernova, ainda não está claro, e um estudo mais aprofundado de J0002 ajudará a esclarecer o processo. Um mecanismo possível envolve instabilidades na estrela em colapso, formando uma região de matéria lenta e densa que sobrevive o tempo suficiente para servir como "rebocador gravitacional", acelerando a estrela de nêutrons nascente na sua direção.

Créditos: Astronomia On-line

terça-feira, 19 de março de 2019

Astrônomos descobrem 83 buracos negros supermassivos no universo inicial

Luz de um dos mais distantes quasares conhecidos, alimentado por um buraco negro supermassivo situado a 13,05 bilhões de anos-luz da Terra.

Astrônomos do Japão, de Taiwan e dos EUA (Universidade de Princeton) descobriram 83 quasares alimentados por buracos negros supermassivos no universo distante, numa época em que o Universo tinha menos de 10% da sua idade atual.
"É notável que tais objetos massivos e densos pudessem formar-se logo após o Big Bang," disse Michael Strauss, professor de ciências astrofísicas da Universidade de Princeton e um dos coautores do estudo. "A compreensão de como os buracos negros se podem formar no início do Universo, e de quão comuns são, é um desafio para os nossos modelos cosmológicos."
Este achado aumenta consideravelmente o número de buracos negros conhecidos naquela época e revela, pela primeira vez, quão comuns são no início da história do Universo. Além disso, fornece novas informações sobre o efeito dos buracos negros no estado físico do gás no Universo primordial, durante os seus primeiros milhares de milhões de anos. A investigação foi divulgada numa série de cinco artigos publicados nas revistas The Astrophysical Journal e Publications of the Astronomical Observatory of Japan.
Os buracos negros supermassivos, encontrados nos centros das galáxias, podem ser milhões ou até bilhões de vezes mais massivos que o Sol. Embora sejam prevalentes ainda hoje, não se sabe quando se formaram pela primeira vez, e quantos existiam no Universo primitivo e distante. Um buraco negro supermassivo torna-se visível quando acumula gás em seu redor, fazendo com que brilhe como um "quasar". Os estudos anteriores foram apenas sensíveis aos raríssimos quasares mais luminosos e, portanto, aos buracos negros mais massivos. As novas descobertas sondam a população de quasares mais fracos, alimentados por buracos negros com massas comparáveis à maioria dos buracos negros vistos no Universo atual.
A equipe usou dados obtidos com um instrumento topo-de-gama, o HSC (Hyper Suprime-Cam), acoplado no Telescópio Subaru do NAOJ (National Astronomical Observatory of Japan), localizado no cume do Mauna Kea, Hawaii. O HSC tem um campo de visão fantástico - com 1,77 graus, ou sete vezes a área da Lua Cheia - montado num dos maiores telescópios do mundo. A equipa do HSC está a examinar o céu ao longo de 300 noites de tempo de telescópio, espalhadas durante cinco anos.
A equipe selecionou candidatos a distantes quasares dos dados sensíveis da pesquisa do HSC. Realizaram então uma intensa campanha observacional para obter espectros desses candidatos, usando três telescópios: o Telescópio Subaru, o GTC (Gran Telescopio Canarias) em La Palma, Canárias, Espanha; e o Telescópio Gemini Sul no Chile. O levantamento revelou 83 quasares muito distantes e anteriormente desconhecidos. Juntamente com 17 quasares já conhecidos na região de estudo, os cientistas descobriram que existe aproximadamente um buraco negro supermassivo por giga-ano-luz cúbico - por outras palavras, se fragmentássemos o Universo em cubos imaginários com bilhões de anos de lado, cada um teria um buraco negro supermassivo.
A amostra de quasares neste estudo está a cerca de 13 bilhões de anos-luz da Terra; isto é, estamos vendo os astros como eram há 13 bilhões de anos. Dado que o Big Bang ocorreu há 13,8 bilhões de anos, estamos efetivamente a olhar para trás no tempo, vendo estes quasares e buracos negros supermassivos como apareciam apenas mais ou menos 800 milhões de anos após a formação do Universo (conhecido).
É amplamente aceito que o hidrogênio no Universo já foi neutro, mas que foi "reionizado" - dividido nos seus componentes, prótons e elétrons - na época em que a primeira geração de estrelas, galáxias e buracos negros supermassivos nasceram, nas primeiras centenas de milhões de anos depois do Big Bang. Este é um marco da história cósmica, mas os astrônomos ainda não sabem o que forneceu a incrível quantidade de energia necessária para provocar a reionização. Uma hipótese convincente sugere que havia muitos mais quasares no Universo primitivo do que o detectado anteriormente, e que foi a sua radiação integrada que reionizou o Universo.
"No entanto, o número de quasares que observamos mostra que este não é o caso," explicou Robert Lupton, cientista de ciências astrofísicas. "O número de quasares vistos é significativamente menor do que o necessário para explicar a reionização." A reionização foi, portanto, provocada por outra fonte de energia, provavelmente várias galáxias que começaram a formar-se no Universo jovem.
O presente estudo foi possível graças à capacidade de investigação do Subaru e do HSC. "Os quasares que descobrimos serão um alvo interessante para mais observações de acompanhamento com instalações atuais e futuras," disse Yoshiki Matsuoka, ex-investigador de pós-doutorado de Princeton, agora na Universidade de Ehime, Japão, líder do estudo. "Também vamos aprender mais sobre a formação e evolução inicial dos buracos negros supermassivos, comparando a densidade e a distribuição de luminosidade dos números medidos com previsões de modelos teóricos."
Com base nos resultados obtidos até agora, a equipe está ansiosa por encontrar buracos negros ainda mais distantes e por descobrir quando surgiu, no Universo, o primeiro buraco negro supermassivo.

Créditos: Astronomia On-line

2019 EA2

No próximo dia 22 o asteróide 2019 EA2 passará a apenas 303 mil km da Terra. O objeto se desloca a 5 km/s e tem cerca de 29 metros de comprimento. 2019 EA2 tem cerca de 38 mil toneladas e um volume estimado em 12770 metros cúbicos. Se atingisse a Terra o asteróide liberaria energia equivalente a explosão de 115 kilotons de TNT ou 6 bombas similares à de Hiroshima.

Créditos: Apolo 11 e Google Imagens

Hubble revela atmosferas dinâmicas de Urano e Netuno

Os dois principais planetas além de Saturno foram visitados apenas uma vez por uma espaçonave, ainda que brevemente. A espaçonave Voyager 2 da NASA balançada por Urano em 1986, e Netuno em 1989. Nosso turista robótico do espaço profundo tirou as únicas imagens detalhadas desses monstruosos mundos. Para Netuno, as imagens revelaram um planeta com uma atmosfera dinâmica com dois misteriosos vórtices escuros. Urano, no entanto, parecia inexpressivo. Mas essas visões eram apenas breves instantâneos. Eles não conseguiram captar como as atmosferas dos planetas mudam com o tempo, mais do que um único instantâneo da Terra poderia dizer aos meteorologistas sobre o comportamento do tempo. E eles passam por mudanças sazonais prolongadas em suas órbitas ao longo de várias décadas. Desde o encontro da Voyager, o Telescópio Espacial Hubble forneceu uma oportunidade para monitorar esses mundos como um meteorologista diligente.
Desde o lançamento do Hubble em 1990, os astrônomos usaram-no para reunir um álbum de imagens externas do planeta. O monitoramento anual desses mundos gigantescos agora permite que os astrônomos estudem mudanças sazonais de longo prazo, além de capturar padrões climáticos transitórios. Um desses eventos ilusórios é mais uma tempestade negra em Netuno, mostrada na imagem mais recente do planeta (direita).
O novo instantâneo do telescópio de Urano (à esquerda) mostra que o gigante do gelo não é um papel de parede planetário. Uma vasta calota polar brilhante no pólo norte domina a imagem. O boné, que pode se formar devido a mudanças sazonais no fluxo atmosférico, tornou-se muito mais proeminente do que em observações anteriores que remontam ao sobrevoo da Voyager 2, quando o planeta, no auge do inverno, parecia sem graça.

Créditos: Hubble Site

domingo, 17 de março de 2019

Mineração espacial pode começar nas crateras da Lua

Crateras surgem na Lua - como em qualquer outro corpo celeste - por causa do bombardeio de corpos celestes menores que caem lá, principalmente asteróides.
Vladislav Shevchenko (Universidade Estadual de Moscou) e Aleksey Andreev (Universidade Federal de Kazan) demonstraram agora que as crateras da Lua, mesmo as antigas, podem conter tanto os compostos do próprio solo onde se formou a cratera, como os elementos químicos do corpo que a formou.
"Se uma cratera de 500 metros foi criada por um asteróide metálico e ainda contém 20% da matéria do asteróide, esses restos podem conter 20 toneladas de ferro puro, 3,6 toneladas de níquel, 180 kg de cobalto e 1 kg de platina," exemplificou Andreev.
No entanto, não há correlação direta entre a composição de um asteróide e o acúmulo de seu material porque é necessário também levar em conta o ângulo e a velocidade da colisão do objeto com a Lua. E isso é bom, porque 25% desses objetos são "lentos", com uma velocidade de colisão inferior a 12 quilômetros por segundo. Sob essas condições, a cratera pode preservar até 50% da matéria do asteróide.
"Em 1994, foi feito um levantamento em um asteróide chamado 1986 DA, de 2 quilômetros de diâmetro. Observações espectrais mostraram que o corpo contém reservas consideráveis de ferro, níquel, cobalto e platina, totalizando cerca de 30 bilhões de toneladas. Em 2012, isso valeria US$ 87 trilhões," citou Andreev.
Não é à toa que os asteróides estão virando alvo para a prospecção e, futuramente, para a mineração espacial.
A NASA planeja capturar e redirecionar um pequeno asteróide para a órbita lunar, onde ele poderá ser minerado, com os metais sendo trazidos para a Terra ou levados para a Lua, onde poderiam ser usados para construir estações espaciais ou componentes de espaçonaves.
Contudo, como já temos uma larga experiência de mineração no solo, pode ser mais fácil fazer a mineração espacial na Lua do que em asteróides, acreditam os dois pesquisadores.
"De acordo com uma previsão da Goldman Sachs, haveria [na Terra] 20 anos de reservas de ouro, zinco e diamantes e 40 anos de reservas de platina, cobre e níquel em 2015. Todos esses elementos são indiscutivelmente importantes para o desenvolvimento tecnológico. É por isso que existe a necessidade de fontes alternativas," defendeu Nefedyev.

Créditos: Inovação Tecnológica

O quanto a Via Láctea pesa?

Vivemos em uma gigantesca cidade de estrelas. Nossa galáxia Via Láctea contém cerca de 200 bilhões de estrelas. Mas isso é apenas a ponta do iceberg. A Via Láctea é cercada por vastas quantidades de um material desconhecido chamado matéria escura que é invisível porque não libera radiação. Os astrônomos sabem que existe porque, dinamicamente, a galáxia se separaria se a matéria escura não mantivesse uma tampa gravitacional nas coisas.
Ainda assim, os astrônomos gostariam de ter uma medida precisa da massa da galáxia para entender melhor como a miríade de galáxias em todo o universo se forma e evolui. Outras galáxias podem variar em massa de cerca de um bilhão de massas solares a 30 trilhões de massas solares. Como nossa Via Láctea se compara?
Astrônomos curiosos uniram o Telescópio Espacial Hubble e o satélite Gaia da Agência Espacial Européia para estudar com precisão os movimentos de aglomerados globulares de estrelas que orbitam nossa galáxia como abelhas em torno de uma colmeia. Quanto mais rápido os aglomerados se movem sob a atração gravitacional da galáxia, mais massiva ela é. Os pesquisadores concluíram que a galáxia pesa 1,5 trilhão de massas solares, a maior parte armazenada em matéria escura. Portanto, a Via Láctea é uma galáxia "Cachinhos Dourados", não muito grande nem muito pequena. Na medida!

Créditos: Hubble Site

Telescópio espacial Kepler confirma primeira deteção, 10 anos depois

Uma equipe internacional, que incluiu Tiago Campante do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), confirmou o primeiro candidato a exoplaneta identificado pelo telescópio espacial Kepler (NASA), observado há cerca de 10 anos. A confirmação do exoplaneta Kepler-1658 b foi aceito para publicação na revista The Astronomical Journal.
Para Tiago Campante (IA & Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) “A confirmação da natureza planetária de Kepler-1658 b, dez anos após o lançamento do satélite Kepler, é um exemplo de como não é de todo trivial a validação de novos exoplanetas, especialmente aqueles que são detectados pelo método dos trânsitos.”
O Kepler detectou milhares de candidatos a exoplanetas, através do método dos trânsitos. Como há vários fenômenos astronmicos que podem imitar um trânsito planetário, as suas detecções são classificadas como “candidatos”, sendo necessária uma análise posterior mais detalhada para confirmar se não são falsos positivos.
Apesar de ter sido a primeira detecção do telescópio espacial Kepler, o caminho para a confirmação do Kepler-1658 b, também conhecido por KOI4b (Kepler Object of Interest 4b) foi complicado. A estimativa inicial do tamanho do planeta estava errada, pois era baseada no tamanho da sua estrela mãe, cujo diâmetro estava subestimado. Mais tarde foi considerado como falso positivo quando os efeitos detectados na estrela não correspondiam ao que se esperava para uma estrela daquele tamanho. Para Campante: “Esta é mais uma prova de que, para compreendermos melhor os planetas, temos primeiro de conhecer a sua estrela mãe em detalhe.”
O trabalho de doutoramento de Ashley Chontos (Universidade do Havai), a primeira autora do artigo, consiste precisamente em reanalisar as estrelas observadas pelo Kepler. Tiago Campante explica que: “Através da análise das ondas sonoras retidas no interior da estrela, técnica designada de asterossismologia, foi possível reavaliar com precisão o tamanho da estrela.”
Esta técnica permitiu a Chontos determinar que a estrela era afinal maior do que se pensava. “O fato de a estrela ser três vezes maior do que originalmente se pensava significa que o seu planeta também é três vezes maior. Podemos assim afirmar com elevado grau de confiança que o planeta Kepler-1658 b é um júpiter quente, orbitando a estrela em 3,8 dias.” esclarece Campante.
A estrela Kepler-1658 é 50% mais massiva e três vezes maior do que o Sol, com o planeta Kepler-1658 b a orbitar a uma distância de apenas 0,05 unidades astronômicas (cerca de 8 vezes mais próximo do que Mercúrio está do Sol), o que o torna num dos planetas mais próximos de uma estrela mais velha do que o Sol. Este tipo de planetas é raro, e o porquê do seu reduzido número é ainda pouco compreendido.
A natureza extrema deste sistema planetário irá permitir aos astrônomos perceber melhor os limites físicos da interação que provoca a queda em espiral de um planeta para a superfície da sua estrela. Os dados preliminares apontam para que este processo seja mais lento do que se pensava, e que por isso não será a principal causa da escassez deste tipo de planetas.

Créditos: AstroPT

Pesquisadores descobrem que uma enorme estrela de hipervelocidade foi ejetada do disco da Via Láctea

Uma nova pesquisa da Universidade de Michigan (EUA) afirmou que uma estrela de movimento rápido – também chamada de estrela de hipervelocidade – pode ter sido ejetada do disco estelar da Via Láctea.
Anteriormente, os astrônomos acreditavam que tais estrelas só poderiam ter sido ejetadas do centro da galáxia, após passar perto do buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea.
Esta pode ter sido lançada em velocidade por um agrupamento de estrelas massivas jovens ou por um buraco negro de massa intermediária.
“Esta descoberta muda drasticamente a nossa visão sobre a origem das estrelas que se movem rapidamente”, disse Monica Valluri, do Departamento de Astronomia da Universidade de Michigan. “O fato de que a trajetória dessa estrela maciça se origina no disco e não no centro da galáxia indica que os ambientes muito extremos necessários para ejetar estrelas hipervelozes podem surgir em outros lugares que não em buracos negros supermassivos”.
A Via Láctea contém dezenas de bilhões de estrelas, a maioria das quais são distribuídas em uma estrutura semelhante a uma pizza chamada disco estelar.
Em 2005, os astrônomos descobriram estrelas hipervelozes, objetos que se movem duas vezes mais rápido que a maioria das outras – cerca de 500 quilômetros por segundo, enquanto estrelas se movem em média a pouco mais de 200 km/seg.
Menos de 30 dessas estrelas extremamente rápidas foram descobertas até agora. Os astrônomos teorizavam que, para produzir este tipo de velocidade, estrelas binárias precisariam passar muito perto de um buraco negro supermassivo – uma seria capturada, e a outra lançada em um “estilingue gravitacional”.
Como há evidências de que há um buraco supermassivo no centro da Via Láctea, muitos cientistas creem que a maioria das estrelas de hipervelocidade foi ejetada desse ponto.
Valluri e seu colega de pós-doutorado Kohei Hattori decidiram estudar a trajetória de LAMOST-HVS1, uma enorme estrela em movimento rápido que está mais próxima do sol do que qualquer outra já descoberta, para identificar de onde foi ejetada.
Para isso, utilizaram dados do Telescópio Gigante de Magalhães, no Chile, e da Missão Espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia.
Com a localização e a velocidade atuais da estrela, os astrônomos conseguiram rastrear seu caminho, ou órbita. Para sua surpresa, parece que a estrela foi ejetada do disco estelar, e não do centro da Via Láctea.
Os pesquisadores ponderam que a ejeção dessa estrela massiva do disco estelar pode ser o resultado de um encontro próximo com um aglomerado estelar ou um buraco negro de massa intermediária em um aglomerado estelar.
Os cientistas conhecem estrelas “fugitivas” que foram ejetadas de aglomerados estelares, com velocidade de 40 a 100 km/s. No entanto, nenhuma foi observada com a extrema velocidade de ejeção necessária para explicar a LAMOST -HVS1.
Modelos teóricos de colisões com aglomerados estelares produzem muito raramente velocidades tão extremas, o que sugere uma possibilidade mais exótica: um buraco negro de massa intermediária.
O caminho computado da estrela se origina em um local no braço espiral Norma que não está associado a aglomerados estelares maciços previamente conhecidos. No entanto, se esse aglomerado estelar hipotético existir, ele pode estar oculto atrás da poeira no disco estelar.
Se for encontrado, proporcionará a primeira oportunidade de descobrir diretamente um buraco negro de massa intermediária na Via Láctea.
O fato de que esta estrela pode ter sido ejetada de um aglomerado massivo no disco estelar sugere a possibilidade de que muitas outras estrelas hipervelozes existam.
Tanto a Via Láctea quanto a Grande Nuvem de Magalhães são conhecidas por terem aglomerados estelares massivos que podem ser importantes ejetores dessas estrelas de movimento rápido.
Isso também pode levar a novas descobertas sobre as interações das estrelas e a possível formação de buracos negros de massa intermediária em aglomerados estelares.

Créditos: Hypescience

sexta-feira, 15 de março de 2019

Será M31N 2008-12a a principal candidata a Supernova?

Na nossa galáxia vizinha, Andrômeda, existe uma nova absolutamente notável, denominada por M31N 2008-12a. Uma nova é uma explosão nuclear que ocorre numa estrela, causada pela acreção de hidrogênio à superfície duma anã branca que conduz ao início de reações nucleares (as novas não devem ser confundidas com supernovas).
Com 11 erupções já identificadas, incluindo 8 nos últimos 8 anos, o sistema M31N 2008-12a exibe um período de recorrência de 1 ano, que possivelmente poderá ser somente de 6 meses.
Este curto período entre erupções é impulsionado pela combinação de uma anã branca de alta massa (1,38 Massas Solares) e alta taxa de acreção, tão alta que parece ser proveniente do vento estelar de uma companheira gigante vermelha.
As observações em Hα revelaram a presença de uma enorme nebulosa (400 anos-luz de comprimento, isto é: cerca de 400 sistemas solares) estendida em seu redor, que poderá ser o remanescente de milhares de erupções passadas.
Com uma previsão que a anã branca atinja o limite de Chandrasekhar (que representa a máxima massa possível para uma estrela do tipo anã branca) brevemente, a M31N 2008-12a tornou-se na principal candidata a supernova do tipo Ia.
Recente análise atualizada prevê que a anã branca M31N 2008-12a possa atingir a massa de Chandrasekhar em < 20 kyr.

Créditos: AstroPT

NASA tem momento paparazzi e faz fotos do Chang’e-4 no lado oculto da Lua

A China comemorou o pouso da primeira missão robótica no lado distante da lua no dia 3 de janeiro, e o satélite da NASA Lunar Reconnaissance Orbiter (RLO) fotografou o robô chinês no dia 30 de janeiro. A imagem foi publicada no site na NASA nesta semana.
A fotografia comprova o sucesso do pouso e movimentação do lander que vai passar os próximos 11 meses explorando o lado da lua que nós não conseguimos ver a partir da Terra. Além do lander do tamanho de um carro, um rover do tamanho de uma mesinha chamado Yutu 2 também está circulando por lá, programado para atuar por três meses.
Os dois veículos foram equipados para aguentarem as condições difíceis do local, que a cada duas semanas tem temperaturas altíssimas e temperaturas baixíssimas.
O objetivo do lander e do rover é tirar fotos da paisagem lunar, estudar a geologia do local, procurar por gelo e escanear o céu noturno em burca de raios de rajadas de rádio.
O LRO estava a 321 km do veículo chinês quando tirou a foto. Por isso, encontrá-lo nas imagens sem zoom ou flechas indicativas é bastante difícil.
A cadeia de montanhas ao fundo da imagem abaixo é a parede oeste da cratera Von Kármán, que tem 13 km de profundidade e 2,5 mil km de diâmetro.

Créditos: Hypescience

Bennu, o alvo da missão OSIRIS-REX, gira mais depressa ao longo do tempo

No final de 2018, a sonda OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security-Regolith Explorer) chegou a Bennu, o asteroide que vai estudar durante os próximos anos.
Agora, uma nova investigação publicada na revista Geophysical Research Letters da União Geofísica Americana mostra que Bennu está a girar mais depressa com o passar do tempo - uma observação que vai ajudar os cientistas a entender a evolução dos asteroides, a sua potencial ameaça à Terra e se os seus recursos podem ser minados.
Bennu está a 110 milhões de quilômetros da Terra. À medida que se move pelo espaço a mais ou menos 101.000 km/h, também gira, completando uma rotação completa a cada 4,3 horas.
A nova investigação descobriu que a rotação do asteroide está a acelerar cerca de 1 segundo por século
Embora o aumento na aceleração possa não parecer um valor elevado, ao longo do tempo pode traduzir-se em mudanças dramáticas na rocha espacial. Segundo os autores do estudo, à medida que gira cada vez mais depressa, com o passar de milhões de anos, pode perder fragmentos ou até desfazer-se.
A detecção da subida na rotação ajuda os cientistas a compreender os tipos de mudanças que podem ter ocorrido em Bennu, como deslizamentos ou outras mudanças a longo prazo, que a missão OSIRIS-REx vai analisar.
"À medida que o período de rotação diminui, as coisas devem mudar, por isso vamos procurar essas coisas e a detecção desta aceleração dá-nos algumas pistas sobre os tipos de coisas que devemos procurar," comenta Mike Nolan, investigador do LPL (Lunar and Planetary Laboratory) da Universidade do Arizona em Tucson, EUA, autor principal do novo artigo e líder da equipe científica da missão OSIRIS-REx. "Temos que procurar evidências de algo diferente no passado recente e é possível que as coisas ainda estejam a mudar."
A missão OSIRIS-REx está programada para trazer uma amostra de Bennu para a Terra em 2023. compreensão das alterações rotacionais de Bennu pode ajudar os cientistas a descobrir o que os asteroides nos podem dizer sobre a origem do Sistema Solar, quão provável é o seu papel como ameaça para os seres humanos e se os seus recursos podem ser extraídos.
"Se quisermos fazer estas coisas, temos que saber o que está a afetá-lo," acrescenta Nolan.
A fim de entender a rotação de Bennu, os cientistas estudaram dados do asteroide, obtidos a partir da Terra em 1999 e 2005, juntamente com dados recolhidos pelo Telescópio Espacial Hubble em 2012. Quando examinaram os dados do Hubble é que notaram que a velocidade de rotação do asteroide em 2012 não correspondia às suas previsões com base nos dados anteriores.
"Os três conjuntos de dados não encaixavam corretamente," explicou Nolan. "E foi aí que surgiu a ideia de que tinha que estar a acelerar."
Segundo Nolan, a ideia de que a rotação dos asteroides pode acelerar com o tempo foi prevista inicialmente em meados de 2000 e detetada pela primeira vez em 2007. Até à data, esta aceleração só foi detetada num punhado de asteroides.
A mudança na rotação de Bennu pode ser devida a uma alteração na sua forma. Tal como os patinadores de gelo aceleram ao colocar os braços junto ao corpo, um asteroide pode acelerar à medida que perde material.
Nolan e coautores sugerem que a razão para a diminuição do período de rotação de Bennu é mais provavelmente devida a um fenómeno conhecido como efeito YORP. A luz solar que atinge o asteroide é refletida para o espaço. A mudança na direção da luz que entra e sai empurra o asteroide e pode fazê-lo girar mais depressa, dependendo da sua forma e rotação.
A missão OSIRIS-REx vai determinar, este ano e de forma independente, a rotação de Bennu, o que vai ajudar os cientistas a descobrir o motivo da aceleração. Tendo em conta que as naves espaciais nunca irão visitar a grande maioria dos asteroides, as medições também vão ajudar os cientistas a aprender quão bem as medições obtidas no solo são capazes de analisar estes objetos distantes.
"Ao testarmos estas previsões, com alguns casos, vamos melhorar significativamente a nossa confiança nas previsões feitas para outros objetos," escrevem os autores do estudo.
A medição da aceleração de Bennu, combinada com a chegada da OSIRIS-REx ao asteroide, dá aos cientistas uma grande oportunidade para validar os resultados do novo estudo e testar teorias sobre o efeito YORP, disse Desiree Cotto-Figueroa, professora assistente de física e eletrónica na Universidade de Porto Rio em Humacao, que não esteve envolvida no novo estudo.
"Esta é, no geral, uma grande oportunidade, tendo esta medição e tendo a sonda OSIRIS-REx a observar o asteroide 'in situ', para nos ajudar a entender melhor este efeito, que é um mecanismo dominante na evolução dos asteroides," conclui.

Créditos: Astronomia On-line

Veja 300 mil galáxias descobertas em apenas um minúsculo pedaço do céu

O universo ficou um pouco mais abarrotado com a descoberta de cerca de 300.000 galáxias em um pequeno pedaço do céu.
Os dados foram coletados pela rede de telescópios Low Frequency Array (LOFAR), na Europa, inspirando dezenas de estudos sobre diferentes tópicos, de campos magnéticos a buracos negros.
Invisíveis ao olho humano, muitas ondas de baixa frequência produzidas pela aceleração de partículas e campos eletromagnéticos permeiam o universo.
Medir esse “zumbido” de ondas de rádio requer um equipamento bastante sensível. O conjunto de 20.000 antenas do LOFAR espalhadas por 48 estações na Holanda e outros países é como ter um enorme olho sensível a rádio na superfície do nosso planeta.
Entre suas muitas tarefas, o LOFAR faz uma varredura intensiva do céu noturno em frequências de rádio de cerca de 120 a 168 megahertz, que fornece novas informações sobre uma variedade de fenômenos astronômicos que brilham suavemente.
Até agora, apenas 20% da pesquisa foi concluída, e cientistas de todo o mundo só podem acessar cerca de 10% dos dados disponíveis. Enquanto pode não parecer muito, somente na revista científica Astronomy and Astrophysics já foram publicadas 26 pesquisas baseadas nesta divulgação inicial de informações cobrindo quasares, buracos negros e campos eletromagnéticos intergalácticos.
Uma das grandes revelações foram 325.694 pontos onde o brilho das ondas de rádio aumenta pelo menos cinco vezes mais que o ruído de fundo.
Cerca de 70% destes pontos podem estar ligados a um sinal óptico, por isso é bastante seguro dizer que representam galáxias que podemos adicionar ao nosso roteiro cósmico.
Identificar os locais de novas galáxias não apenas nos ajuda a entender suas estruturas internas, mas também fornece uma ferramenta valiosa para entender as vastas extensões de “nada” entre elas.
Não é segredo que galáxias de tamanho suficiente abrigam buracos negros gigantescos que engolem tudo ao seu alcance e vomitam jatos de matéria em ondas de rádio. Os novos dados estão ajudando os cientistas a confirmar que esses monstros têm apetites implacáveis.
“LOFAR tem uma sensibilidade notável e isso nos permite ver que esses jatos estão presentes em todas as galáxias mais massivas, o que significa que seus buracos negros nunca param de comer”, disse o astrofísico Philip Best, da Universidade de Edimburgo (Escócia).
A sensibilidade de LOFAR também está auxiliando pesquisadores a traçarem os fracos campos magnéticos que foram previstos para existir no espaço intergaláctico, mas que até agora eram muito difíceis de detectar.
“Campos magnéticos permeiam o cosmos e queremos entender como isso aconteceu”, disse o astrônomo da Universidade de Hamburgo (Alemanha), Shane O’Sullivan.
A enorme magnitude dos dados brutos coletados por pesquisas como essa exige novas formas de processar informações que sejam eficientes em termos de tempo, mas que também não consumam muita energia.
A colaboração de gerenciamento de dados SURF está armazenando atualmente mais de 20 petabytes de informações do LOFAR, o que é apenas um pouco mais da metade do total.
“Temos trabalhado em conjunto com a SURF na Holanda para transformar eficientemente a enorme quantidade de dados em imagens de alta qualidade”, explicou o cosmólogo Timothy Shimwell, do Instituto Holandês de Radioastronomia e da Universidade de Leiden.
E isso é apenas o começo. Há muito mais coisas no espaço para descobrirmos, o que no final pode revelar cerca de 15 milhões de novas fontes de emissões de ondas de rádio, muitas delas remontando à aurora do universo.

Créditos: Hypescience