segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Surpresas em Lutécia

A sonda Rosetta encontra-se ainda muito longe do seu objetivo primário, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Porém, a sua viagem deu já uma imensa contribuição à ciência planetária: uma visão sem precedentes de um dos mais antigos objetos do Sistema Solar, o asteróide 21 Lutécia. A Rosetta sobrevôou Lutécia em 10 de Julho de 2010, a uma velocidade de 54 mil km/s e a uma distância mínima de 3.170 km. As imagens obtidas durante o encontro revelaram uma superfície moldada por múltiplas colisões, aparentemente não muito diferente da superfície de outros objetos anteriormente visitados no Cinturão de Asteróides. No entanto, estudos publicados recentemente sugerem que este objeto com 130 km de comprimento é um planetesimal primitivo, um dos poucos sobreviventes do período de formação planetária. De acordo com os investigadores, os indícios encontram-se na variedade de estruturas identificadas na superfície de Lutécia pela câmera OSIRIS da sonda Rosetta. Para além das inúmeras crateras, são visíveis nas imagens grandes fraturas e extensas derrocadas, o que sugere uma estrutura interna porosa. Curiosamente, esta visão da estrutura interna de Lutécia não corresponde à sua densidade, 3,4 ± 0,3 g.cm-3, uma das mais elevadas alguma vez medidas num asteróide, pelo que Lutécia deverá possuir no seu interior um núcleo metálico parcialmente indiferenciado.

Créditos: AstroPT

O fantasma da Labareda de Cepheus

Formas fantasmagóricas parecem assombrar esta vastidão estrelada, à deriva durante a noite na constelação real de Cepheus. Claro, as formas são nuvens de poeira cósmica ligeiramente visíveis na luz fracamente refletida das estrelas. Longe de sua própria vizinhança no planeta Terra, elas se escondem na borda do complexo de nuvens moleculares conhecido como Labareda de Cepheus localizado a aproximadamente 1.200 anos-luz de distância. Com mais de 2 anos-luz de diâmetro a nebulosa fantasmagórica e o relativamente isolado glóbulo Bok, também conhecido como 141vdb ou Sh2-136, aparece perto do centro do campo. O núcleo da nuvem escura à direita está colapsando e é provavelmente um sistema estelar binário nos estágios iniciais de formação. Mesmo assim, se as formas fantasmagóricas pudessem falar, elas poderiam muito bem desejar um feliz Dia das Bruxas.

Créditos: APOD

Rochas brancas em forma de dedos

O que causa essa formação de rochas claras em Marte? Intrigados pelo possibilidade de que elas poderiam ser o leito de um lago seco, os cientistas fizeram estudos detalhados desses “dedos” de rocha clara e descobriram que elas tem uma origem muito mais mundana do que se pensava, são cinzas vulcânicas. Estudando a cor exata da formação os cientistas puderam indicar a sua origem vulcânica. O material claro parece ter sido erodido de uma área próxima, indicando assim, ser composto por uma substância de baixa densidade. O contraste marcante entre as rochas e a areia ao redor é gerado na verdade pela pouco comum coloração escura da areia. A imagem se espalha por aproximadamente 10 quilômetros dentro de uma cratera.

Créditos: APOD

sábado, 29 de outubro de 2011

Quão alto

A imagem acima mostra a cratera Pythagoras na Lua com destaque para o seu pico central. Essa imagem e as marcações observadas nela foram usadas para determinar a altura do pico central da cratera. Pode-se notar também que o pico central gera uma sombra, que pode ser útil na medida da altura precisa da sua altura. As coordenadas do pico são 62.78˚W, 63.45˚N, e as coordenadas da ponta da sombra gerada pelo pico são 61.17˚W, 63.55˚N. Com essas coordenadas já é possível estimar a altura do pico central da cratera Pythagoras. Para fazer uma estimativa mais precisa foram usadas como calibração as crateras Carpenter W, Markov E, sendo que suas coordenadas foram obtidas dos mapas gerados pela sonda LRO. A imagem acima foi feita com um telescópio refrator de 6 polegadas e a altura obtida para o pico central da cratera Pythagoras foi de 2.988 metros mais ou menos 200 metros. Mas qual a precisão desse valor encontrado? A sonda Clementine mediu o mesmo pico e encontrou uma altura de 3.27 km e o altímetro laser da sonda Kaguya também mediu a altura do pico central da cratera Pythagoras e encontrou o valor de 3 km. Assim a medida feita com um telescópio de tamanho modesto e com algumas ferramentas de processamento de imagem se mostraram com uma precisão excelente para estimar a altura de picos e o tamanho de outras feições na Lua.

Créditos: LPOD

Galáxia espiral NGC 3370

É assim que a nossa galáxia, a Via Láctea, parece quando olhada à distância? Similar em tamanho e na estrutura geral com a nossa galáxia, embora não apresente uma barra central, a galáxia espiral NGC 3370 localiza-se a aproximadamente 100 milhões de anos-luz de distância na direção da constelação de Leo, o Leão. Registrada acima em uma foto espetacular e rica em detalhes pela Advanced Camera for Surveys do Telescópio Espacial Hubble, a grande e bela galáxia que se apresenta de frente para nós não é somente fotogênica, mas a imagem acima é tão nítida que nos permite estudar estrelas individuais conhecidas como Cefeidas. Essas estrelas pulsantes são usadas para determinar a distância precisa da NGC 3370. A NGC 3370 foi escolhida para esse estudo pois em 1994 a galáxia espiral foi também o local onde aconteceu uma bem estuda explosão estelar, uma supernova do Tipo Ia. Combinando a distância conhecida para esse padrão de supernova, com base nas medidas das Cefeidas, com observações de supernovas em distâncias ainda maiores, os astrônomos conseguem revelar o tamanho e a taxa de expansão de todo o universo.

Créditos: APOD

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Explicação da bacia Coulomb-Sarton

Essas duas crateras de interior fraturado localizadas nas terras altas do lado escuro da, Lua são solitárias. Elas são semelhantes entre elas, sem nenhuma outra por perto. Isso não é surpreendente pois a maior parte das crateras com interior fraturado ocorrem perto da borda de mares ou de bacias de impacto, e as lavas escuras de mares são raras na região de terras altas do lado escuro da Lua. Mas essas duas FFCs como são chamadas em inglês estão localizadas perto do meio de uma antiga mais ainda detectável bacia de impacto conhecida como Coulomb-Sarton. No mapa acima, as crateras aparecem um pouco abaixo da letra C de Coulomb, perto da borda de uma área relativamente plana que é a parte mais baixa do interior da bacia mostrada em azul. A bacia C-S tem uma concentração de massa que causa uma anomalia de gravidade, e os modelos sugerem que exista ali um denso mar preenchido com espessura de 1.2 quilômetros. Aparentemente, as fraturas produzidas por impacto sob essas duas crateras desviaram o magma que estava nascendo na bacia e empurrou as crateras fraturando seus interiores. A existência dessas crateras, na verdade fornece fortes evidências de que o magma surgiu nessa bacia do lado escuro da Lua.

Créditos: LPOD

A fonte de uma misteriosa explosão nas bordas da Via Láctea

A imagem acima da estrela variável V838 Monocerotis, localizada próxima da borda da Via Láctea, a aproximadamente 20.000 anos-luz de distância do Sol, foi registrada pelo Telescópio Espacial Hubbel em Setembro de 2006. A imagem se espalha por 14 anos-luz. Desde que a explosão repentina foi detectada em Janeiro de 2002, essa enigmática estrela tem fascinado os astrônomos, que esperam que os ecos da expansão continuem a iluminar o ambiente empoeirado da V838 Mon, por no mínimo o resto dessa década. Os pesquisadores agora descobriram que a V838 Mon é provavelmente uma jovem estrela binária, mas a causa da extraordinária explosão permanece um mistério. A V838 Monocerotis não expele suas camadas externas. Ao invés disso, ela cresce extremamente de tamanho, a temperatura em sua superfície cai a valores não muito maiores do que a temperatura de uma lâmpada comum. Esse comportamento de inchar até um determinado tamanho, mas sem perder suas camadas externas é pouco comum de ocorrer e é um mecanismo inteiramente diferente do que acontece, por exemplo, com a explosão de uma supernova. A explosão pode representar um estágio transitório na evolução da estrela que é raramente observado. A estrela tem algumas similaridades com estrelas altamente instáveis de uma certa idade chamadas de estrelas variáveis eruptivas, que repentinamente e sem nenhuma previsão aumentam de brilho.

Créditos: Cienctec


Hoje é aniversário da minha namorada, parabéns bzão!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Jovens sóis da NGC 7129

Jovens sóis ainda se localizam dentro da empoeirada NGC 7129, localizada a aproximadamente 3.000 anos-luz de distância da Terra na direção da constelação real de Cepheus. Como essas estrelas estão numa idade relativamente nova, com somente alguns milhões de anos de vida, provavelmente o nosso próprio Sol se formou em um berçário estelar similar a aproximadamente cinco bilhões de anos atrás. O que é mais notável da imagem nítida e de alta resolução acima são as nuvens de poeira azuladas que refletem a luz das estrelas jovens. Mas as formas compactas de coloração vermelha profunda crescente servem também como marcadores desses objetos estelares jovens e energéticos. Conhecidos como objetos Herbig-Haro, suas formas e cores são características do gás hidrogênio brilhante que recebe o choque de jatos emitidos pelas estrelas recém-nascidas. Filamentos pálidos e estendidos de emissão avermelhada que se misturam com as nuvens azuladas são gerados pelos grãos de poeira que efetivamente convertem a radiação invisível ultravioleta emitida pelas estrelas em radiação visível na cor vermelha, por meio do processo conhecido como fotoluminescência. No final desse processo o gás e a poeira que deram origem às estrelas se dispersarão, as estrelas então se separarão e começarão a derivar em forma de aglomerados orbitando o centro da galáxia. Na distância estimada da NGC 7129, essa imagem feita por meio de um telescópio se espalha por aproximadamente 40 anos-luz.

Créditos: APOD

Fraturas extensionais

A imagem acima que tem uma resolução de 0.25 metros por pixel, foi feita pela câmera de ângulo restrito, ou NAC da sonda LRO pode-se encontrar estreitas fraturas que se estendem através da superfície da Lua, no mar de basaltos de Lacus Somniorum. Fraturas estreitas como essas são provavelmente feições extensionais causadas pela tensão que puxa as rochas separando-as em direções opostas. Fraturas similares já tinham sido encontradas anteriormente no topo de cadeias de dobramento na Lua. As fraturas nessa imagem estão também associadas com pequenas cadeias de dobramento. As fraturas são localizadas a leste da cadeia. Existe um grande número de outras cadeias de dobramento em área como essas.

Créditos: LROC

O distante Éris é gêmeo de Plutão

Estes eventos são muito raros e difíceis de observar, uma vez que o planeta anão se encontra muito longe e é muito pequeno. O próximo acontecimento do gênero envolvendo Éris será apenas em 2013. As ocultações oferecem-nos a maneira mais precisa, e muitas vezes a única maneira, de medir o tamanho e estimar a forma de corpos muito distantes do Sistema Solar. A estrela candidata a ocultação foi identificada ao serem estudadas imagens obtidas com o telescópio MPG/ESO de 2,2 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO. As observações foram planejadas cuidadosamente e levadas a cabo por uma equipe internacional de astrônomos de várias universidades (principalmente da França, Bélgica, Espanha e Brasil), que utilizaram, entre outros, o telescópio robótico TRAPPIST (sigla do inglês TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope), também instalado em La Silla. “Observar ocultações de pequenos corpos do Sistema Solar situados para além de Netuno requer grande precisão e planejamento. Esta é a melhor maneira de medir o tamanho de Éris, além de ir até lá, é claro!” explica Bruno Sicardy, o autor principal do trabalho, que será publicado na revista Nature. As observações da ocultação foram feitas em 26 locais diferentes espalhados por toda a Terra e que se encontravam na trajetória prevista da sombra do planeta anão - incluindo alguns telescópios de observatórios amadores. No entanto, só foi possível observar o evento diretamente em dois lugares apenas, ambos situados no Chile: um no Observatório de La Silla do ESO com o telescópio TRAPPIST e o outro em São Pedro de Atacama, onde se utilizaram dois telescópios (Caisey Harlingten e ASH2). Os três telescópios registaram uma diminuição do brilho da estrela distante correspondente à altura em que Éris bloqueou a sua radiação. As observações combinadas dos dois locais chilenos indicam que Éris tem uma forma praticamente esférica. Estas medições são bastante precisas no que dizem respeito à forma e ao tamanho do objeto, mas apenas se não tiverem sido distorcidas pela presença de montanhas altas, o que dificilmente existirá num corpo gelado tão grande. Éris foi identificado como sendo um objeto grande situado no Sistema Solar exterior em 2005. A sua descoberta foi um dos motivos que levou à criação de uma nova classe de objetos chamados planetas anões e à reclassificação de Plutão de planeta para planeta anão em 2006. Éris encontra-se atualmente três vezes mais longe do Sol do que Plutão. Embora observações anteriores utilizando métodos diferentes sugerissem que Éris era provavelmente 25% maior do que Plutão, com uma estimativa para o diâmetro de 3.000 quilômetros, este novo estudo prova que os dois objetos têm essencialmente o mesmo tamanho. O novo diâmetro calculado para Éris é de 2.326 quilômetros com uma precisão de 12 quilômetros, o que torna o seu tamanho melhor conhecido que o de Plutão, que tem um diâmetro estimado entre 2.300 e 2.400 quilômetros. O diâmetro de Plutão é mais difícil de medir devido à presença de uma atmosfera que torna impossível detectar diretamente a sua borda utilizando ocultações. O movimento do satélite de Éris, Disnomia, foi utilizado para estimar a massa de Éris. Descobriu-se que Éris é 27% mais pesado do que Plutão. A massa de Éris é 1,66 x 1022 kg, o que corresponde a 22% da massa da Lua. Combinando este resultado com o diâmetro estimou-se que a densidade de Éris é de 2,52 gramas por cm3. Para comparação a densidade da Lua é 3,3 gramas por cm3 e a da água é de 1,0 grama por cm3. “Esta densidade significa que Éris é provavelmente um grande corpo rochoso coberto por um manto relativamente fino de gelo,” comenta Emmanuel Jehin, que participou neste trabalho. O valor da densidade sugere que Éris é composto principalmente por rocha (85%), com uma pequena quantidade de gelo (15%). Este último encontra-se provavelmente numa camada com cerca de 100 km de espessura rodeando o enorme núcleo rochoso. Esta camada muito grossa composta principalmente por gelo de água não deve ser confundida com a camada muito fina de atmosfera gelada existente à superfície de Éris e que o torna tão refletor. Descobriu-se que a superfície de Éris é muito refletora, refletindo 96% da luz que lhe chega (albedo visível de 0,96). O albedo de um objeto representa a fração de luz que chega à sua superfície e que é refletida de volta ao espaço em vez de ser absorvida. Um albedo de 1 corresponde a uma superfície branca de reflexão perfeita, enquanto que 0 será a total absorção da cor preta. Para comparação, o albedo da Lua é de apenas 0,136, semelhante ao do carvão. O albedo de Éris corresponde a uma superfície ainda mais brilhante do que neve fresca na Terra, o que torna Éris um dos objetos do Sistema Solar mais refletores, simultaneamente com a lua gelada de Saturno, Enceladus. A superfície brilhante de Éris é muito provavelmente composta por uma mistura de gelo rico em nitrogênio e metano gelado - como nos indica o espectro do planeta anão - que cobre todo o planeta anão com uma camada de gelo fina muito refletora com menos de um milímetro de espessura. “Esta camada de gelo pode ter resultado da condensação em gelo da atmosfera de nitrogênio ou metano do planeta anão, que atinge a superfície à medida que o planeta anão se afasta do Sol ao longo da sua órbita alongada e entra cada vez mais num ambiente frio,” acrescenta Jehin. O gelo pode posteriormente voltar a transformar-se em gás à medida que Éris se aproxima do ponto mais próximo do Sol, a uma distância de cerca de 5,7 bilhões de quilômetros. Com os novos resultados a equipe pôde também estimar a temperatura à superfície do planeta anão, obtendo um resultado de no máximo -238º Celsius para a superfície iluminada pelo Sol e menos ainda para o lado noturno de Éris. “É extraordinário o quanto podemos aprender sobre um objeto distante pequeno como Éris quando o observamos passando em frente de uma estrela tênue, utilizando telescópios relativamente pequenos. Cinco anos depois da criação da nova classe dos planetas anões estamos finalmente conhecendo bem um dos seus membros fundadores,” conclui Bruno Sicardy.

Créditos: Astro News

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Zona dos raios

Você reconhece essa famosa cratera com 3.5 km de diâmetro? Ela foi primeiramente notada como sendo pouco comum no começo dos anos 1670 quando os observadores não podiam detectar diretamente crateras assim tão pequenas. Sendo tão pequena, ela só podia ser famosa pelo fato de ser muito brilhante e a imagem acima mostra que ela possui um anel bem nítido e parece ser bem jovem. É possível notar algo mais na imagem dessa cratera? Não estamos falando da sombra central, que na verdade é um artefato gerado pela composição das imagens que certamente usou imagens com o Sol baixo para poder compor essa cena. De volta a cratera propriamente dita o que podemos ver é a chamada Mancha Brilhante de Cassini, ou do inglês CBS no interior da cratera Deslandres. Um aspecto peculiar do CBS é que o material ejetado brilhante está todo para leste da cratera. Se você olhar com cuidado a imagem, poderá ver que os raios brilhantes se abrem na forma de V para leste, mas pode-se ver também que outros raios se propagam em outras direções. A forma em V sugere que o impacto foi oblíquo, e a distribuição alongada de 4,2 km na direção leste-oeste é a pista para isso, mas os raios normalmente se abrem na direção para baixo do impacto e os raios brilhantes aqui estão se propagando na direção errada. Talvez estejam mais coisas acontecendo aqui. A imagem da sonda LRO mostra um material muito brilhante exposto na parede leste da CBS, e mais para sudoeste onde a parede não é coberta pela poeira cinza. É possível que o CBS da cratera impactada na fronteira geológica com o material muito brilhante ocorra somente no lado leste? Mas por que não existem raios cinza de tamanhos similares? Esse mistério ainda não está resolvido.

Créditos: LPOD


Hoje é aniversário da minha querida mãe. Parabéns dona Suely!

O mundo misterioso de “Branca de Neve”

Cientistas descobriram um mundo misterioso apelidado de “Branca de Neve”, um planeta anão coberto de gelo que se encontra perto de Netuno, e que pode ostentar restos de uma fina atmosfera. Branca de Neve, oficialmente conhecido como 2007 OR10, orbita o Sol como parte do Cinturão de Kuiper. Ele é na verdade vermelho, mas metade de sua superfície é coberta por gelo que provavelmente veio de criovulcões antigos. A tonalidade avermelhada do planeta anão provavelmente vem de uma fina camada de metano, os últimos suspiros de uma atmosfera que se desintegrou no espaço por eras. “Esta bela imagem mostra o que já foi um mundo pequeno ativo com vulcões e atmosfera, e é agora apenas um local congelado, morto, com uma atmosfera que está lentamente desaparecendo”, disse o autor do estudo, Mike Brown. Branca de Neve tem cerca de metade do tamanho de Plutão. Como Plutão, é parte do Cinturão de Kuiper, que é o anel de corpos gelados que orbita o Sol além de Netuno. Na época de sua descoberta, em 2007, Brown calculou que Branca de Neve tinha se quebrado há muito tempo de outro planeta anão, chamado Haumea. Haumea, um estranho corpo da forma de uma bola de futebol americano, é revestido de água congelada, então Brown conclui que o planeta anão também era – daí o apelido de Branca de Neve. No entanto, observações de acompanhamento logo mostraram que Branca de Neve, como muitos outros objetos do Cinturão de Kuiper, era na verdade muito vermelho. Então, Brown e sua equipe não estavam esperando encontrar um monte de gelo quando usaram um telescópio no Chile para dar uma olhada na Branca de Neve no ano passado. Mas dados espectrais mostraram que a água congelada era abundante na superfície da Branca de Neve. Os cientistas conhecem outro planeta anão que é vermelho e coberto com água congelada: Quaoar, que Brown e sua equipe descobriram em 2002. Os pesquisadores acreditam que Quaoar, que é ligeiramente menor do que Branca de Neve, já teve uma atmosfera de compostos voláteis, tais como metano, monóxido de carbono e nitrogênio. Mas a sua gravidade não era forte o suficiente para prender estes produtos químicos, e o mundo de gelo começou a perder sua atmosfera para o espaço. Com o tempo, tudo escapou, exceto metano. E a radiação do espaço transformou as moléculas de metano – que consistem em um átomo de carbono ligado a quatro átomos de hidrogênio – em longas cadeias de hidrocarbonetos. Essas cadeias parecem vermelhas para os nossos instrumentos, e ficam em cima da superfície de água gelada de Quaoar. A Branca de Neve é semelhante a Quaoar, sugerindo que processos semelhantes ocorreram em ambos os planetas anões. “Essa combinação – vermelho e água – me diz ‘metano’”, disse Brown. “Estamos basicamente olhando para o último suspiro da Branca de Neve. Por quatro e meio bilhões de anos, Branca de Neve esteve lá fora, perdendo lentamente sua atmosfera, e agora há apenas um pouco dela”. Enquanto Branca de Neve definitivamente tem um monte de gelo em sua superfície, a evidência para o metano não é conclusiva. Os pesquisadores esperam usar telescópios ainda maiores para examinar o planeta anão no futuro.

Créditos: Live Science

Dentro, através e além dos anéis de Saturno

Uma quarta lua é visível na imagem acima, se você olhar com cuidado a imagem, poderá perceber esse pequeno satélite de Saturno. Porém o que chama atenção em primeiro lugar quando você olha na imagem é Titã, a maior lua de Saturno e uma das maiores do Sistema Solar. A feição escura que cruza o topo desse mundo que está eternamente coberto por nuvens é a calota polar norte. A segunda lua mais óbvia na imagem acima é Dione, visível em primeiro plano, Dione é um satélite que aparece repleto de crateras e com longos abismos de gelo. À esquerda da imagem pode-se ver alguns anéis de Saturno, incluindo o Anel A que apresenta a escura Falha de Encke. Mais a direita, fora dos anéis está Pandora, um satélite que tem apenas 80 km de diâmetro que contribui para alterar o Anel F de Saturno. E a quarta lua, onde está? Se você olhar com cuidado dentro da Falha de Encke poderá encontrá-lo, e essa pequena lua se chama Pan. Embora seja a menor lua de Saturno com apenas 35 km de diâmetro, Pan é massivo o suficiente para ajudar a manter a Falha de Encke relativamente livre de partículas dos anéis.

Créditos: APOD

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A beleza imperfeita de uma galáxia espiral

Nem todas as galáxias espirais possuem uma imagem da perfeição. A Messier 96, também conhecida como NGC 3368 é um exemplo de uma galáxia espiral que não é perfeita, seu núcleo é deslocado do centro, o gás e a poeira que constituem a galáxia estão distribuídos de forma assimétrica e os seus braços espirais são pouco definidos. Mas essa imagem feita com o instrumento FORS1 acoplado ao Very Large Telescope do ESO, mostra que a imperfeição também tem a sua beleza como é o caso da Messier 96. O núcleo da galáxia é compacto porém brilhante, e as linhas de poeira ao redor se movem num turbilhão delicado em direção ao núcleo. E os braços espirais, pedaços anelados de estrelas azuis jovens, são como colares de pérolas azuis. A Messier 96 está localizada na constelação de Leo, o Leão. Ela é a maior galáxia no grupo de galáxias conhecido como Leo I, incluindo seus braços espirais mais externos, a galáxia se expande por 100.000 anos-luz de diâmetro – aproximadamente o tamanho da nossa Via Láctea. Sua graciosa imperfeição provavelmente resulta da força gravitacional exercida por outros membros do grupo, ou talvez devido a encontros galácticos ocorridos no passado. Uma grande quantidade de galáxias pode ser vistas em Segundo plano através da espiral empoeirada. Talvez o mais proeminente desses objetos é uma galáxia que aparece de lado e parece assim interromper o braço espiral mais externo da parte superior esquerda do núcleo da Messier 96.

Créditos: ESO

Telescópios ajudam a resolver antigos mistérios de supernova

Um mistério que começou há quase 2.000 anos, quando astrônomos chineses testemunharam o que viria a ser a explosão de uma estrela no céu, foi resolvido. Novas observações infravermelhas com o Telescópio Espacial Spitzer da NASA e com o WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), revelam como a primeira supernova documentada da história ocorreu e como os seus restos aniquilados, em última análise, se espalharam a grandes distâncias. Os achados mostram que a explosão estelar teve lugar numa cavidade oca, permitindo com que o material expelido viajasse muito mais depressa e mais longe do que o esperado. "Este resto de supernova ficou muito grande, muito depressa," afirma Brian J. Williams, astrônomo da Universidade Estatal da Carolina do Norte em Raleigh, EUA. Williams é o autor principal de um novo estudo detalhando os achados online na revista Astrophysical Journal. "É duas a três vezes maior do que esperávamos, tendo em conta que é uma supernova que explodiu há quase 2.000 anos atrás. Agora, fomos capazes de finalmente descobrir a causa." Uma nova imagem da supernova, conhecida como RCW 86, foi colocada online. No ano 185, astrônomos chineses observaram uma "estrela hóspede" que misteriosamente apareceu no céu e permaneceu visível durante aproximadamente 8 meses. Na década de 60 do século passado, os cientistas determinaram que o misterioso objeto foi a primeira supernova documentada. Mais tarde, calcularam que a supernova RCW 86 estava localizada a cerca de 8.000 anos-luz de distância. Mas um mistério persistia. Os restos esféricos da estrela são maiores do que se esperava. Se pudessem ser observados no céu, hoje, no infravermelho, teriam um tamanho relativo superior à da Lua Cheia. A solução chegou através de novas observações infravermelhas obtidas com o Spitzer e com o WISE, e dados anteriores do Observatório Chandra e do Observatório XMM-Newton da ESA. Os achados revelam que o evento é uma supernova do "Tipo Ia", criada pela relativamente pacífica morte de uma estrela como o nosso Sol, que depois encolheu até formar uma estrela densa a que chamamos de anã branca. Pensa-se que a anã branca tenha posteriormente explodido após ter roubado matéria, ou combustível, de uma estrela vizinha. "As anãs brancas são como uma espécie de cinza após um incêndio," afirma Williams. "Se lhe deitamos gasolina, explode." As observações também mostram, pela primeira vez, que uma anã branca pode criar uma cavidade à sua volta antes de explodir num evento Tipo Ia. A cavidade explica o porquê dos restos de RCW 86 serem tão grandes. Quando a explosão ocorreu, o material expelido viajou sem impedimentos do gás e poeira e espalhou-se rapidamente. O Spitzer e o WISE permitiram com que a equipe medisse a temperatura da poeira que constitui o resto de RCW 86 a -200º C. Calcularam então a quantidade suficiente de gás, presente dentro do resto, para aquecer a poeira àquela temperatura. Os resultados apontam para um ambiente de baixa-densidade durante grande parte da vida do resto, essencialmente uma cavidade. Os cientistas inicialmente suspeitavam que RCW 86 era o resultado do colapso do núcleo de uma supernova, o mais poderoso tipo de explosão estelar. Tinham já visto evidências de uma cavidade em torno do resto da explosão e, nessa altura, tais cavidades estavam apenas associadas com o colapso do núcleo da supernova. Nesses eventos, as estrelas massivas libertam material antes de explodirem, esculpindo buracos à sua volta. Mas outras evidências iam contra o colapso nuclear da supernova. Dados em raios-X obtidos pelo Chandra e pelo XMM-Newton indicavam que o objeto consistia de grandes quantidades de ferro, um sinal tantalizante de uma explosão do Tipo Ia. Em conjunto com observações infravermelhas, foi pintado um quadro da explosão do Tipo Ia e da cavidade. "Os astrônomos modernos desvendaram um segredo de um mistério com dois milênios, para apenas revelar outro," afirma Bill Danchi, cientista dos programas Spitzer e WISE na sede da NASA em Washington. "Agora, com observações múltiplas que fazem crescer o nosso conhecimento do espaço, podemos apreciar a espectacular física por trás desta morte estelar, e ainda ficar espantados com o Cosmos tal como os astrônomos da Antiguidade."

Créditos: Astronomia On-line

Água super-crítica em 55 Cancri-e

Uma equipe de astrônomos liderada por Michael Gillon da Universidade de Liége, e incluindo membros do MIT, da Universidade de Maryland e do Observatório da Universidade de Genebra, publicou um artigo em que reporta um refinamento do raio do planeta 55 Cancri-e obtido com novas observações realizadas com o telescópio Spitzer, no infravermelho, em Junho de 2011. Trata-se do planeta mais interior dos 5 (conhecidos) que orbitam a estrela 55 Cancri, uma anã de tipo espectral G8V, enriquecida em “metais” relativamente ao Sol e situada a 40 anos-luz na direção da constelação do Caranguejo. A estrela é a mais brilhante para a qual se conhece um planeta que realiza trânsitos, sendo mesmo visível a olho nu assumindo um céu escuro e bem limpo. Apesar do 55 Cancri-e ter sido descoberto em 2004, os seus trânsitos só foram descobertos este ano, através de campanhas de observação realizadas com os telescópios espaciais Spitzer e MOST. O planeta orbita a estrela em apenas 17,7 horas e tem uma massa de 8.6 vezes a da Terra. Os novos dados, quando combinados com observações prévias obtidas com o Spitzer e com o telescópio fotométrico canadense MOST, permitiram obter a melhor estimativa atual para o raio do planeta: 2.17 vezes o raio da Terra, com um erro de apenas 5%. Este resultado implica que a densidade média do planeta é de 4.0 g/cm3, pelo que o planeta deverá ser composto por um núcleo rochoso coberto com pelo menos 20% (em massa) de água e outras substâncias voláteis. Na realidade, tendo em conta a gravidade superficial do planeta e a sua localização junto à estrela hospedeira, a água à superfície deverá estar num estado designado de super-crítico. A relação entre o raio e a massa de um planeta em função da sua composição interna. O raio e a massa de 55 Cancri-e segundo Gillon, podem ser explicados assumindo um planeta com um núcleo rochoso (80% em massa) rodeado de materiais voláteis, principalmente água (20% em massa). Quando a água é submetida a pressões acima das 220 atmosferas e a temperaturas acima dos 640 Kelvin, as suas fases líquida e gasosa fundem-se numa só fase, passando a existir um fluido com propriedades notáveis. Por exemplo, em laboratório verificou-se que neste estado a água atua como um solvente orgânico e, com a adição de oxigênio, permite a queima limpa de moléculas orgânicas complexas e perigosas como as dioxinas. Nas regiões mais interiores do planeta, onde a temperatura e a pressão são ainda mais elevadas, a água deve apresentar-se sob a forma de gelos exóticos.

Créditos: AstroPT

domingo, 23 de outubro de 2011

Nuvens de Júpiter

A sonda New Horizons fez impressionantes imagens de Júpiter, quando passou pelo planeta a caminho de Plutão. Famoso por ter a maior tempestade do Sistema Solar, a Grande Mancha Vermelha, Júpiter é conhecido também por ter em sua atmosfera visível da Terra, bandas de nuvens equatoriais regulares, que qualquer telescópio de tamanho moderado pode revelar com facilidade. A imagem acima, foi feita em 2007 próximo do terminador de Júpiter e mostra a grande diversidade dos padrões de nuvens do gigante Joviano. Na parte esquerda da imagem estão as nuvens mais próximas do pólo sul de Júpiter. Nesse local turbulentos redemoinhos e turbilhões são vistos numa região escura, denominada de cinturão, que envolve todo o planeta. Mesmo as regiões com tonalidades claras, chamadas de zonas, mostram uma espetacular estruturação, completada com complexos padrões de onda. A energia que dirige essas ondas certamente vem de baixo. A sonda New Horizons é considerada a sonda mais rápida já lançada, ela está agora passando pela órbita de Saturno e Urano e está na sua trajetória que deve alcançar o seu destino final, ou seja, o planeta Plutão, em 2015.

Créditos: APOD

Satélite ROSAT da Alemanha reentra na atmosfera da Terra

O satélite observatório de Raios-X ROSAT da Deutsches Zentrum für Luft- und Raumfahrt (DLR), ou seja, da Agência Espacial Alemã, reentrou na atmosfera da Terra nesse domingo, dia 23 de Outubro de 2011 entre 1:45 e 2:15 UTC de acordo com a DLR. Nesse momento, é incerto se os detritos do ROSAT atingiram a superfície ou caíram no oceano. Lançado em 1990, o ROSAT passou os últimos 21 anos e 4 meses na órbita da Terra. Durante a janela de reentrada, o satélite passava sobre o oceano Índico e parte da Ásia, como Myanmar e China. As estimativas indicam que o momento da reentrada foi à 1:50 UTC mais ou menos 7 minutos. Essa hora de reentrada calculada coloca o satélite sobre o Oceano Índico, longe da China. Onde exatamente os detritos do ROSAT atingiram a Terra será anunciado com o passar do tempo à medida que informações mais precisas sejam conseguidas e analisadas. O descomissionado German X-Ray Observatory Satellite, ROSAT, estava frente a uma reentrada descontrolada na Terra desde meados de Outubro de 2011. Lançado em 1990 a bordo de um foguete Delta II, o satélite operou por 8 anos e meio e foi desligado em 1999 enviado para uma órbita descontrolada em direção à atmosfera da Terra. Por mais de 12 anos, o satélite veio vagarosamente se aproximando das camadas superiores da atmosfera da Terra e experimentando uma força que aumentava exponencialmente à medida que o tempo passava. Com base nos estudos feitos pelas agências espaciais pelo mundo é possível que aproximadamente 30 pedaços do satélite tenham sobrevivido à queima na atmosfera. O satélite tinha um sistema óptico de raios-X composto por espelhos e por uma estrutura mecânica feita de fibra de carbono reforçada, esses componentes poderiam sim sobreviver a uma reentrada e atingir a Terra a uma velocidade de 450 quilômetros por hora. Há um mês atrás, mais precisamente em 24 de Setembro de 2011, o satélite Upper Atmosphere Research Satellite, ou UARS da NASA, um objeto de 6.3 toneladas reentrou na atmosfera da Terra e gerou manchetes no mundo todo, a NASA previu também que 30 pedaços do UARS sobreviveriam à queima na reentrada. Devido a vastidão de oceanos que cobre a Terra, a probabilidade de um pedaço de um satélite durante a reentrada atingir alguém machucando ou danificando algo é baixa, no caso do ROSAT a chance era de 1 em 3.200, ou seja, uma pessoa seria atingida por um destroço de um satélite a cada 3.200 eventos iguais a esse. O STRATCOM dos EUA rastreia milhares de objetos localizados na órbita baixa da Terra, artefatos que variam de tamanho desde 10 centímetros até objetos do tamanho de campos de futebol como a ISS. Mark Matney um pesquisador de detritos orbitais do Johnson Space Center da NASA em Houston disse que em média um objeto rasteado reentra na atmosfera da Terra por dia. Pequenos satélites e partes de foguetes reentram uma vez por semana e grandes objetos como o UARS e o ROSAT caem na Terra uma vez por ano, ou seja, nesse ano já estamos acima da média.

Créditos: Cienctec

Curiosity acoplada ao escudo aéreo pronta para sua viagem a Marte

O escudo aéreo da mais nova missão da NASA a Marte, conhecida como Mars Science Laboratory paira sobre as cabeças dos técnicos na Payload Hazardous Servicing Facility do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. O escudo aéreo, que foi acoplado a outro estágio da missão, contém o mais recente robô que irá explorar Marte, o Curiosity que tem um tamanho comparável a um carro compacto. Pode-se notar na imagem acima as rodas pretas do Curiosity saindo da parte de baixo do escudo aéreo. O Curiosity vai procurar por evidências de que Marte uma vez em sua história possuiu ambientes favoráveis ​​para a vida microbiana. A NASA planeja lançar a missão MSL a bordo de um foguete Atlas V em 25 de Novembro de 2011, a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral na Flórida rumo a Marte.

Créditos: Cienctec

sábado, 22 de outubro de 2011

VISTA descobre novos aglomerados estelares globulares

Dois novos aglomerados globulares juntaram-se ao total dos 158 já conhecidos na Via Láctea. Estes objetos foram encontrados nas novas imagens do telescópio de rastreio VISTA do ESO, no âmbito do rastreio que está sendo executado na Via Láctea (VVV). Este rastreio descobriu o primeiro aglomerado estelar que se encontra muito além do centro da Via Láctea e cuja luz, para chegar até nós, teve que viajar através do gás e poeira que se encontram no coração da nossa galáxia. O aglomerado globular brilhante chamado UKS 1 domina o lado direito da primeira das novas imagens infravermelhas do telescópio de rastreio VISTA, situado no Observatório do Paranal, no Chile. No entanto, se desviarmos por um momento os olhos deste objeto brilhante, espera-nos uma surpresa neste campo rico em estrelas – um aglomerado globular mais tênue descoberto nos dados de um dos rastreios do VISTA. Para distinguir este aglomerado estelar é necessária uma observação atenta. Este objeto, chamado VVV CL001, consiste numa pequena coleção de estrelas visível na metade esquerda da imagem. O VVV CL001 é apenas o primeiro das descobertas globulares do VISTA. A mesma equipe descobriu um segundo objeto, VVV CL002. Este pequeno e tênue grupo de estrelas pode ser também um aglomerado globular, o mais próximo do centro da Via Láctea conhecido até agora. A descoberta de um novo aglomerado globular é muito rara, sendo que o último foi descoberto em 2010 e que apenas eram conhecidos 158 na nossa galáxia antes destas novas descobertas. Estes novos aglomerados são as primeiras descobertas do rastreio do VISTA intitulado Variáveis na Via Láctea (VVV), que estuda do modo sistemático as regiões centrais da Via Láctea no infravermelho. A equipe VVV é liderada por Dante Minniti (Pontificia Universidad Católica de Chile) e por Philip Lucas ((Centre for Astrophysics Research, University of Hertfordshire, RU). Além de aglomerados globulares, o VISTA também está encontrando muitos aglomerados abertos ou galácticos, os quais contêm geralmente estrelas mais jovens e em menos quantidade do que os aglomerados globulares e são muito mais comuns. Outro aglomerado recentemente anunciado, VVV CL003, parece ser um aglomerado aberto que se encontra na direção do centro da Via Láctea, mas muito mais longe, ou seja cerca de 15 000 anos-luz além do centro. Este é o primeiro aglomerado deste tipo a ser descoberto do lado de lá da Via Láctea. Devido ao brilho fraco dos novos aglomerados encontrados, não é de admirar que estes tenham permanecido escondidos durante tanto tempo. Até há cerca de alguns anos atrás o UKS 1 (visto na imagem acima), que eclipsa totalmente em brilho estes objetos, era o aglomerado globular mais tênue conhecido na Via Láctea. Devido à absorção e avermelhamento da radiação estelar por efeito da poeira interstelar, estes objetos apenas podem ser observados no infravermelho e consequentemente o VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo inteiro, está idealmente preparado para procurar novos aglomerados que se encontrem escondidos por trás de poeira nas regiões centrais da Via Láctea. Uma possibilidade interessante é que o VVV CL001 esteja gravitacionalmente ligado ao UKS 1 – tornando estes dois grupos estelares no primeiro par binário de aglomerados globulares na Via Láctea.

Créditos: ESO

Herschel encontra um oceano de água no disco de uma estrela próxima

Usando dados do Observatório Espacial Herschel, os astrônomos detectaram pela primeira vez o vapor de água fria envolvendo um disco de poeira ao redor de uma estrela jovem. As descobertas sugerem que este disco, que está prestes a se transformar em um sistema solar, contém grandes quantidades de água, sugerindo que a cobertura de água em planetas como a Terra pode ser comum no universo. O Herschel é uma missão da Agência Espacial Europeia, com importantes contribuições da NASA. Os cientistas já haviam encontrado vapor de água quente em discos de formação de planetas perto de uma estrela central. Evidências para grandes quantidades de água que se estendem para as regiões mais frias e distantes dos discos, regiões essas onde os cometas tomam forma não tinham sido observadas até agora. Quanto mais água disponível em discos para os cometas congelados se formarem, maior a chance de que grandes quantidades eventualmente atingirão novos planetas através de impactos. “Nossas observações deste vapor frio indicam a existência de água suficiente no disco para preencher milhares de oceanos da Terra”, disse o astrônomo Michiel Hogerheijde do Observatório de Leiden na Holanda. Hogerheijde é o principal autor de um artigo descrevendo os resultados que foi publicado na edição 21 de Outubro de 2011 na revista Science. A estrela com este disco alagado, chamada TW Hydrae, tem 10 milhões de anos e localiza-se a cerca de 175 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Hidra. Acredita-se que a neblina, frígida aquosa detectada por Hogerheijde e sua equipe se origine de gelo revestindo os grãos de poeira perto da superfície do disco. A radiação ultravioleta da estrela faz com que algumas moléculas de água se livrem deste gelo, criando uma fina camada de gás com uma assinatura de luz detectada pelo instrumento Heterodyne Instrument for the Far-Infrared ou HIFI, que viaja a bordo do Herschel. “Essas são as observações mais sensíveis já feitas até a data com o HIFI”, disse Paul Goldsmith, o cientista da NASA para o projeto do Observatório Espacial Herschel no Jet Propulsion Laboratory em Pasadena, Califórnia “Essa é uma prova para os construtores de instrumentos de que tais sinais fracos podem ser detectados”. A TW Hydrae é uma estrela anã laranja, um pouco menor e mais fria do que o nosso Sol que é amarelo-branco. O disco gigante de material que circunda a estrela tem um tamanho de cerca de 200 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Ao longo dos próximos milhões de anos, os astrônomos acreditam que a matéria dentro do disco irá colidir e crescer em forma de planetas, asteróides e outros corpos cósmicos. Partículas de poeira e gelo vão se aglomerar e formar cometas. À medida que o novo sistema solar evolui, os cometas de gelo provavelmente depositarão grande parte do gelo que os forma nos mundos recém criados por meio de impactos, dando origem assim aos oceanos Os astrônomos acreditam que a TW Hydrae e seu disco de gelo podem ser representativos de muitos outros sistemas estelares jovens, oferecendo novas idéias sobre como os planetas com água em abundância poderiam se formar em todo o universo.

Créditos: JPL

Satélite ROSAT deve cair na Terra entre 21 e 25 de outubro

Um satélite morto de 2.4 toneladas está prestes a fazer sua reentrada triunfal na atmosfera da Terra a partir do dia 21 de Outubro de 2011. O German Roentgen Satellite, ou ROSAT, vem à deriva na órbita da Terra desde que foi descomissionado em 1999. Os EUA e o Reino Unido também estavam envolvidos nessa missão. Parece que já vimos uma notícia parecida com essa a pouco tempo, e é verdade. No dia 24 de Setembro de 2011, o satélite da NASA Upper Atmosphere Research Satellite, ou UARS reentrou na atmosfera em um local desconhecido, provavelmente no meio do Oceano Pacífico e felizmente não trouxe risco para ninguém na Terra. Embora o UARS tenha sido um grande detrito espacial que reentrou na atmosfera da Terra, as chances do ROSAT dar um dia de azar para alguém são maiores. Existe a chance de 1 em 2.000 de que detritos do satélite caiam em alguém no planeta Terra. No caso do UARS essa chance era de 1 em 3.200. O ROSAT é um satélite bem diferente do que o UARS. Além de analisar a atmosfera, o ROSAT foi desenhado para catalogar fontes de raios-X no espaço profundo. O telescópio espacial mapeou cerca de 110.000 estrelas e supernovas. Ele também fez a surpreendente descoberta de que cometas também emitem raios-X. Como o UARS, o ROSAT se quebrará em vários pedaços ao reentrar na atmosfera da Terra, os engenheiros da agência espacial alemã acreditam que a reentrada deva gerar aproximadamente 30 pedaços que devam se espalhar por uma trajetória de mais de 50 quilômetros. Espera-se que o maior pedaço que deve sobreviver à queda tenha 81 cm de largura e pese 400 kg, seria um espelho de alta temperatura. Olhando as redes sociais pode-se ver que existe um alvoroço dizendo que o satélite cairá no Brasil, mas será que os engenheiros envolvidos nesse processo sabem onde cairá o ROSAT? Mais uma vez, como no caso do UARS, ninguém sabe, a única coisa que se sabe é que a órbita do satélite cobre uma vasta região do globo terrestre de 53 graus norte de latitude até 53 graus sul. A região é um pouco menor se comparada com o UARS que ia de 57 graus norte até 57 graus sul. Mesmo assim, é um intervalo muito grande e que cobre grande parte do território onde vive a população mundial. Mas fiquem tranquilos, a chance do ROSAT cair no Brasil não é muito grande. O ROSAT está vagarosamente cambaleando, sendo atraído pela Terra e perdendo altitude. De acordo com o German Aerospace Center, entre 21 de Outubro de 2011 e 25 de Outubro de 2011, ele deve cair na sua órbita de 70 para 65 quilômetros e quando alcançar essa altura, ele ficará fora de controle a uma velocidade de 28.000 km/h e 10 minutos depois o ROSAT irá virar poeira. Embora seja difícil dizer onde e quando o satélite irá cair, à medida que os momentos finais de vida do ROSAT se aproximam mais precisas as estimativas vão ficando. Logo, logo, teremos mais dias de emoção e espera para tentar descobrirmos qual será o destino do ROSAT.

Créditos: Discovery News

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Caudas do cometa Garradd

Considerado um bom alvo para binóculos e pequenos telescópios, o cometa Garradd (C/2009 P1) brilha agora nos céus do planeta Terra, à noite. Um artista que tem apresentações constantes para nós, mas que ainda se exibe abaixo do limite da visibilidade a olho nu. Imagens telescópicas compostas como essa feita no dia 15 de Outubro de 2011 pode encontrar o cometa com uma coma verde encantadora, mostrando múltiplas caudas e brilhando firme contra um fundo de estrelas fracas. O campo de visão é maior que 1 grau ou algo em torno de duas luas cheias e localiza-se dentro da borda sul da constelação de Hércules. Agora, a uma distância de cerca de 16 minutos-luz (2 unidades astronômicas) da Terra, o P1 Garradd é um cometa intrinsecamente grande, mas nunca vai fazer uma aproximação muito perto da Terra ou do Sol, enquanto estiver varrendo o interior do Sistema Solar. Como resultado, o cometa provavelmente só se apresentará para observadores munidos de telescópios, movendo-se lentamente através do céu e permanecendo na constelação de Hércules pelos próximos meses.

Créditos: APOD

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um proto-exoplaneta jovem

Quarta-feira, dia 19 de Outubro de 2011, os cientistas usaram o maravilhoso poder dos telescópios gêmeos de 10 metros, Keck, para registrar o sinal infravermelho de um jovem exoplaneta que orbita a estrela LkCa 15. O exoplaneta, denominado de LkCa 15 b, é o mais jovem mundo fora do Sistema Solar imageado de forma direta. Contudo, o sinal infravermelho mostrou um objeto difuso dentro de uma claro disco de transição de poeira. Os discos de transição são pensados como o estágio final da formação dos planetas, à medida que a poeira no disco protoplanetário começa a desaparecer deixando para trás um sistema de novos mundos. A espetacular impressão artística mostrada acima do sistema solar LkCa 15, foi criada por Karen Teramura do Instituo de Astronomia na Universidade do Havaí. Nessa imagem conceito, o planeta é visto arrastando uma nuvem de poeira e gás com ele. Essas seria a nuvem que o Keck registrou, com um mundo bebê ainda se formando em seu casulo natal.

Créditos: Discovery News

Spitzer fotografa o mais frio dos companheiros

Telescópio Espacial Spitzer da NASA captou a imagem de uma estrela próxima e sua companheira em órbita - cuja temperatura é como um dia quente de verão no Arizona. "Nós descobrimos um novo recordista para o mais frio companheiro fotografado fora do sistema solar, que é quase tão frio quanto a Terra", disse Kevin Luhman, astrônomo, e principal autor de um par de artigos sobre os resultados no The Astrophysical Journal. "Acreditamos que o objeto é uma anã marrom, mas poderia ser um planeta gasoso gigante também." Com base na luz infravermelha que ele emite, o objeto, chamado WD 0806-661 B, parece ter uma temperatura na faixa de 27 a 70 graus Celsius. Na extremidade inferior, WD 0806-661 B oferece uma temperatura terrestre bastante agradável e nem sequer é tão quente como o corpo humano. Pesquisadores da WD 0806-661 B, dizem que têm entre seis e nove massas de Júpiter, o que significa que pode ainda ser considerada como um planeta, embora seja particularmente robusto feito principalmente de gás. Em vez disso, eles suspeitam que é um tipo de estrela falhada, chamada de anã marrom. WD 0806-661 B, provavelmente, pertence a uma classe recentemente descoberta nova de objetos chamados anões Y, a mais fria categoria de anãs marrons. Astrônomos usando Wide-field Infrared da NASA, anunciou o lançamento dos primeiros seis anões Y em agosto. Esses objetos não orbitam estrelas e, estão flutuando no espaço por si só, ao contrário WD 0806-661 B.

Créditos: JPL

Spitzer detecta chuva de cometas em sistema estelar próximo

O Telescópio Espacial Spitzer da NASA detectou sinais de uma chuva de corpos gelados em um sistema alienígena solar. A chuva lembra o nosso próprio sistema solar vários bilhões de anos atrás, durante um período conhecido como “Bombardeio Pesado Tardio”, que pode ter trazido água e outros ingredientes formadores de vida para a Terra. Durante essa época, cometas e outros objetos gelados que foram arremessados ​​do sistema solar exterior golpeando os planetas interiores. O bombardeio deixou marcas na nossa Lua e produziu grandes quantidades de poeira. Agora Spitzer detectou uma faixa de poeira em torno de uma estrela próxima brilhante no céu do norte chamada Eta Corvi que fortemente se ajusta ao conteúdo de um cometa gigante obliterado. Essa poeira está localizada perto o suficiente da Eta Corvi de modo que mundos semelhantes à Terra possam existir, sugerindo que ali ocorreu uma colisão entre um planeta e um ou mais cometas. O sistema Eta Corvi tem aproximadamente um bilhão de anos, o que de acordo com os pesquisadores é a idade correta para esse tipo de chuva de granizo cósmica. “Nós acreditamos que temos evidência direta para que esteja ocorrendo algo semelhante ao “Bombardeio Pesado Tardio” no sistema estelar próximo da Eta Corvi, que pode estar acontecendo aproximadamente na mesma época em que aconteceu no nosso Sistema Solar”, disse Carey Lisse, cientista de pesquisa sênior no Applied Physics Laboratory da Johns Hopkins University. Os astrônomos usaram detectores infravermelhos do Spitzer para analisar a luz que vem da poeira em torno da Eta Corvi. Impressões digitais químicas determinadas foram observadas, incluindo àquelas relacionadas com o gelo de água, com elementos orgânicos e rochas, indicando que a fonte seria um cometa gigante. A assinatura de luz emitida pela poeira em torno da Eta Corvi também lembra a assinatura do meteorito Almahata Sitta , que caiu na Terra em fragmentos em todo o Sudão em 2008. As semelhanças entre o meteorito e o objeto destruído em Eta Corvi implicam num local de nascença comum em seus respectivos sistemas solares. Um segundo anel, mais massivo de poeira mais fria localizado na borda mais distante do sistema Eta Corvi parece ser o ambiente adequado para um reservatório de corpos cometários. Este anel brilhante, descoberto em 2005, localiza-se a uma distância igual a 150 vezes a distância da Terra ao Sol da Eta Corvi. Nosso sistema solar tem uma região similar, conhecida como Cinturão de Kuiper, onde restos de gelo e rochas da formação de planetas sobrevivem. Os novos dados do Spitzer sugerem que o meteorito Almahata Sitta pode ter se originado no nosso próprio Cinturão de Kuiper. O Cinturão de Kuiper era o lar de um número muito maior desses corpos congelados, chamada de objetos do Cinturão de Kuiper. Cerca de 4 bilhões de anos atrás, cerca de 600 milhões de anos após a formação do nosso sistema solar, acreditam os cientistas que o Cinturão de Kuiper foi perturbado por uma migração do gás dos planetas gigantes Júpiter e Saturno. Esta mudança dissonante em equilíbrio gravitacional do sistema solar dispersou os corpos gelados no Cinturão de Kuiper, atirando a grande maioria para o espaço interestelar e produzindo uma poeira fina no cinturão. Alguns objetos do Cinturão de Kuiper, no entanto, foram colocados em trajetórias que cruzavam as órbitas dos planetas interiores. O bombardeio resultante de cometas durou até 3,8 bilhões de anos atrás. Depois de cometas terem se chocado com o lado da Lua que fica de frente para a Terra, o magma escoou para fora da crosta lunar, finalmente se resfriando e formando assim os mares escuros. Quando visto contra a áreas mais claras em torno da superfície lunar, os mares formam a famosa visão do Homem na Lua. Os cometas também atingiram a Terra ou se incendiaram na atmosfera, e acredita-se tenham sido os responsáveis pela deposição de água e carbono em nosso planeta. Este período de impactos poderia ter ajudado a formar vida, oferecendo seus ingredientes cruciais. “Nós achamos que o sistema Eta Corvi deve ser estudado em detalhe para se saber mais sobre a chuva de cometas e outros objetos que podem ter sido os responsáveis pelo início da vida no nosso planeta”, disse Lisse.

Créditos: JPL

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Meteoros Draconidas sobre a Espanha

O que são esses riscos no céu? Eles são meteoros da chuva de meteoros Draconidas que teve seu pico de atividade no início do mês de Outubro de 2011. A imagem composta acima registra numerosos rastros de meteoros em mais de 90 minutos sobre as ruínas celtas de Capote na província de Badajoz, Espanha. As partículas que geraram esses meteoros tinham o tamanho típico de um seixo e foram expelidas há muito tempo a partir do núcleo do cometa 21P/Giacobini-Zinner. A maioria dos meteoros acima pode ser rastreada até uma única radiante emanando da constelação do Dragão (Draco). Relatórios da chuva de meteoros desse ano indicam que a Draconidas foi excepcionalmente boa este ano com a maior atividade se concentrada em torno de 20:00 UT em 08 de outubro. A mais intensa chuva de meteoros Draconidas na história recente ocorreu em 1933 e 1946, quando milhares de meteoros por hora foram registrados à medida que a Terra passou através das regiões particularmente densas de detritos do cometa. Embora a Draconidas ocorra em todo mês de outubro, é normalmente difícil saber o quão ativa essa chuva de meteoros será em cada ano.

Créditos: APOD

Cometa Halley causa chuva de meteoros esta semana

Esta semana e a próxima podem reservar a você, fã de astronomia, um grande espetáculo no céu de madrugada. Se você acordar antes do amanhecer em qualquer data entre 17 e 26 de outubro, terá a chance de observar uma Oriónida. O fenômeno, que acontece uma vez por ano mais ou menos nesta época, é causado pelo famoso Cometa Halley. Em curta definição, uma Oriónida é uma chuva de meteoros. Esse evento astronômico leva o nome de Oriónida porque tem seu radiante na constelação de Órion (radiante é o ponto no céu de onde os meteoros parecem se originar), que fica mais visível para nós, da Terra, por volta das cinco da manhã. Um meteoro consiste, basicamente, de um pedaço que se desprendeu de um cometa. O cometa Halley, por exemplo, é um corpo celeste que foi rejeitado no processo de formação do sistema solar em algum momento, e agora orbita pelo universo assim como um planeta. Lentamente, os cometas se desmancham, e os pedaços resultantes são os meteoros que podemos ver. O cometa Halley só é visível, para a Terra, a cada 75 ou 76 anos, quando se encontra no periélio (o ponto mais próximo do Sol, em sua órbita). Mas se é difícil conseguir acompanhar esse fenômeno, o Halley nos brinda uma vez por ano com as Oriónidas (em maio, ocorre um fenômeno parecido em outra constelação). Nessas ocasiões, pedaços do cometa se desprendem, viram meteoros e passam pela atmosfera terrestre em alta velocidade durante mais de uma semana. Quando isso acontece, o calor atmosférico que consome o meteoro eleva sua temperatura a tal ponto que podemos vê-lo (são as chamadas “estrelas cadentes”). A cada noite, desde o dia 17, estão sendo produzidos de 15 a 20 meteoros por hora (sem contar os cerca de dez meteoros esporádicos que sempre podem aparecer), de uma às cinco da manhã. Durante esse período, você tem a chance de observar uma grande chuva de “estrelas cadentes”, não importa que hemisfério você habita (o evento é visível tanto no sul quanto no norte). Em áreas urbanas, a visibilidade fica reduzida, por isso o efeito é melhor apreciado se você mora na zona rural, onde há menos poluição do ar. As chances de você conseguir observar isso são grandes. Entre 20 e 24 de outubro, auge da “produção” de meteoros, acorde cerca de uma hora antes do amanhecer no lugar onde você mora, e as chances de observar o fenômeno são de 75%. Considerando que o Cometa Halley, “em pessoa”, só será novamente visível para nós em 2061, é uma opção melhor do que esperar por ele.

Créditos: Hypescience

Sonda Dawn registra vales equatoriais e material escuro no asteróide Vesta

Essas imagens do asteróide Vesta feitas com a câmera de enquadramento da sonda Dawn mostram regiões localizadas em torno de calhas equatoriais com duas resoluções diferentes. A imagem da esquerda tem uma resolução menor de 260 metros por pixel e a imagem da direita tem uma maior resolução de 66 metros por pixel. Muitas áreas de material escuro podem ser visíveis na imagem de resolução mais baixa incluindo um monte escuro. A imagem de alta resolução exibe mais detalhes desta colina, como seu contato irregular com o resto da superfície do Vesta. Muitos outros detalhes também são visíveis na imagem à direita, quando comparado com a imagem à esquerda, como pequenos sulcos lineares aproximadamente paralelos às calhas e feições de deslizamento e escorregamento de terra no canto direito da cratera. A nave espacial Dawn da NASA obteve estas imagens com sua câmera de enquadramento em 20 de Agosto e 20 de Setembro de 2011. Estas imagens foram tiradas através do filtro limpo da câmera. A distância para a superfície de Vesta é 2.740 km e 673 km e as imagens têm uma resolução de cerca de 260 metros e 66 metros por pixel, respectivamente.

Créditos: Cienctec

O mistério de uma cratera enterrada na Lua

Como sabemos o Mare Serenitatis na Lua guarda vários segredos e mistérios, entre eles uma feição circular que aparece no centro da imagem acima. A questão aqui é, seria essa feição circular uma cratera de impacto enterrada? Para responder a essa pergunta os astrônomos amadores fazem imagens dessa região da Lua tentando desvendar esse mistério. Para se descobrir o que é essa feição a iluminação tem um papel fundamental, somente com imagens com diferentes iluminações ou com a correta iluminação é que se pode definir o que realmente é essa estrutura. Alguns astrônomos não têm dúvida de que essa feição é uma cratera enterrada, formada por uma coincidente corrente de pequenas crateras de impacto, e outras partes sendo formadas por lavas de mares. O pico central é apenas um ponto branco, talvez esse ponto nem seja um pico central, mas sim um conjunto de crateras muito pequenas para serem resolvidas individualmente e jovens o suficiente para terem coberturas de material ejetado. Provavelmente esse seja um exemplo que comprova a habilidade do ser humano de ver padrões em todos os lugares mais do que uma cratera fantasma real, talvez essa seja a explicação mais provável, mas não a mais satisfatória. A feição circular que estamos analisando quebra a tendência de sequência das cadeias de mares, o que é consistente com uma cratera tendo sido deformada na direção das cadeias que se formaram posteriormente. Mapas detalhados da região feitos com imagens da sonda LRO da NASA mostra que uma pequena sombra é gerada no centro da feição podendo ser uma colina que seria então o topo não enterrado do pico central. Finalmente, aparentemente parece existir a pista de uma cadeia curva no lado oeste (esquerdo) que completa o anel, e que não seria parte da cadeia de mar principal, com isso, a interpretação dada por muitos astrônomos amadores sobre a existência ali de uma cratera enterrada na Lua talvez esteja correta, embora o mistério esteja longe de ser totalmente descoberto.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Galáxias distantes revelam como o nevoeiro cósmico se dissipou

A observação de galáxias muito distantes da Terra permitiu que astrônomos europeus descobrissem quando uma neblina que envolvia todo o espaço foi desaparecendo, logo no início do Universo. Os resultados do estudo serão divulgados na revista científica "Astrophysical Journal". Acredita-se que a idade do Universo seja de 13,7 bilhões de anos. As galáxias analisadas pelos astrônomos europeus mostram como era o espaço 780 milhões de anos depois do Big Bang - a explosão que teria dado origem ao Universo. Nesta época, o espaço estava começando a ficar "transparente", deixando de ser coberto por uma neblina formada pelo gás hidrogênio espalhado por todas as partes. Agora, pela primeira vez, os cientistas conseguiram definir uma data para dizer quando isso aconteceu. Essas galáxias estão entre as mais distantes do Sistema Solar conhecidas e, de tão afastadas, a luz que elas emitem demora quase 13 bilhões de anos para chegar à Terra. Os astrônomos europeus usaram o VLT, uma dos principais instrumentos disponíveis na Terra para a observação espacial, localizado no Chile. As observações e análise dos resultados duraram três anos. Quando o Universo tinha 780 milhões de anos, o hidrogênio ocupava até 50% do espaço. Mas após 200 milhões de anos, este volume diminuiu drasticamente, permitindo que o Universo ficasse mais "limpo" e revelando os primeiros raios ultravioleta, que antes ficavam "camuflados" pela neblina. O italiano Adriano Fontana, coordenador do estudo, compara o trabalho com o de arqueólogos, que conseguem reconstruir o passado ao analisar a idade de objetos encontrados em diferentes camadas de terra. "Astrônomos podem ir mais longe: nós podemos olhar diretamente para o passado e ver a luz fraca de galáxias em diferentes estágios da evolução do Universo", diz o cientista. “As diferenças entre as galáxias informam-nos sobre as condições do Universo em plena transformação durante este importante período de tempo e da rapidez com que estas mudanças ocorriam.” Os diferentes elementos químicos brilham de modo intenso para determinadas cores. Estes picos de brilho são as chamadas riscas de emissão. Uma das mais intensas riscas de emissão no ultravioleta é a risca de Lyman-alfa, emitida pelo hidrogênio. É brilhante e facilmente reconhecível, de modo que pode ser facilmente detectada mesmo em observações de galáxias muito tênues e longínquas.

Créditos: ESO

Pontos vermelhos

No final dos anos de 1950, quando alguns cientistas estudavam a Lua, Ewen Whitaker emprestou uma técnica de Fritz Zwicky, um astrônomo galáctico, para fazer imagens da Lua através de filtros azul e vermelho. combinando essas imagens de uma maneira para eliminar o albedo, Ewen foi capaz de identificar regiões de cores distintas, que nós sabemos agora, possuem essas cores diferentes por refletirem diferentes composições do solo da Lua. As imagens obtidas por Ewen foram bem estudadas e descrevem um grande número de pontos vermelhos que parecem ser rochas vulcânicas com composições diferentes das lavas de mares. Agora, imagens filtradas coloridas feitas com a câmera WAC da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter atualizaram os contrastes de cores obtidos por Ewen, só que com uma resolução muito mais alta. Os mares com conteúdos intermediários e altos de titânio são mostrados em azul, mas o que é interessante aqui são os pontos vermelhos que possuem baixo conteúdo de titânio e que são marcadas com letras. Cada letra representa uma área vulcânica que não é de mar, que nós conhecemos, mas o que controla sua distribuição ainda é uma incerteza.

Créditos: LPOD

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Outro cometa a caminho!

O cometa C/2011 L4 (PANSTARRS) foi descoberto por astrônomos (nunca por pseudos, que esses nunca descobrem nada) dia 5 de Junho de 2011. Neste momento está muito longe – para lá de Júpiter. Por isso, nem se vê. No entanto, chegará ao interior do sistema solar, e atingirá o periélio em Março de 2013. Nessa altura, deverá ter uma magnitude de 0, o que vai permitir que todos nós o possamos ver a olho nu no céu. Este cometa não representa qualquer perigo. O cometa vai passar mais perto da Terra em 5 de Março de 2013. A distância será 1,1 UA. Ou seja, a menor distância do cometa à Terra irá ser semelhante à distância do Sol à Terra.

Créditos: AstroPT

Anãs marrons isoladas descobertas em dois enxames jovens

Uma equipe internacional de astrônomos, liderada pelo conhecido Ray Jayawardhana, da Universidade de Toronto, anunciou a descoberta de mais de duas dúzias de anãs marrons isoladas em dois enxames de estrelas muito jovens, e que parecem ter-se formado por processos semelhantes às estrelas. Anãs marrons são estrelas “falhadas” cuja massa, inferior a 8% da do Sol, não permite a ignição das reações nucleares de fusão do hidrogênio no seu interior, como acontece nas estrelas normais. Assim, após um período curto em que podem realizar a fusão de algum deutério existente (uma forma de hidrogênio com um núcleo com um próton e um nêutron), deixam de produzir energia e arrefecem lentamente, libertando o calor proveniente da sua formação. Sem energia proveniente de reações nucleares, as anãs marrons são sustentadas principalmente pela pressão degenerada dos elélrons compactados no seu núcleo. (A pressão degenerada faz com que, apesar de poderem ter massas muito diferentes, todas as anãs marrons tenham um tamanho idêntico ao de Júpiter. A classificação pelas classes L, T e Y é espectral, e reflete a temperatura superficial das anãs marrons. Por exemplo, a anã marrom com apenas 6 vezes a massa de Júpiter agora descoberta é de tipo Y. Uma das anãs marrons agora descobertas tem uma massa estimada em apenas 6 vezes a de Júpiter, estando portanto na mesma liga que vários dos exoplanetas detectados até à data. Segundo Ray Jayawardhana, “os resultados sugerem que corpos com uma massa pouco maior do que Júpiter podem formar-se da mesma forma que as estrelas”. As estrelas formam-se pela contração gravitacional de nuvens de hidrogênio molecular, contendo outros gases e poeiras. Por outro lado, os planetas formam-se a partir de material de um disco proto-planetário existente em torno da estrela hospedeira durante o processo de contração gravitacional. Neste disco, rico em gás e poeiras, a colisão e agregação de partículas de poeiras dá lentamente origem a corpos de maiores dimensões, designados de planetesimais e que constituem os embriões de planetas futuros. Estes planetesimais capturam depois material na sua vizinhança no espaço, aumentando de tamanho e massa e podendo desenvolver atmosferas maciças como as de Júpiter e de Saturno. Jayawardhana continua, “parece que a natureza tem mais do que um truque para produzir objetos com massa planetária”. Esta descoberta relança mais uma vez a discussão sobre a diferença entre anãs marrons pouco maciças e planetas maciços, e sobre os processos subjacentes à formação destes corpos. Nas palavras de Aleks Scholz, do Dublin Institute of Advanced Studies, Irelanda, “a sua massa é comparável à dos planetas gigantes, e no entanto não orbita uma estrela. Como se formou é um mistério”. Várias outras anãs marrons descobertas neste estudo têm massas inferiores a 20 vezes a de Júpiter. (O enxame NGC 1333 com as anãs marrons agora descobertas assinaladas com círculos amarelos. A pequena anã com apenas 6 vezes a massa de Júpiter está assinalada também). As anãs marrons foram descobertas, no âmbito do projeto Substellar Objects in Nearby Young Clusters (SONYC), nos enxames estelares NGC 1333 (na constelação de Perseu) e no enxame da Ró do Ofíuco (naturalmente na constelação do Ofíuco), ambos muito jovens. Numa primeira fase foram realizadas observações com o telescópio Subaru, no Hawaii, no visível e em infravermelhos, para identificar candidatos prometedores. Para os candidatos identificados foram então obtidos espectros com o Subaru e também um dos telescópios do Very Large Telescope (VLT), permitindo a sua identificação definitiva como anãs marrons e a determinação das suas propriedades físicas.

Créditos: AstroPT