sábado, 30 de junho de 2012

Prepare-se: 2012 será mais longo e terá 1 segundo a mais!

No dia 31 de dezembro de 2008, todos os relógios do planeta foram reajustados obrigatoriamente em 1 segundo fazendo com que os fogos de artifício demorassem um pouquinho mais para iluminar o novo ano. Agora será a vez das festas juninas, que levarão mais tempo para acabar! A proposta de aumentar em 1 segundo o ano de 2012 foi feita pelo Serviço Internacional de Sistemas de Referência de Rotação da Terra e deverá ser aprovada em uma reunião que acontece nesta semana em Genebra. Esse "segundo extra" será incorporado ao último segundo do dia 30 de junho. Essa mudança no tempo é necessária para sincronizar os relógios atômicos de todo o mundo com o movimento de rotação da Terra. A última vez que isso aconteceu foi em 2008. Por ser bissexto, 2012 terá 31.546.001 segundos. O motivo desse acerto é que a rotação do nosso planeta não é tão precisa quanto os relógios atômicos que coordenam o tempo mundial. Por diversos motivos, entre eles a redisposição das massas oceânicas e continentais e as influências gravitacionais dos planetas, a Terra gira mais rápido ou mais devagar, fazendo o horário ficar desatualizado. Em 2005, por exemplo, os relógios atômicos foram ajustados em alguns microssegundos para compensar os efeitos do tsunami que atingiu o sul da Ásia no final de 2004. Desde 1967, quando o tempo mundial passou a ser coordenado, até os dias de hoje já foram acrescentados 34 segundos ao tempo dos relógios atômicos devido aos atrasos da rotação da Terra. O segundo extra de 2012 será o trigésimo quinto. Apesar de 1 segundo parecer pouco, se nada fosse feito ao longo dos anos os relógios ficariam completamente fora de sincronismo com a rotação da Terra. Desde 1967, a hora mundial é mantida por relógios atômicos altamente estáveis, que usam como padrão de tempo as oscilações dos átomos do Césio 133. Ao contrário dos relógios comuns que usam mecanismos de corda ou oscilações de cristais de quartzo, nos relógios atômicos cada segundo é representado por 9.192.631.770 oscilações naturais do nível de energia do Césio 133. Apesar de ser altamente estável, relógios de Césio-133 atrasam aproximadamente 1 segundo a cada 65 mil anos. O sistema GPS de posicionamento global também utiliza o padrão do Césio-133 para calcular o tempo que os sinais dos satélites levam para chegar até os receptores. Assim, se nada fosse feito haveria um gigantesco erro de 1 segundo entre as medidas de tempo, o que poderia representar grandes erros de cálculo. No entanto, se você utiliza equipamentos de GPS não precisa se preocupar. O próprio sistema se encarregará de efetuar a mudança de horário no seu receptor, mantendo a precisão do sistema. Do ponto de vista prático, a introdução do segundo extra não vai ser percebida. Normalmente os computadores, celulares, etc., sincronizam seus relógios com algum dos inúmeros relógios atômicos espalhados pelo mundo e automaticamente farão a correção. Assim, quando os relógios marcarem zero hora do dia primeiro, não se preocupe. Provavelmente eles estarão certinhos!

Créditos: Apolo 11

Conjunções perto de amanhecer

Agora brilhando nos céus do leste no amanhecer, os brilhantes planetas Vênus e Júpiter se juntam ao aglomerado estelar das Plêiades nessa imagem feita na praia e registrada no início dessa semana em Buenos Aires, Argentina. Vênus domina a cena que inclui também a brilhante estrela Aldebaran um pouco abaixo e a direita. Os planetas são fáceis de serem observados para aqueles observadores que acordarem cedo, mas essa parte do céu abriga também dois dos chamados pequenos mundos do Sistema Solar, Vesta e Ceres, não muito brilhantes para serem observados a olho nu. O tempo de exposição de uma câmera digital consegue registrar o rastros dos dois asteróides. Suas posições estão indicadas na imagem acima. Em órbita ao redor do asteróide Vesta, a sonda Dawn da NASA chegou por lá no último mês de Julho, mas a sua visita a esse pequeno mundo está perto do fim. Em Agosto de 2012, ela irá partir e começará a sua jornada planejada até o asteróide Ceres, onde deve chegar em 2015.

Créditos: APOD

Constelação de Hércules

Hércules é a quinta maior das 88 constelações modernas. Era também uma das 48 constelações de Ptolomeu. Foi nomeada em homenagem a Hércules, um antigo herói grego. Hércules não possui nenhuma estrela de primeira magnitude. Mu Hércules está a 27,4 anos-luz da Terra. O Apex Solar, isto é, o ponto no céu que marca a direção para onde o Sol está se movendo em sua órbita ao redor do centro da Via Láctea está localizado em Hércules, perto de Vega, nas vizinhaças da constelação de Lyra. Hércules possui dois notáveis aglomerados globulares: M13, o aglomerado globular mais brilhante no hemisfério norte, e M92.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Nave que levou 1ª chinesa ao espaço retorna à Terra, mas capota ao pousar

A nave espacial chinesa Shenzhou 9, lançada ao espaço no último dia 16, retornou nesta sexta-feira (29) à Terra após completar com sucesso o primeiro acoplamento espacial manual realizado pela China. A nave aterrissou por volta das 10h locais (23h de Brasília) no condado de Siziwang, ao norte da região autônoma da Mongólia Interior (norte da China). O pouso esteve longe de ser suave, pois o módulo capotou ao tocar o solo. Pôde-se escutar um forte barulho da batida no terreno. Apesar da violência do impacto e das sacudidas da nave, os astronautas nada sofreram e deixaram o módulo como heróis nacionais. Após 13 dias de missão, os astronautas Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, esta última a primeira mulher chinesa a viajar ao espaço, voltaram para casa em boas condições, segundo a equipe médica que os atendeu após a aterrissagem. Os astronautas foram recebidos com uma breve cerimônia, após adaptarem-se à gravidade da Terra e saírem da nave, uma hora depois da aterrissagem. A tripulação do Shenzhou 9 entrará para a história da China por completar com sucesso a quarta missão tripulada produzida pelo país asiático e conseguir realizar o primeiro acoplamento manual entre uma nave chinesa e o módulo espacial Tiangong I, embrião da futura base espacial do gigante asiático. "Esta conquista teve um significado muito importante para a corrida espacial chinesa", destacou o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, no Centro de Controle Aeroespacial de Pequim. A China, o terceiro país a levar astronautas ao espaço, quer demonstrar com seu programa espacial que está capacitada tecnologicamente para trabalhar em bases permanentes no cosmos, em resposta à reserva de países como os Estados Unidos quanto à sua participação na Estação Espacial Internacional (ISS). O país asiático espera instalar seu primeiro laboratório no espaço em 2016 e dispor de uma base permanente até o final desta década.

Créditos: G1

Nuvens escuras em Aquila

Parte de uma expansão escura que cruza o plano conturbado da Via Láctea, o chamado Aquila Rift arqueia através dos céus de verão do hemisfério norte perto da brilhante estrela Altair e do Triângulo do Verão. Com a sua silhueta marcada contra a luz das estrelas apagadas da Via Láctea, essas nuvens moleculares empoeiradas provavelmente contêm material bruto para formar centenas de milhares de estrelas e os astrônomos vasculham essas nuvens atrás de sinais de nascimento de estrelas. Essa bela paisagem telescópica foi feita através de uma observação em direção à fragmentada nuvem escura complexa de Aquila, identificada como LDN 673, que se espalha através do campo de visão numa distância um pouco maior do que a Lua Cheia. Nessa cena, pode-se observar indicações de fluxos energéticos associados com jovens estrelas que inclui a pequena e avermelhada nebulosidade RNO 109, na parte superior esquerda e o objeto Herbig-Haro HH32 acima e a direita do centro. Estima-se que as nuvens escuras de Aquila estejam localizadas a aproximadamente 6.000 anos-luz de distância. Considerando essa distância a imagem acima se espalha por aproximadamente 7 anos-luz.

Créditos: APOD

Cratera Balzac

No canto superior esquerdo da imagem acima está o pico central brilhante da cratera Balzac e a parede destacada da cratera. Também é fácil de ver a diferença entre a cobertura de material ejetado da cratera Balzac e o terreno ao redor apesar da aparência das cadeias de crateras e das diferenças de cores. Além disso é possível ver um material de baixa refletância no canto inferior direito e uma cratera com cavidade no assoalho é visível na parte direita.

Créditos: MESSENGER

Rochas revelam que água de Marte correu profunda

Ao estudar rochas expelidas por crateras de impacto, a sonda Mars Express da ESA descobriu evidências de que a água subterrânea persistiu durante períodos prolongados no primeiro 1 bilhão de anos do Planeta Vermelho. As crateras de impacto são janelas naturais para a história das superfícies naturais - quanto mais profunda é a cratera, mais longe no tempo conseguimos estudar. Em adição, as rochas expelidas durante o impacto fornecem uma hipótese de estudar material que esteve escondido por baixo da superfície. Num novo estudo, a sonda Mars Express da ESA e a Mars Reconnaissance Orbiter da NASA estudaram crateras numa região com 1.000 x 2.000 km das antigas terras altas do hemisfério Sul, com o nome de Tyrrhena Terra, para aprender mais sobre a história da água nesta região. Focando-se na química das rochas embebidas nas paredes, limites e elevações centrais das crateras, bem como o material em redor, os cientistas identificaram 175 locais com minerais formados na presença de água. "A grande variedade no tamanho das crateras estudadas, entre menos de 1 km e até 84 km em diâmetro, indica que estes silicatos hidratados foram escavados entre profundidades de algumas dezenas de metros até quilômetros," afirma Damien Loizeau, autor principal do estudo. "A composição das rochas indica que a água subterrânea deve ter estado presente durante um longo período de tempo em ordem a alterar a sua química." Embora o material escavado pelos impactos pareça ter estado em contato íntimo com a água, há poucas evidências de rochas à superfície entre as crateras em Tyrrhena Terra que pareçam ter sido alteradas por água. "A circulação de água ocorreu a vários quilômetros de profundidade na crosta há cerca de 3,7 bilhões de anos, antes da maioria das crateras desta região terem se formado," afirma o co-autor Nicolas Mangold. "A água gerou uma diversidade de mudanças químicas nas rochas, que refletiram as baixas temperaturas perto da superfície até altas temperaturas nas profundezas, mas sem uma relação direta com as condições superfíciais dessa altura." Por comparação, Mawrth Ballis, uma das maiores regiões identificada como rica em argila, de Marte, mostra uma mineralogia aquosa mais uniforme que indica uma ligação mais próxima com os processos superficiais. "O papel da água líquida em Marte é muito importante para a sua habitabilidade e este estudo levado a cabo com a Mars Express descreve uma enorme zona onde a água subterrânea esteve presente durante muito tempo," afirma Olivier Witasse, cientista do projecto Mars Express da ESA.

Créditos: Astronomia On-line

Hubble capta estrela arrancando atmosfera de exoplaneta

Uma equipe internacional de astrônomos, usando dados do Telescópio Espacial Hubble, detectou mudanças significativas na atmosfera de um planeta localizado fora do nosso Sistema Solar. Os cientistas concluíram que as variações atmosféricas ocorreram em resposta a uma fortíssima erupção da estrela, um evento observado por um outro telescópio da NASA, o Swift. "A cobertura com múltiplos comprimentos de onda do Hubble e do Swift nos deu uma visão sem precedentes da interação entre uma erupção em uma estrela ativa e a atmosfera de um planeta gigante," disse o coordenador da pesquisa, Alain Lecavelier, do Instituto de Astrofísica de Paris. O exoplaneta é o HD 189733b, um gigante gasoso semelhante a Júpiter, mas cerca de 14% maior e mais massivo. Os astrônomos classificam-no como um "Júpiter quente". Observações anteriores do Hubble mostraram que a atmosfera do exoplaneta atinge uma temperatura superior a 1.000º C. O planeta orbita sua estrela a uma distância de apenas 3 milhões de quilômetros, cerca de 30 vezes mais perto que a distância da Terra ao Sol, e completa uma órbita a cada 2,2 dias. A estrela, chamada HD 189733A, tem cerca de 80% do tamanho e da massa do nosso Sol. Os pesquisadores calculam que pelo menos 1.000 toneladas de gás estão deixando a atmosfera do planeta a cada segundo. Os átomos de hidrogênio estão sendo ejetados em velocidades superiores a 480.000 km/h.

Créditos: Inovação Tecnológica

Sonda Cassini encontra sinais de oceano em lua de Saturno

Medições do campo gravitacional de Titã, uma das luas de Saturno, obtidas pela sonda Cassini, sinalizam a existência de um oceano de água sob a superfície, como vem sendo sugerido por pesquisadores há vários anos. A Cassini vem recolhendo dados sobre Saturno e suas luas desde que a sonda entrou em sua órbita, em 2004. Ela efetuou medições da gravidade durante seis sobrevoos realizados sobre Titã, entre 2006 e 2011, o suficiente para lançar novas luzes sobre a estrutura interior da lua. Luciano Iess, da Universidade La Sapienza, na Itália, analisou os novos dados e descobriu que eles revelam o interior de Titã como muito flexível, deformando-se de tal maneira que só seria compatível com um enorme corpo liquefeito mexendo-se no interior da lua. Ele e seus colegas dos EUA e da Itália identificaram oscilações de maré muito fortes conforme a lua orbitava em torno de Saturno. Se Titã fosse composta inteiramente de rocha sólida, a atração gravitacional de Saturno poderia causar protuberâncias, ou "marés sólidas", de não mais do que 1 metro de altura. Mas os dados mostram que Saturno cria marés sólidas de aproximadamente 10 metros de altura, o que sugere que Titã não é inteiramente formada por material rochoso sólido. Na Terra, as marés resultantes da atração gravitacional da Lua e do Sol puxam nossos oceanos superficiais. No mar aberto, essas marés podem atingir 60 centímetros. Embora a água seja mais fácil de se mover, o puxão gravitacional também faz com que a crosta da Terra apresente protuberâncias, com marés sólidas de cerca de 50 centímetros. A presença de uma camada subsuperficial de água líquida em Titã não é em si um indicador para a vida. Os cientistas acreditam que seja mais provável que a vida surja quando água líquida entra em contato com rochas, e essas novas medições não permitem concluir se o fundo do oceano de subsuperfície é feito de rocha ou de gelo. Mas os resultados têm uma grande importância para o mistério da reposição de metano em Titã. "A presença de uma camada de água líquida em Titã é importante porque queremos compreender como o metano é armazenado no interior de Titã, e como ele pode vazar até a superfície," disse Jonathan Lunine, da Universidade de Cornell. "Isso é importante porque tudo o que é único sobre Titã deriva da presença de metano em abundância, mas o metano na atmosfera é instável e destruído em escalas de tempo geologicamente muito curtas," completa. Um oceano de água líquida, "salgado" com amônia, poderia produzir líquidos que borbulham através da crosta, liberando metano do gelo e reabastecendo o metano que se degrada na atmosfera. Assim, o eventual oceano de subsuperfície funcionaria também como um reservatório profundo de metano. A sonda Cassini e a lua Titã são velhas conhecidas. Em 2005, uma sonda que viajou acoplada à Cassini, chamada Huygens, soltou-se e pousou em Titã:

Créditos: Inovação Tecnológica

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estrelas Simeis 188 em, poeira e gás

Quando as estrelas se formam, um pandemônio reina na região onde está acontecendo o processo de formação. Um caso particularmente colorido dessa situação é a região de formação de estrelas conhecida como Simeis 188 que hospeda uma incomum nuvem em forma de arco catalogada como NGC 6559. A imagem acima mostra o brilho vermelho das nebulosas de emissão de hidrogênio, o brilho azul das nebulosas de reflexão de poeira, a escuridão das nebulosas de absorção da poeira, e as estrelas que se formam nessa região. As primeiras estrelas massivas se formaram a partir do denso gás, no processo de formação elas emitiram luz energética e ventos que erodiram, fragmentaram e esculpiram o seu local de nascimento. E então elas explodiram. O resultado de todo esse processo pode ser tanto bonito como complexo. Após dezenas de milhões de anos, a poeira desaparece, o gás é varrido para longe, e o que fica de tudo isso é um aglomerado aberto de estrelas completamente nu. A região Simeis 188 está localizada a aproximadamente 4.000 anos-luz de distância da Terra e pode ser encontrada a aproximadamente um grau a nordeste da famosa M8, a Nebulosa da Lagoa.

Créditos: APOD

Nova maneira de estudar atmosferas de exoplanetas

Uma nova técnica permitiu aos astrônomos estudarem pela primeira vez a atmosfera de um exoplaneta em detalhe - embora este não passe em frente da sua estrela hospedeira. Uma equipe internacional utilizou o Very Large Telescope do ESO para captar diretamente o fraco brilho do planeta Tau Boötis b. A equipe estudou a atmosfera do planeta e determinou pela primeira vez a sua órbita e massa de forma precisa - resolvendo assim um velho problema de 15 anos. Surpreendentemente, a equipe também descobriu que a atmosfera do planeta parece ser mais fria a maior altitude, o contrário do que se esperava. Os resultados serão publicados na revista Nature de 28 de Junho de 2012. O planeta Tau Boötis b foi um dos primeiros exoplanetas a ser descoberto em 1996 e continua a ser um dos sistemas planetários mais próximos que se conhece. Embora a sua estrela hospedeira seja facilmente visível a olho nu, o planeta propriamente dito não o é, e até agora conseguia apenas detectar-se pelo efeito gravitacional que exerce sob a estrela. Tau Boötis b é um planeta grande e quente do tipo de Júpiter que orbita muito próximo da estrela hospedeira. Tal como a maioria dos exoplanetas, este planeta não transita o disco da sua estrela (como o recente trânsito de Vênus). Até agora estes trânsitos eram essenciais para o estudo das atmosferas dos exoplanetas: quando um planeta passa em frente da sua estrela deixa uma marca das características da atmosfera na radiação estelar. Como nenhuma radiação estelar atravessa a atmosfera de Tau Boötis b em nossa direção, isso implicava que até agora a atmosfera do planeta não podia ser estudada. No entanto, depois de 15 anos tentando estudar o fraco brilho emitido por exoplanetas quentes do tipo de Júpiter, os astrônomos conseguiram pela primeira vez determinar a estrutura da atmosfera de Tau Boötis b e deduzir a sua massa de forma precisa. A equipe utilizou o instrumento CRICES montado no Very Large Telescope (VLT). Os astrônomos combinaram observações infravermelhas de alta qualidade (em comprimentos de onda da ordem dos 2,3 microns) com uma técnica nova que consegue extrair o fraco sinal emitido pelo planeta, da radiação muito mais forte emitida pela estrela hospedeira. O autor principal do estudo Matteo Brogi (Observatório de Leiden, Holanda) explica: "Graças à elevada qualidade das observações fornecidas pelo VLT e pelo CRICES conseguimos estudar o espectro do sistema com muito mais detalhe do que o que era possível até agora. Apenas 0,01% da radiação observada é emitida pelo planeta, enquanto que o resto vem da estrela, por isso não foi nada fácil separar esta contribuição". A maioria dos planetas que orbitam outras estrelas foram descobertos pelo efeito gravitacional que exercem nas estrelas hospedeiras, o que limita a informação que podemos retirar sobre a sua massa: apenas podemos calcular um limite inferior para a massa do planeta. Esta nova técnica é muito mais poderosa. Conseguir observar a radiação que vem diretamente do planeta permitiu aos astrônomos medir o ângulo da órbita do planeta e consequentemente determinar a sua massa de forma precisa. Ao traçar as variações do movimento do planeta à medida que este orbita a estrela, a equipe pôde determinar, pela primeira vez, que Tau Boötis b orbita a sua estrela hospedeira com um ângulo de 44 graus e tem uma massa igual a seis vezes a massa do planeta Júpiter no nosso Sistema Solar. "As novas observações do VLT solucionam o problema, presente há 15 anos, da massa de Tau Boötis b. E a nova técnica significa também que agora podemos estudar as atmosferas de exoplanetas que não transitam as suas estrelas, e também medir as suas massas de forma precisa, o que era impossível antes," diz Ignas Snellen (Observatório de Leiden, Holanda), co-autor do artigo científico que descreve o trabalho. "Este é um grande passo em frente." Além de detectar o brilho da atmosfera e medir a massa de Tau Boötis b, a equipe estudou a atmosfera e mediu a quantidade de monóxido de carbono presente, assim como a temperatura a diferentes altitudes por meio da comparação entre as observações e modelos teóricos. Um resultado surpreendente deste trabalho é de que as novas observações indicam que a temperatura da atmosfera decresce com a altitude. Este resultado é o oposto do esperado da inversão de temperatura - um aumento da temperatura com a altitude - encontrada em outros exoplanetas quentes do tipo de Júpiter. As observações do VLT mostram que a espectroscopia de alta resolução obtida por telescópios terrestres é uma ferramenta valiosa na análise detalhada das atmosferas de exoplanetas que não transitam. A detecção de diferentes moléculas no futuro permitirá aos astrônomos aprender mais sobre as condições atmosféricas do planeta. Ao medir estas condições atmosféricas ao longo da órbita do planeta, os astrônomos poderão até ser capazes de encontrar variações atmosféricas entre as manhãs e as tardes do planeta. "Este estudo mostra o enorme potencial dos atuais e futuros telescópios terrestres, tais como o E-ELT. Talvez um dia possamos deste modo encontrar evidências de atividade biológica em planetas do tipo da Terra", conclui Ignas Snellen.

Créditos: ESO

Uma cratera com o centro azul

A imagem colorida acima mostra raios brilhantes irradiando do centro de uma cratera sem nome, que tem um distinto centro azul. Um grande número de crateras raiadas têm sido identificadas em Mercúrio, sendo que a cratera Hokusai é a que apresenta os raios mais longos. Esses raios são normalmente observados em crateras geologicamente recentes e com grande variedade de forma e tamanho. Essa cratera tem raios que se estendem até a 200 km do centro da cratera.

Créditos: MESSENGER

No brilho de Alpha Centauri

O brilho da Alpha Centauri, uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno da Terra, invade o lado esquerdo dessa paisagem cósmica do hemisfério sul. Localizada a apenas 4.3 anos-luz de distância da Terra, a Alpha Centauri na verdade consiste de duas componentes estelares com tamanho similar ao do Sol, presas em uma órbita mútua. Muito menor e mais frio, um terceiro membro do mesmo sistema estelar, a Proxima Centauri, não aparece nesse campo de visão. Ainda assim, essa cena telescópica revela boa parte do plano da Via Láctea que localiza-se além do brilho da Alpha Centauri, incluindo uma nebulosa planetária catalogada como Hen 2-111, e a uma distância estimada de 7.800 anos-luz. A mortalha gasosa de uma estrela moribunda, o núcleo brilhante da nebulosa e o halo mais apagado de gás ionizado avermelhado se expande por mais de vinte anos-luz, e pode ser visto um pouco à direita do centro da imagem. Mais a direita estão dois notáveis aglomerados abertos de estrelas, o compacto Pismis 19 localizado a 8.000 anos-luz de distância e que tem sua luz avermelhada pela poeira, e o mais próximo, o NGC 5617. Visível no brilho da Alpha Centauri está o apagado brilho de uma remanescente de supernova na forma de uma concha, acima e a direita da estrela mais próxima do núcleo brilhante do sistema.

Créditos: APOD

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Hubble registra raro arco gravitacional em um distante aglomerado de galáxias

Ver é crer, a não ser quando você não acredita no que vê. Astrônomos usando o Telescópio Espacial Hubble da NASA descobriram um arco de luz desafiador atrás de um aglomerado de galáxias extremamente massivo residindo a 10 bilhões de anos-luz de distância. O agrupamento galáctico, descoberto pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA, foi observado quando o universo tinha aproximadamente um quarto da sua idade atual de 13.7 bilhões de anos. O gigantesco arco é a forma esticada de uma galáxia mais distante que tem sua luz distorcida pela gravidade poderosa do monstruoso aglomerado, um efeito conhecido como lente gravitacional. O problema é um só, o arco não deveria existir. “Quando eu o vi pela primeira vez, eu fiquei olhando para ele e pensando que em algum momento ele iria embora”, disse o líder do estudo Anthony Gonzalez da Universidade da Flórida em Gainesville. “De acordo com as análises estatísticas, os arcos deveriam ser extremamente raros nessa distância. No início do universo, a expectativa é que não existiam galáxias o suficiente atrás do aglomerado brilhantes o suficiente para serem observadas, mesmo se elas fossem distorcidas pelo aglomerado. O outro problema é que os aglomerados de galáxias tornam-se menos massivos à medida que se vai mais distante no tempo. Isso quer dizer que é mais difícil encontrar um aglomerado com massa o suficiente para ser uma boa lente para gravitacionalmente curvar a luz de uma galáxia distante”. Aglomerados de galáxias são coleções de centenas a milhares de galáxias unidas pela gravidade. Eles são as estruturas mais massivas do universo. Os astrônomos normalmente estudam aglomerados de galáxias procurando por galáxias muito mais distantes amplificadas atrás deles que caso contrário seriam muito apagadas para serem observadas com os telescópios. Muitas dessas galáxias gravitacionalmente amplificadas têm sido encontradas atrás de aglomerados de galáxias mais perto da Terra. A surpresa nessa observação do Hubble é o registro de uma galáxia amplificada por um aglomerado extremamente distante. Denominado de IDCS J1426.5+3508, o aglomerado é o mais massivo encontrado nessa época do universo, pesando algo em torno de 500 trilhões de sóis. Ele é entre 5 a 10 vezes maior do que outros aglomerados encontrados nesse momento inicial do universo. A equipe registrou o aglomerado numa pesquisa usando o Telescópio Espacial Spitzer da NASA em combinação com imagens ópticas de arquivo feitas como parte do National Optical Astronomy Observatory’s Deep Wide Field Survey no Kitt Peak National Observatory em Tucson no Arizona. As imagens combinadas permitiram que eles pudessem ver o aglomerado como um agrupamento de galáxias bem vermelhas indicando que elas são bem distantes. Esse sistema único constitui o aglomerado mais distante conhecido a hospedar um gigantesco arco de lente gravitacional. A descoberta desse antigo arco gravitacional pode levar os pesquisadores a descobrirem como, durante os primeiros momentos depois do big bang, as condições foram ajustadas para o crescimento de aglomerados no universo primordial. O arco foi registrado em imagens ópticas do aglomerado feitas em 2010 pela Advanced Camera for Surveys do Hubble. As capacidades infravermelhas da Wide Field Camera 3 (WFC3) do Hubble, ajudaram a fornecer a distância precisa, confirmando que ele é um dos aglomerados mais distantes já descoberto. Uma vez que os astrônomos determinaram a distância do aglomerado, eles usaram o Hubble, o rádio telescópio Combined Array for Research in Millimeter-wave Astronomy (CARMA), e o Observatório de Raios-X Chandra da NASA para mostrar de forma independente que o agrupamento galáctico é muito massivo. O CARMA ajudou os astrônomos a determinarem a massa do aglomerado medindo como a luz primordial do big bang foi afetada à medida que ela passava através do gás extremamente quente e tênue que permeia o agrupamento. Os astrônomos então usaram as observações com a WFC3 para mapear a massa do aglomerado calculando quanta massa do aglomerado seria necessária para produzir o arco gravitacional. Os dados do Chandra que revelaram o brilho do aglomerado em raios-X, foi também usado para medir a massa do aglomerado. “A chance de se encontrar um gigantesco aglomerado como esse no início do universo é menor que um por cento na pequena área pesquisada”, disse um membro da equipe, Mark Brodwin da Universidade do Missouri em Kansas City. “Ele compartilha um caminho evolucionário com alguns dos mais massivos aglomerados que nós observamos hoje, como o Aglomerado Coma e o recentemente descoberto Aglomerado El Gordo”. Uma análise do arco revelou que o objeto por ele amplificado é uma galáxia de formação de estrela que existia entre 10 e 13 bilhões de anos atrás. A equipe espera usar o Hubble novamente para obter uma medida mais precisa da distância da galáxia que é amplificada pelo arco. Gonzalez tem considerado algumas possibilidades para explicar o arco. Uma explicação é que os distantes aglomerados de galáxias, diferente dos próximos, têm concentrações mais densas de galáxias em seus núcleos, fazendo com que eles sejam uma lente mais eficiente. Contudo, mesmo se os distantes núcleos fossem mais densos, essa massa adicional ainda não deveria fornecer músculo gravitacional suficiente para produzir um gigantesco arco como o visto nas observações de Gonzalez de acordo com análises estatísticas. Outra possibilidade é que flutuações microscópicas iniciais na matéria ocorridas logo depois do big bang foram diferentes daquelas previstas pelas simulações do modelo cosmológico, e então produziram aglomerados de galáxias mais massivos do que se esperava. “Eu não estou convencido por nenhuma das explicações”, disse o próprio Gonzalez. “Além do mais só encontramos um exemplo. Nós realmente precisamos estudar os aglomerados de galáxias extremamente massivos que existiram entre 8 e 10 bilhões de anos atrás para ver quantos mais objetos distorcidos gravitacionalmente poderão ser encontrados”. Os resultados da equipe de astrônomos aparecerão na edição de 10 de Julho de 2012 do The Astrophysical Journal.

Créditos: Hubble Site

Medindo a temperatura da Tarpeia

Essa imagem colorida feita pela sonda Dawn da NASA mostra a variação de temperatura na Cratera Tarpeia, perto do pólo sul do gigantesco asteróide Vesta. Obtida pelo espectrômetro de mapeamento visível e infravermelho os dados mostram as áreas mais quentes em branco, com uma temperatura de aproximadamente menos 23 graus Celsius. As áreas mais escuras são mais frias, com temperaturas abaixo dos menos 100 graus Celsius. As variações nas tonalidades de vermelho indicam a intensidade da luz emitida no comprimento de onda de 5 mícron, que indica a temperatura da superfície. O espectrômetro de mapeamento infravermelho e visível obteve essa imagem durante a fase LAMO, ou seja, Low Altitude Mapping Orbit da sonda Dawn ao redor de Vesta no dia 5 de Fevereiro de 2012 a uma distância de aproximadamente 210 quilômetros de altura.

Créditos: Dawn

terça-feira, 26 de junho de 2012

HARPS descobre Urano quente em órbita de anã vermelha

Num artigo disponibilizado ontem uma equipe de astrônomos liderada por Xavier Bonfils, do Institut de Planetologie et d’Astrophysique de Grenoble, e que inclui o Nuno Santos e o Vasco Neves do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, reporta a descoberta de um planeta de dimensão e massa semelhante a Urano em órbita da anã vermelha GJ3470 (Gliese–Jahreiß 3470). Este “Urano Quente” tem uma massa de 14Mt e um raio de 4.2Rt (Mt=massa da Terra, Rt=raio da Terra), e orbita a estrela hospedeira com uma periodicidade de apenas 3.3 dias, a uma distância de 5.2 milhões de quilômetros (aproximadamente 10 vezes o raio da estrela!). GJ3470 é uma anã de tipo espectral M1.5, com uma massa de 0.54Ms e um raio de 0.50Rs (Ms=massa do Sol, Rs=raio do Sol), situada a uma distância de 82 anos-luz. A descoberta resulta de um programa específico de observação de estrelas de tipo M com o HARPS com o intuito de detectar companheiros planetários com períodos orbitais pequenos. As observações da velocidade radial da estrela hospedeira permitiram determinar com precisão suficiente janelas de algumas horas durante as quais seria possível a ocorrência de trânsitos, se a geometria orbital assim o permitisse. Os trânsitos ocorrem apenas quando o planeta se encontra entre a estrela e a Terra. Tal como se pode ver na imagem acima, isso acontece quando a velocidade radial da estrela hospedeira devida à interacção gravitacional com o planeta é zero ou próxima de zero. A equipe de astrônomos descobriu o planeta com base em medições da velocidade radial pelo HARPS e refinou as ditas até ser possível determinar aproximadamente as janelas de tempo em que poderiam ocorrer os trânsitos. Nessa altura entraram em ação outros telescópios que mediram com precisão o brilho da estrela durante esses períodos: o TRAPPIST, a EulerCam (instalada no Leonhard Euler Telescope em La Silla), e o NITES (um telescópio de 40cm em La Palma, nas Canárias). Os três telescópios confirmaram a existência de trânsito. Os trânsitos produzem uma diminuição de brilho de 0.57% na estrela hospedeira, uma diminuição grande no que diz respeito a trânsitos de exoplanetas e que se deve fundamentalmente ao tamanho comparativamente pequeno da estrela hospedeira. A facilidade de detecção dos trânsitos e a magnitude aparente relativamente elevada da GJ3470 (12.3 no visível) fazem deste planeta um alvo apetecível para trabalho futuro tendo em vista a sua caracterização física e o estudo da sua atmosfera.

Créditos: AstroPT

Constelação da Ursa Maior

A constelação da Ursa Maior (UMa) é uma das mais facilmente identificáveis nos céus noturnos do hemisfério norte. As suas estrelas principais conferem a esta constelação, uma imagem muito característica como se mostra na figura acima. Das sete estrelas, merece particular destaque Mizar (zeta-UMa). Esta é de fato a estrela mais famosa da Ursa Maior. Uma observação mais atenta, mesmo a olho nu, revela a presença de uma companheira de magnitude aparente 4.3. Trata-se de Alcor, uma estrela da sequência principal. Alcor e Mizar estão separadas por apenas 12 minutos de arco. Contudo este sistema binário é apenas aparente. As duas estrelas estão apenas e tão somente alinhadas quase na mesma direção cerca 3 a 4 anos luz distante. Em pequenos telescópios é possível observar um terceira estrela, de magnitude aparente 4.0, a apenas cerca de 15 segundos de arco de Mizar. Trata-se de Mizar B, que conjuntamente com Mizar A (anteriormente designada apenas por Mizar) forma um verdadeiro sistema binário de estrelas.

Cassini mostra o porquê dos jatos "cortarem" Saturno

Jatos turbulentos, regiões onde ventos sopram com mais força do que noutros lugares, agitam-se de Leste para Oeste de Saturno. Os cientistas há muitos anos que tentam compreender o mecanismo que alimenta estas estruturas ondulatórias na atmosfera de Saturno e a fonte de energia dos jatos. Num novo estudo publicado na edição de Junho da revista Icarus, os cientistas usaram imagens recolhidas ao longo de vários anos pela sonda Cassini da NASA para descobrir que o calor do planeta alimenta as correntes dos jatos. A condensação da água no aquecimento interno de Saturno conduz a diferenças de temperatura na atmosfera. As diferenças de temperatura criam turbilhões, ou perturbações de ar que se movem para trás e para a frente na mesma latitude, e esses redemoinhos, por sua vez, aceleram os jatos como engrenagens que conduzem uma correia transportadora. Uma outra teoria tinha assumido que a energia para as diferenças de temperatura vem do Sol. É assim que funciona na atmosfera da Terra. "Sabemos que as atmosferas de planetas como Saturno e Júpiter podem obter a sua energia a partir de apenas dois lugares: o Sol ou o aquecimento interno. O desafio foi imaginar maneiras de usar os dados para que possamos concluir qual a diferença," afirma Tony Del Genio do Instituto Goddard da NASA para Estudos Espaciais, em Nova Iorque, o autor principal do artigo e membro da equipa de imagem da Cassini. O novo estudo foi possível em parte porque a Cassini está em órbita de Saturno há já tempo suficiente para obter o grande número de observações necessárias para discernir padrões sutis a emergirem das variações diárias no clima. "Entender o que impulsiona a meteorologia em Saturno e, em geral nos planetas gasosos, tem sido um dos nossos objetivos principais desde o início da missão Cassini," afirma Carolyn Porco, líder da equipe de imagem, com base no Instituto de Ciências Espaciais, em Boulder, no estado americano do Colorado. "É muito gratificante ver que estamos finalmente começando a entender os processos atmosféricos que tornam a Terra semelhante, e também diferente, dos outros planetas." Ao invés de ter uma fina atmosfera e uma superfície sólida e líquida como a Terra, Saturno é um gigante gasoso cuja atmosfera profunda tem múltiplas camadas de nuvens e até altas latitudes. Uma série de jatos corta a face de Saturno visível ao olho humano e também a altitudes detectáveis pelos filtros infravermelhos das câmeras da Cassini. Enquanto a maioria sopra para Leste, alguns sopram para Oeste. Correntes de jatos ocorrem em Saturno em locais onde a temperatura varia significativamente de uma latitude para outra. Graças aos filtros das câmeras da Cassini, que podem ver radiação infravermelha refletida para o espaço, os cientistas têm observado os processos de correntes de jatos em Saturno pela primeira vez a duas altitudes diferentes. Um dos pontos de vista filtrados mostra a parte superior da troposfera, uma camada alta da atmosfera onde a Cassini vê neblinas espessas a alta altitude e onde o aquecimento pelo Sol é forte. Imagens com outro filtro mostram zonas mais profundas, no topo das nuvens de amônia gelada, onde o calor do Sol é fraco, mas mais perto do local onde o clima é originário. É aqui que a água se condensa e fabrica nuvens e chuva. No novo estudo, que vem no seguimento de resultados publicados em 2007, os autores usaram software de seguimento automatizado de nuvens para analisar os movimentos e velocidades de nuvens vistas em centenas de imagens da Cassini a partir de 2005 até 2012. "Com o nosso melhorado algoritmo de seguimento, fomos capazes de extrair quase 120.000 vetores de vento a partir de 560 imagens, dando-nos uma visão sem precedentes do fluxo de vento de Saturno a duas altitudes independentes numa escala global," afirma o co-autor do estudo e associado da equipe de imagem John Barbara, também do Instituto Goddard para Estudos Espaciais. Os achados da equipe providenciam um teste observacional para os modelos existentes que os cientistas usam para estudar os mecanismos que alimentam as correntes de jatos. Ao ver pela primeira vez como estes redemoinhos aceleram as correntes de jatos a duas altitudes diferentes, os cientistas descobriram que eram mais fracos a maiores altitudes onde os investigadores anteriores haviam encontrado que a maioria do aquecimento do Sol ocorre. Os vórtices são mais fortes a maiores profundidades. Assim, os autores puderam descontar o aquecimento do Sol e inferir que o calor interno do planeta, em última análise, conduz a aceleração das correntes dos jatos, não o Sol. O mecanismo que melhor corresponde às observações envolve o calor interno do planeta, que agita o vapor de água no interior de Saturno. Esse vapor de água condensa em vários lugares à medida que os gases atmosféricos aumentam e libertam calor à medida que produz também nuvens e chuva. Este calor fornece a energia para criar os redemoinhos que conduzem as correntes de jatos. A condensação da água não foi observada; a maioria dos processos ocorre a altitudes mais baixas não visíveis pela Cassini. Mas a condensação em tempestades a latitudes médias tanto acontece em Saturno como na Terra. As tempestades na Terra - o centro de baixas e altas pressões em mapas meteorológicos - são conduzidas principalmente pelo aquecimento do Sol e não ocorrem principalmente devido à condensação da água, afirma Del Genio. Em Saturno, o aquecimento da condensação é o impulsionador principal das tempestades, e o aquecimento pelo Sol não é importante.

Créditos: Astronomia On-line

Um vapor de estrelas

O número de galáxias que possuem braços espirais luminosos sendo varridos ou um centro extremamente brilhante e relativamente baixo. De fato no universo grande parte das galáxias parecem pequenas e amorfas nuvens de vapor. Uma dessas galáxias é a DDO 82, registrada aqui numa bela imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble das Agências Espaciais NASA e ESA. Apesar de pequena se comparada com a Via Láctea, essa galáxia anã ainda contém entre algumas milhões e bilhões de estrelas. A DDO 82, também é conhecida pela designação de UGC 5692, contudo não possui uma estrutura bem definida. Os astrônomos classificam ela como uma galáxia Sm, ou uma Galáxia Espiral Magalhânica, nome dado pelo fato dela ou das galáxias desse grupo se parecerem com a galáxia anã e satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães. Esse tipo de galáxia como a DDO 82 possui um braço espiral. No caso da DDO 82, interações gravitacionais durante a sua história de vida parece ter perturbado-a de modo que a sua estrutura não é tão evidente como a da Grande Nuvem de Magalhães. De acordo com isso os astrônomos também se referem a DDO 82 e outras galáxias similares como sendo galáxias anãs irregulares. A DDO 82 pode ser encontrada na constelação da Ursa Major (O Grande Urso) e localiza-se a aproximadamente 13 milhões de anos-luz de distância da Terra. O objeto é considerado como parte do Grupo de Galáxias M81 que contém aproximadamente 30 galáxias. A DDO 82 recebe esse nome por ser considerada a octagésima segunda entrada do David Dunlap Observatory Catalogue. O astrônomo canadense Sidney van den Bergh originalmente compilou essa lista de galáxias anãs em 1959. A imagem acima foi feita a partir de exposições obtidas com a luz visível e infravermelha com a Advanced Camera for Surveys do Telescópio Espacial Hubble. O campo de visão dessa imagem é de aproximadamente 3.3 por 3.3 arcos de minuto.

Créditos: Space Telescope

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Cruithne: a Terra teria mesmo duas Luas como dizem por aí?

A descoberta de um asteróide de cerca de 5 km de comprimento em janeiro de 1991, despertou a atenção dos astrônomos e do público em geral. O objeto tinha uma órbita tão incomum que quando visto da Terra dava a impressão que orbitava nosso planeta e muitos chegaram a chama-lo de segunda Lua. Batizado de 3753 Cruithne, o objeto é mais um dos milhares de asteróides que repentinamente cruzam a órbita da Terra. Normalmente, essas rochas passam pelo nosso planeta e seguem sua jornada ao redor do Sol, mas no caso de Cruithne uma rara interação gravitacional o colocou em uma órbita do tipo ferradura, produzindo um padrão orbital bastante estranho. Se você pudesse observar órbita de Cruithne de fora do nosso Sistema Solar, não teria qualquer dúvida que o asteróide orbita o Sol, mas de forma um pouco diferente das elipses comuns. O motivo é que Cruithne é fortemente afetado pela gravidade terrestre, que achata o padrão orbital e produz uma visão que é no mínimo interessante aos observadores na Terra. Devido à essa interação, ambos os objetos retornam todos os anos na mesma posição dentro das respectivas órbitas, o que causa a falsa impressão que Cruithne gira ao redor do nosso planeta e não do Sol. Apesar da falsa impressão, modelos astronômicos indicam que a orbita atual de Cruithne não é estável. De acordo com os cálculos, a atual orbita deverá se manter assim por pelo menos 5 mil anos até que algo inusitado poderá acontecer. Simulações indicam que Cruithne poderá realmente ser capturado pela gravidade da Terra e tornar-se uma verdadeira Lua. Os modelos mostram que essa órbita também não será estável e deverá durar mais ou menos 3 mil anos, até que 3753 Cruithne entre novamente na órbita solar. Quem viver verá!

Créditos: Apolo 11

Astronautas chineses fazem primeiro acoplamento manual no espaço

A agência espacial da China realizou neste domingo o primeiro acoplamento manual entre a cápsula Shenzou 9 e o módulo experimental Tiangong 1, precursor da estação espacial chinesa. Esta é segunda vez que os dois módulos são acoplados, comprovando a capacidade do país neste tipo operação. A união entre os dois módulos ocorreu às 01h48 pelo horário de Brasília (04h48 UTC), alguns minutos após o desengate dos anéis que mantinham as duas naves atracadas desde 18 de junho. Naquela ocasião a Shenzou 9 uniu-se a plataforma orbital chinesa de modo automático, sem qualquer intervenção humana. Antes do acoplamento de hoje, realizado de modo totalmente manual, a Shenzhou 9 se afastou por cerca de 400 metros da Tiangong e realizou pequenas manobras de correção, comandadas pelos astronautas Liu Wang, Jing Haipeng e Liu Yang. Após o acoplamento os astronautas entraram novamente na estação espacial, onde deverão realizar novos testes e experimentos científicos. As duas naves deverão permanecer conectadas por mais quatro dias. Em 28 de junho a Shenzou 9 se despede da Tiangong 1 e no dia seguinte regressará à Terra.

Créditos: Apolo 11

domingo, 24 de junho de 2012

Apollo 17 na cratera Shorty

Em Dezembro de 1972, os astronautas da missão Apollo 17, Eugene Cernan e Harrison Schmitt gastaram aproximadamente 75 horas na Lua no vale chamado de Taurus-Littrow, enquanto o seu colega de missão Ronald Evans orbitava a Lua. Essa imagem de alta resolução foi feita por Cernan, enquanto ele e Schmitt caminhavam no interior do vale. A imagem mostra Schmitt na esquerda junto com o veículo lunar na borda da chamada Cratera Shorty, perto de um ponto onde o geólogo Schmitt descobriu o solo laranja lunar. A tripulação da Apollo 17 voltou para a Terra com 110 Kg de rocha e amostras do solo da Lua, mais do que qualquer outra missão retornou quando pousou em outros locais da Lua. Agora, quarenta anos depois, Cernan e Schmitt continuam sendo os últimos seres humanos a terem caminhados na superfície do nosso satélite natural.

Créditos: APOD

Constelação de Pegasus

Pegasus (Peg), o Cavalo Alado, é uma constelação do hemisfério celestial norte. O genitivo, usado para formar nomes de estrelas, é Pegasi. As constelações vizinhas são: Andromeda, Lacerta, Cygnus, Vulpecula, Delphinus, Equuleus, situando-se a norte de Aquarius e Pisces. Alpha Pegasi (Markab), Beta Pegasi (Beta-Scheat), e Gamma Pegasi (Gama-Algenil), em conjunto com Alpha Andromedae (Alpheratz, Sirrah ou alfa-Andrómeda-Sirrah) formam o grande asterismo conhecido como Quadrado do Pégaso. A estrela 51 Pegasi é notável por ser a primeira estrela parecida com o Sol a ter um planeta extrassolar conhecido. Na mitologia grega, na Constelação de Pégaso está registrada uma bela estória de amor. Pégaso foi o cavalo alado que ajudou Perseu a salvar sua amada Andrômeda das garras de um monstro marinho chamado Cetus. Pégaso nasceu do sangue que jorrou no mar quando Perseu arrancou uma das cabeças da medusa, monstro de várias cabeças que petrificava todos que o olhassem. Montado em seu cavalo alado, Perseu carrega a cabeça arrancada e mira para Cetus petrificando-o e assim salva sua amada.

Créditos: Wikipédia

sábado, 23 de junho de 2012

Aglomerado Globular de Hércules

A imagem acima mostra o belo aglomerado globular M13 localizado na constelação de Hércules e como foi observado desde o Observatório New Forest em Hampshire, no Reino Unido, no dia 24 de Maio de 2012. Aglomerados globulares são ninhos particularmente densos de estrelas que tendem a se formar no halo existente ao redor das grandes galáxias. O M13 ou Aglomerado Globular de Hércules foi descoberto em 1714 por Edmond Halley. Ele contém centenas de milhares de estrelas e está localizado a aproximadamente 25.000 anos-luz de distância do Sol, mas a mais de 100.000 anos-luz do centro galáctico. O Aglomerado Globular de Hércules é um dos poucos aglomerados globulares visíveis a olho nu em locais bem escuros, e com binóculos ou pequenos telescópios da maioria dos locais no hemisfério norte da Terra, desde o final da primavera até o começo do outono. Pode-se observar na imagem acima a presença de uma galáxia na parte superior direita, essa é a galáxia NGC 6207.

Créditos: EPOD

Luz verde do norte

O conjunto de imagens acima mostra o Sol se pondo na ilha de Frösön no norte da Suécia um dia depois do solstício de verão. Dessa localização abaixo do círculo polar ártico o Sol se põe lentamente atrás do horizonte norte. Durante o último minuto do pôr-do-Sol, essa impressionante sequência de sete imagens foi feita mostrando a borda distorcida do disco solar desaparecendo atrás de uma linha repleta de árvores e mostrando de forma surpreendente tanto o raio verde como o raio azul. A presença dessas cores no disco do Sol não é um mito nem mesmo na terra das runas, a brilho elusivo dessas cores é causado pelo efeito de refração atmosférica amplificado pela longa e baixa linha de visão e pelos fortes gradientes de temperatura atmosférico que ocorrem nessa região do céu.

Créditos: APOD

Para onde aponta essa seta?

A imagem acima foi feita com a câmera WAC da sonda MESSENGER e mostra uma cratera na forma da ponta de uma seta. A forma alongada indica que a feição foi formada por impacto ou impactos de baixo ângulo. Ela pode representar também um grupo de crateras secundárias produzido por um grande impacto primário a leste. Mas fica a pergunta, para o que essa seta está apontando?

Créditos: MESSENGER

Uma ilusão de ótica

As duas imagens acima colocadas lado a lado para questão de comparação mostra a cratera Basho com diferentes condições de iluminação ilustrando a importância da sonda MESSENGER possuir diferentes campanhas de imageamento da superfície de Mercúrio. Embora a imagem da esquerda revele mais sobre a morfologia da superfície de Mercúrio através das sombras exageradas geradas pelo fato de um ângulo de incidência solar alto, ela falha na tentativa de mostrar o interessante material escuro ao redor do anel da cratera ou os extensos sistemas de raios brilhantes que ficam óbvios na imagem da direita. A imagem da direita foi adquirida como parte da geração do mapa base de albedo de alta resolução. As melhores imagens que podem ser usadas para discernir as variações no albedo, ou no brilho, na superfície de Mercúrio são adquiridas quando o Sol está alto, assim as imagens normalmente possuem um baixo ângulo de incidência. A geração do mapa base de albedo é uma das principais campanhas da missão estendida da sonda MESSENGER e irá cobrir a superfície de Mercúrio obtendo imagens com uma resolução média de 200 metros por pixel. A imagem da esquerda foi adquirida como parte da geração do mapa base com ângulos de alta incidência também uma missão executada pelo instrumento MDIS. A geração desse mapa base com alto ângulo de incidência é outra missão primária da estensão da missão da sonda MESSENGER, esse tipo de mapa complementa a geração do mapa base de morfologia da superfície que foi adquirido com ângulos de incidências mais moderados. Os altos ângulos de incidência, conseguidos quando o Sol está perto do horizonte, resulta em longas sombras que acentuam as feições geológicas e topográficas de pequena escala. As imagens que constituem o mapa base com ângulos de alta incidências estão sendo adquiridas com uma resolução média de 200 metros por pixel.

Créditos: MESSENGER

sexta-feira, 22 de junho de 2012

19 horas e 9 minutos

Provavelmente essa não é uma das fotos mais bonitas que já foram feitas da Lua, mas quase certamente é uma das mais díficeis já feitas. A Lua na imagem acima foi fotografada com uma idade de apenas 19 horas e 9 minutos. Se uma única imagem fosse feita nada seria visto, para podermos ver alguma coisa, 44 imagens foram feitas e empilhadas além de um certo processamento que foi aplicado para que o contraste fosse aumentado de forma decisiva, com isso pode-se ver claramente a fina Lua emergindo da imensidão azul do céu. O fotógrafo que fez essa imagem disse que essa foi a Lua mais jovem que ele já fotografou na vida e além disso ela estava a somente 9º15’ da borda do Sol. A linha apagada e irregular que delimita a Lua é parte remanescente da luz durante um eclipse total do Sol quando as regiões mais inferiores da borda deixam a luz passar gerando as chamadas Bayley’s Beads. A mesma fase não seria muito difícil de ser registrada no amanhecer ou no anoitecer, mas extremamente complicada de ser registrada perto do meio-dia.

Créditos: LPOD

IC 2574: Nebulosa de Coddington

Normalmente as grandes galáxias espirais recebem todas as glórias e toda a atenção dos observadores, com seus brilhantes e jovens aglomerados de estrelas azuis e seus belos braços espirais simétricos. Mas algumas das galáxias pequenas e irregulares também formam estrelas e podem até chamar a atenção de observadores mais atentos. De fato, a galáxia anã IC 2574, mostra clara evidência de uma intensa atividade de formação de estrelas em suas regiões rosadas de gás hidrogênio brilhante. Como nas galáxias espirais, as turbulentas regiões de formação de estrelas na IC 2574 são agitadas por ventos estelares e por explosões de supernovas que disparam a formação de novas estrelas. Localizada a 12 milhões de anos-luz de distância, a IC 2574 é parte do Grupo de Galáxias M81, e pode ser observada na direção da constelação da Ursa Major. Também conhecida como a Nebulosa de Coddington, essa amável ilha do universo tem cerca de 50.000 anos-luz de diâmetro e foi descoberta pelo astrônomo americano Edwin Coddington em 1898.

Créditos: APOD

WR 134: A Nebulosa do Anel

Feita com filtros de banda curta e longa, esse retrato cósmico colorido cobre um campo de visão que tem o tamanho aproximado da Lua Cheia e fica localizado dentro dos limites da constelação de Cygnus. A imagem acima destaca a borda brilhante de uma nebulosa parecida com um anel traçada pelo brilho dos gases hidrogênio e oxigênio ionizados. Mergulhados nas nuvens interestelares da região de gás e poeira, os arcos brilhantes complexos são seções de bolhas ou conchas de material varrido pelo vento da estrela Wolf-Rayet WR 134, a estrela mais brilhante da imagem perto do centro da imagem. A distância estimada coloca a WR 134 a aproximadamente 6.000 anos-luz, fazendo com que a imagem acima tenha mais de 50 anos-luz de diâmetro. Expelindo seus envelopes externos com poderosos ventos estelares, as estrelas massivas Wolf-Rayet estão queimando seu combustível nuclear numa taxa elevada e estão terminando essa fase final da evolução de uma estrela massiva numa espetacular explosão de supernova. Os ventos estelares e as supernovas finais enriquecerão o material interestelar com elementos pesados que no futuro serão incorporados em outras gerações de estrelas.

Créditos: APOD

Proximidade de planetas impressiona astrônomos

Lembre-se da magnitude e da beleza da Lua Cheia nascendo. Agora imagine que, em vez da Lua, surja no céu um planeta azul, só que três vezes maior. Esse é cenário que ocorre no inusitado sistema planetário Kepler-36, que acaba de ser descoberto pelos astrônomos. A estrela é parecida com o Sol, só que bem mais velha. O Kepler-36b é um planeta rochoso, com 1,5 vez o tamanho da Terra e pesando 4,5 vezes mais. Ele orbita a estrela a cada 14 dias, a uma distância de 17,7 milhões de km. O segundo planeta, o Kepler-36c, é um gigante gasoso, parecido com Netuno. Ele é 3,7 vezes maior do que a Terra e pesa 8 vezes mais. Ele orbita a estrela a cada 16 dias, a uma distância de 19,3 milhões de km. Ou seja, são os dois planetas mais próximos já descobertos até hoje. Os dois têm uma conjunção a cada 97 dias, quando ficam separados por menos do que 5 vezes a distância entre a Terra e a Lua. Como o Kepler-36c é muito maior do que a Lua, do ponto de vista do rochoso Kepler-36b ele aparece em uma visão espetacular. Coincidentemente, do ponto de vista inverso - olhando o planeta rochoso a partir do gigante gasoso - o vizinho aparece do tamanho da Lua Cheia. Não é um mundo para se viver. Em primeiro lugar porque são dois planetas com temperaturas extremas. Além disso, a aproximação gera gigantescas marés gravitacionais, que comprimem e esticam os dois planetas. Ainda não há uma teoria para explicar como o gigante gasoso pode se manter tão perto da estrela - no Sistema Solar, os gigantes gasosos ficam muito afastados da estrela.

Créditos: Inovação Tecnológica

Buracos negros são devoradores compulsivos?

Quando a matéria que o buraco negro está engolindo vai caindo, ela aquece à medida que aproxima-se do buraco negro e, eventualmente, sua temperatura fica tão alta, que ela brilha. Se há muita matéria sendo devorada, dizemos que o buraco negro é bastante ativo. Os buracos negros mais ativos geram núcleos galácticos extremamente ativos, conhecidos como quasares, que costumam apresentar um brilho equivalente ao de um trilhão de sóis, mais brilhante até do que uma galáxia. Sempre se acreditou que a maioria dos quasares resultava de eventos extremos, como colisões de galáxias, que alimentavam o buraco negro com uma quantidade enorme de matéria em um único evento. Mas também se sabia que existiam os quasares mais tranquilos, que devoravam sua matéria lentamente, “em pequenos lanches”, por assim dizer. O professor Kevin Schawinski, um astrônomo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, resolveu testar esta crença sobre os buracos negros dos quasares, e num estudo examinou 30 quasares da coleção de imagens do telescópio Hubble e do telescópio Spitzer. Neste estudo, a equipe descobriu que das 30 galáxias examinadas, 26 não apresentavam sinais de colisões de galáxias, e apenas uma delas tinha sinais claros de uma colisão. Mas mesmo o equipamento do Hubble não é capaz de fazer um zoom nas galáxias observadas, de forma que eles não sabem ainda qual o processo que está alimentando estes quasares. Schawinski acha que é uma combinação de fatores, como movimentos aleatórios de gases, disparos de supernovas, a absorção de pequenos corpos, e correntes de gases e estrelas alimentando o buraco negro central. Os cientistas estão apostando suas fichas no telescópio espacial James Webb (STJW), a ser lançado em 2018. Ele pode ajudar os cientistas a resolver este enigma, pois vai operar na faixa do infravermelho, e será capaz de examinar em detalhe o que o Hubble e o Spitzer apenas descobriram existir.

Créditos: Hypescience

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sonda da Nasa revela novas evidências de gelo em cratera lunar

Utilizando técnicas baseadas em luz laser, a sonda lunar LRO, da Nasa, coletou dados bastante significativos que permitiram aos cientistas afirmarem que a cratera Shackleton, permanentemente sombreada, armazena pelo menos 22% de gelo dentro de seu perímetro. Para chegarem a essa conclusão, uma equipe de cientistas da Nasa junto à de outras universidades iluminaram a base da cratera Shackleton com pulsos de raios laser gerados pela sonda LRO. O objetivo era medir a reflexão da luz laser em alguns comprimentos de ondas específicos, já que a composição química do material iluminado pode ser descoberta ao se estudar a absorção ou reflexão luminosa. Após uma série de sondagens os pesquisadores descobriram que o fundo da cratera Shackleton era ligeiramente mais refletivo que a base de outras crateras vizinhas. Agora, a análise desses dados mostrou que a reflexão em determinados comprimentos de onda é compatível com a presença de pequenas quantidades de gelo no interior. "As medidas do brilho estavam nos intrigando há dois verões", disse o cientista Gregory Neumann, ligado ao Goddard Space Flight Center, da Nasa, e coautor do paper (trabalho científico) publicado esta semana pela revista Nature. "Enquanto a distribuição de brilho não era exatamente o que esperávamos, cada medição relacionada ao gelo ou seus compostos voláteis era surpreendente e nos revelava temperaturas extremamente frias, de valores cósmicos, no interior da cratera", disse Neumann. Além da possível evidência de gelo, o mapeamento da Shackleton revelou uma cratera notavelmente preservada e que tem se mantida relativamente ilesa desde a sua formação há mais de três bilhões de anos. O piso da cratera é crivado de várias cicatrizes em forma de crateras pequenas, que segundo os pesquisadores podem ter se formado como parte da colisão que criou a Shackleton. Batizada assim em homenagem ao explorador anglo-irlandes Ernest Shackleton, que explorou a Antártida no começo do século 20, a cratera tem 3.5 km de profundidade e cerca de 20 km de largura. Da mesma forma que diversas crateras no pólo sul lunar, o interior de Shackleton permanece em absoluta e permanente escuridão devido ao eixo de inclinação da Lua, que não permite que o Sol atinja mais que alguns metros a partir da borda. Sem a luz solar, a temperatura do fundo dessas crateras pode chegar a menos de 200 graus negativos. Segundo Maria Zuber, ligada ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) enquanto o chão de Shackleton é relativamente brilhante, as paredes da cratera o são ainda mais, o que intrigou os pesquisadores quando os primeiros estudos começaram. Para os cientistas, se o gelo fosse encontrado em algum lugar da cratera esse local deveria ser a base, onde a luz solar direta nunca penetra. As paredes mais elevadas são ocasionalmente iluminadas, o que poderia evaporar o gelo que ali se acumula. Uma teoria oferecida pela equipe para explicar esse quebra-cabeça seria a ocorrência de "lunamotos", pequenas atividades sísmicas que ocorrem na Lua, provocadas por impactos de meteoritos ou marés gravitacionais da Terra. Para Zuber, essa agitação poderia provocar pequenos desprendimentos de material das paredes, expondo o material mais novo e mais brilhante da camada de baixo. Para entender melhor o que poderia causar esse fenômeno, a equipe de Zuber criou um mapa de resolução ultra-alta que revelou fortes evidências da presença de gelo sobre a base e também sobre as paredes da cratera. Lançada em junho de 2009, o principal objetivo da sonda da missão LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) é conduzir estudos para preparar a nova exploração lunar dos EUA. A sonda já completou sua exploração primária e agora está na fase de coleta de dados científicos. A LRO é uma espaçonave grande e sofisticada, desenvolvido no Goddard Space Flight Center da Nasa. Após a missão ser finalizada, o orbitador poderá ainda ser utilizado para retransmitir as comunicações de futuras missões em solo lunar, como um robô ou rover lunar.

Créditos: Apolo 11

Telescópio Extremamente Grande será construído no Chile

O ESO (Observatório Europeu do Sul), principal organização intergovernamental em astronomia da Europa e observatório astronômico mais produtivo do mundo, anunciou recentemente a construção do “Telescópio Extremamente Grande Europeu”, o maior telescópio do mundo. O ESO opera em três locais no Chile — La Silla, Paranal e Chajnantor — apesar de ser “europeu”. Uso o termo entre aspas, porque o projeto conta com quinze países membros, sendo um deles o Brasil, primeiro e único membro não europeu. O ano de 2012 marca o 50º aniversário da fundação do ESO, apoiado por Áustria, Bélgica, Brasil, República Tcheca, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Itália, Países Baixos (Holanda), Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido. O maior telescópio atualmente, o Telescópio Muito Grande (Very Large Telescope, VLT), o mais avançado observatório de luz visível e maior conjunto de telescópios ópticos do mundo em uma única localização, também é do ESO, operado em Paranal. O novo telescópio terá um espelho de 39 metros, quatro vezes maior que o do VLT. Na impressão feita por um artista gráfico acima, dá para ter uma noção do seu tamanho, comparando-o com os carros a sua volta. Sua localização no deserto do Chile serve para evitar a poluição. Também, o Telescópio Extremamente Grande (Extremely Large Telescope, ELT) ficará no alto de uma montanha de 3.060 metros, numa posição altamente privilegiada. Com esse novo telescópio poderoso, os astrônomos poderão observar planetas rochosos escuros muito além do nosso sistema solar. Ele também pode ajudar a desvendar mistérios como a natureza dos buracos negros, a formação de “matéria escura“, que não pode ser observada diretamente, apesar de hipóteses sugerirem que ela cobre a maior parte do universo, e a “energia escura“, que parece conduzir a expansão do universo a ritmo acelerado. O projeto, de custo de 872 milhões de libras esterlinas (2,83 bilhões de reais), já foi pré-aprovado e deverá ficar pronto até 2022.

Créditos: Hypescience

Crateras em baixo

Essa imagem monocromática mostra o hemisfério sul do planeta Mercúrio. A cratera no canto superior direito é chamada de Sur Das, tem um pico central que pega o Sol e gera uma longa sombra para leste. Rastros de crateras secundárias formadas pelo evento de impacto que formou a Sur Das também podem ser vistos no centro da imagem. Três pequenas crateras primárias bem preservadas são visíveis no meio, essas se formaram no material ejetado da Sur Das e por esse motivo são mais recentes.

Créditos: MESSENGER

Galáxias com formato espiral ajudam astrônomos a entenderem a matéria escura

Um estudo realizado no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP analisou a luz emitida por galáxias espirais. As observações são do Gassendi H Alpha survey of Spirals (GHASP), um programa francês de observação sistemática de galáxias espirais. “O meu trabalho foi apenas uma parte do projeto maior envolvendo pesquisadores brasileiros e franceses. A partir dos dados obtidos pelas observações do GHASP, que são feitas na França, fiz a análise fotométrica para entender as diferentes componentes das galáxias espirais e quanto cada uma delas emite de luz”, conta o astrônomo Carlos Eduardo Barbosa, autor da dissertação de mestrado defendida no IAG em outubro, sob orientação da professora Cláudia Lucia Mendes de Oliveira. A pesquisa analisou a emissão de fótons na banda R, correspondente à região vermelha da luz visível, que é emitida principalmente pelas estrelas de baixa massa. Para se ter idéia do que é uma estrela considerada de baixa massa, o Sol é um exemplo. “O número de estrelas de baixa massa que emitem luz vermelha é muito maior que o de estrelas de alta massa, que emitem luz azul. Portanto, identificando apenas a emissão de luz vermelha, consigo obter informações sobre a como a maior parte da massa está distribuída na galáxia”, conta o astrônomo. O GHASP observou com grande detalhe as propriedades dinâmicas e cinemáticas de 203 galáxias espirais relativamente próximas. O trabalho de Barbosa mostra o estudo fotométrico de 173 destas galáxias. Após as observações das imagens enviadas pelo observatório de Haute-Province, na França, Barbosa constatou que a maior parte da massa e da emissão de luz da galáxia está no disco. “Quando vemos uma galáxia espiral, temos a impressão de que os braços espirais concentram a maior parte das estrelas. Na verdade, estes braços são ondas mergulhadas em uma estrutura muito maior, o disco, que vai além da ponta dos braços. O que enxergamos é apenas onde as estrelas estão mais concentradas”, explica. A análise das imagens obtidas pelo telescópio de 1,2 metros do Observatório de Haute-Provence levou dois anos para ser concluída. As imagens precisavam ser calibradas e combinadas para que se excluíssem ruídos causados por corpos celestes que estejam entre a Terra e a galáxia observada ou pela própria atmosfera terrestre. Também foi feita uma decomposição da luz, para identificar o que era emitido pelo bojo e pelo disco separadamente. Segundo Barbosa, o objetivo maior do projeto GHASP é uma melhor compreensão da matéria escura. “Tudo o que tem massa influencia o movimento dos corpos celestes. Com os dados obtidos pelo GHASP, é possível mapear as velocidades do gás contido nessas galáxias. Com isto, nota-se que deve haver muito mais massa nas galáxias do que a luz das estrelas e o gás podem explicar. A hipótese mais aceita na comunidade científica é que essa massa seja a matéria escura”, conta. “Analisar a luz emitida pelas galáxias permite analisar a dinâmica da massa visível. E entendendo a dinâmica da massa visível, é possível compreender a dinâmica da matéria escura, ou seja, descobrir onde ela está localizada e como ela influencia a galáxia”.

Créditos: Jornal Ciência

NASA afirma: “99% de chances de vida em Marte”, de acordo com amostras de 1976

Novas análises de amostras de solo marciano colhidas em uma missão de 1976 apontam grandes evidências de vida, afirma novo relatório. As amostras coletadas pela Viking da Nasa Mars Landers, foram inicialmente usadas para mostrar a atividade geológica do planeta, mas não havia evidenciado vida. Mas uma nova análise da Universidade de Siena e do Instituto Califórnia Keck acredita que os experimentos originais podem ter sido falhos, não conseguindo provar existência de vida microbiana. “Com base no que temos feito até agora, eu diria que podemos afirmar que existem 99% de certeza de que há vida lá”, comentou Joseph D. Miller, professor associado de célula e neurobiologia da Universidade do Sul da Califórnia. Ele acrescentou: “Parafraseando um velho ditado: se parecer com um micróbio e se comportar como um micróbio, então provavelmente é um micróbio”. Os produtos químicos orgânicos identificados nas amostras de solo da sonda Viking foram clorometano e diclorometano. Acredita-se que essas substâncias estavam presentes nas amostras por contaminação de fluidos de limpeza usados nas proximidades do laboratório. O assunto foi levantado após os cientistas perceberem que uma amostra de Marte colhida em 2008 trazida pela Phoenix Mars Laders da NASA, continha perclorato. Quando o perclorato foi adicionado ao solo do deserto a partir de compostos orgânicos que existiam no Chile e analisados com os mesmos testes realizados nas amostras da missão Viking, os mesmos compostos foram encontrados no teste realizado. A pesquisa foi publicada no International Journal of Aeronautical and Space Sciences.

Créditos: Jornal Ciência

Notícias de Marte

Essas últimas semanas foram recheadas de novidades vindas de Marte, ou de perto do planeta vermelho. Algumas dessas notícias não são muito boas. Vamos a elas. O jipe Opportunity, em solo marciano desde 2004 teve problemas de comunicação com o controle da missão na Terra. Primeiro, ele não conseguiu contatar a sonda Odissey, em órbita de Marte, que, além de fazer sua própria pesquisa, serve de repetidora de sinais entre a Terra e o jipe. Isso por que uma das rodas de reação do satélite ficou emperrada durante alguns minutos, o que o colocou em modo de segurança. Neste modo, as atividades da sonda são reduzidas ao mínimo possível e os seus painéis solares são apontados para receber o máximo de luz possível para garantir que as baterias fiquem plenamente carregadas. Essas rodas têm a função de manter o satélite apontado na direção correta por meio de sua rotação. Cada vez que é necessário mudar a posição do satélite, as rodas – são três no total, cada uma orientada de 90 graus em relação a outra – giram para determinada direção e o satélite reage na direção contrária. Esse método é muito mais preciso que disparar retrofoguetes e tem a vantagem de usar eletricidade, abundante e renovável, em vez de combustível, que tem uma carga finita. A Odissey possui uma roda extra para caso de necessidade. Logo, assim que ocorreu a falha, esse estepe foi posto em funcionamento, girando a 5 mil rotações por minuto pela primeira vez desde que a sonda foi lançada, em 7 de abril de 2001. Agora, os engenheiros da Nasa estão caracterizando a sonda nessa nova configuração para que ela possa retomar suas atividades de rotina. Para complicar a situação, uma conexão alternativa com outro satélite em órbita de Marte, o Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, em inglês) também falhou. Nesse caso, aparentemente um problema de alinhamento das antenas do jipe e do MRO impediram uma comunicação adequada. Esse desalinhamento também está sendo investigado, pois não deveria ter acontecido. Restou ao pessoal da NASA fazer uma “chamada direta” da Terra, usando a rede de antenas destinada a rastrear todas as sondas lançadas no espaço. Apesar das dificuldades inerentes a esta forma de comunicação, o jipe parece estar ainda em plena forma. Os dados recebidos indicam que a produção de eletricidade está bastante adequada, mesmo com os painéis solares cobertos por poeira. O odômetro da Opportunity marca mais de 35 km percorridos no solo marciano. Finalmente, a equipe que controla a viagem do próximo jipe marciano, o Curiosity, anunciou que conseguiu reduzir as estimativas da área prevista para o seu pouso. Isso é de fundamental importância, pois a área escolhida fica ao sopé de uma montanha, que tem uma depressão no terreno. Se o jipe pousar em algum desses lugares, pode capotar ou nunca conseguir sair dessa vala, jogando toda a missão literalmente no buraco. E por que essa região tão complicada foi escolhida para o pouso? Por que ela é interessante do ponto de vista científico, e vale a pena arriscar. Por enquanto é isso.

Créditos: G1