domingo, 17 de agosto de 2014

Dia dura apenas 8 horas em exoplaneta 16 vezes maior que a Terra

Observações do Very Large Telescope (Telescópio Muito Grande, VLT) do European Southern Observatory (ESO) – o maior conjunto de telescópios ópticos do mundo – determinaram, pela primeira vez, a taxa de rotação de um exoplaneta. Foi descoberto que o Beta Pictoris b tem um dia que dura oito horas, o que é mais rápido do que qualquer planeta do sistema solar. O exoplaneta Beta Pictoris b orbita a estrela visível a olho nu Beta Pictoris, que fica a cerca de 63 anos-luz da Terra, na constelação de Pictor (que significa “cavalete do pintor”). Este planeta foi descoberto há quase seis anos e foi um dos primeiros exoplanetas a serem diretamente fotografados. Ele orbita sua estrela a uma distância de apenas oito vezes a da Terra ao Sol, o que o torna o exoplaneta mais próximo da sua estrela a ter sido reproduzido imageticamente de forma direta. Usando o instrumento CRICES do VLT, uma equipe de astrônomos holandeses da Universidade de Leiden e do Instituto Holandês de Pesquisas Espaciais (SRON) descobriram que a velocidade de rotação equatorial do exoplaneta Beta Pictoris b é quase 100 mil km/h. Em comparação, o equador de Júpiter tem uma velocidade de cerca de 47 mil km/h, enquanto a Terra gira a apenas 1.700 km/h. O Beta Pictoris b é mais de 16 vezes maior e tem uma massa 3 mil vezes maior do que a Terra, e um dia no planeta dura apenas 8 horas. “Não se sabe por que alguns planetas giram rápido e outros mais lentamente”, diz Remco de Kok, coautor do estudo. “Entretanto, esta primeira medição de rotação de um exoplaneta mostra que a tendência observada no sistema solar, onde os planetas mais massivos giram mais rápido, também vale para exoplanetas. Esta deve ser alguma consequência universal da forma pela qual os planetas se formam”. O Beta Pictoris b é um planeta muito jovem, com apenas cerca de 20 milhões de anos (em comparação com 4,5 bilhões anos da Terra). Ao longo do tempo, é esperado que ele esfrie e encolha, o que vai fazê-lo girar ainda mais rápido. Por outro lado, outros processos que mudariam a rotação do planeta podem estar em jogo. Por exemplo, a rotação da Terra está desacelerando ao longo do tempo devido às interações de maré com a nossa lua. Os astrônomos fizeram uso de uma técnica precisa chamada espectroscopia de alta dispersão para dividir a luz em suas cores constituintes – diferentes comprimentos de onda do espectro. O princípio do efeito Doppler lhes permitiu utilizar a alteração no comprimento de onda para detectar que diferentes partes do planeta estavam se movendo a velocidades diferentes e em sentidos opostos em relação ao observador. Ao remover muito cuidadosamente os efeitos da estrela-mãe (muito mais brilhante), foram capazes de extrair o sinal de rotação do planeta. “Nós medimos os comprimentos de onda da radiação emitida pelo planeta com uma precisão de uma parte em cem mil, o que torna as medições sensíveis ao efeito Doppler, que pode revelar a velocidade de objetos que as emitem”, explica Ignas Snellen, o principal autor do estudo. “Usando esta técnica, nós descobrimos que diferentes partes da superfície do planeta estavam se movendo ao nosso encontro ou para longe de nós em velocidades diferentes, o que só pode significar que o planeta está girando em torno de seu eixo”. Esta técnica está intimamente relacionada com o registro de imagens de Doppler, que tem sido utilizado há várias décadas para mapear as superfícies das estrelas. O giro rápido de Beta Pictoris b significa que, no futuro, será possível fazer um mapa global do planeta, mostrando possíveis padrões de nuvens e grandes tempestades.

Fonte: Hypescience

Estrela “irmã” do nosso Sol é encontrada

Uma equipe de pesquisadores liderada pelo astrônomo Ivan Ramirez, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, identificou o primeiro “irmão” do Sol – uma estrela que quase certamente nasceu a partir da mesma nuvem de gás e poeira que a nossa fonte de calor. Métodos da equipe de Ramirez vão ajudar os astrônomos a encontrar outros irmãos solares, o que poderia levar a um entendimento de como e onde o nosso Sol foi formado, e como nosso sistema solar se tornou propício para a vida. “Queremos saber onde nascemos. Se pudermos descobrir em que parte da galáxia o Sol foi formado, podemos restringir as condições do início do sistema solar. Isso pode nos ajudar a entender por que estamos aqui”, explica Ramirez. Além disso, há uma chance “pequena, mas não inexistente”, que essas estrelas irmãs do Sol possam hospedar planetas que abrigam vida. Em seus primeiros dias no conjunto de material cósmico que lhes deu origem, colisões podem ter mandado para fora pedaços de planetas e esses fragmentos podem ter viajado entre sistemas solares, e talvez até mesmo podem ter sido responsáveis por trazer a vida primitiva para a Terra. “Então, pode-se argumentar que os irmãos solares são candidatos chave na busca por vida extraterrestre”, sugere Ramirez. O irmão do Sol que sua equipe identificou é chamado HD 162826, uma estrela com 15% mais massa do que o nosso astro-rei, localizada a 110 anos-luz de distância, na constelação de Hércules. A estrela não é visível a olho nu, mas pode ser vista facilmente com binóculos de baixa potência, não muito longe da estrela brilhante Vega. A equipe identificou o HD 162826 como irmão do nosso Sol seguindo 30 possíveis candidatos encontrados por vários grupos ao redor do mundo. A equipe de Ramirez estudou 23 dessas estrelas a fundo com o telescópio Harlan J. Smith, no Observatório McDonald, no Texas, e as estrelas restantes (visíveis apenas do hemisfério sul) com o telescópio Clay Magellan, no Observatório Las Campanas, no Chile. Todas estas observações usaram espectroscopia de alta resolução para obter uma compreensão profunda da composição química das estrelas. Mas vários fatores são necessários para realmente definir um irmão solar, diz Ramirez. Além da análise química, sua equipe também incluiu informações sobre as órbitas das estrelas – onde foram e para onde elas estão indo em seus caminhos ao redor do centro da Via Láctea. Considerando tanto a química quanto as órbitas, eles diminuíram a quantidade de candidatos até o HD 162826. Ninguém sabe se esta estrela hospeda quaisquer planetas com vida. Mas por um “golpe de sorte”, afirma Ramirez, a equipe de busca planetária do Observatório McDonald vem observando o HD 162826 por mais de 15 anos. Estudos realizados por Michael Endl e William Cochran, da Universidade do Texas, bem como os cálculos de Rob Wittenmyer da Universidade de New South Wales, em Sidney, na Austrália, descartaram quaisquer planetas massivos orbitando próximos à estrela (os chamados Júpiters quentes), e indicam que é improvável que um análogo de Júpiter orbite a estrela. Os estudos não descartam a presença de planetas terrestres menores. O achado de um único irmão solar é intrigante, mas Ramirez destaca que o projeto tem um objetivo maior: criar um roteiro para identificar irmãos solares, em preparação para o dilúvio de dados esperados em breve a partir de pesquisas como a “Gaia”, a missão da Agência Espacial Européia que vai criar o maior e mais preciso mapa 3D da Via Láctea. Os dados que em breve serão disponibilizados por Gaia “não vão ser limitados à vizinhança solar”, explica Ramirez, observando que a pesquisa irá fornecer distâncias precisas para um bilhão de estrelas, o que permite aos astrônomos procurar irmãos solares daqui até o centro de nossa galáxia. “O número de estrelas que podemos estudar aumenta por um fator de 10.000″, celebra o pesquisador. Ele diz que o roteiro criado por sua equipe irá acelerar o processo de “peneirar” o campo para possíveis irmãos solares. “Não precisaremos mais investir tanto tempo em analisar todos os detalhes em cada estrela”, diz ele. “Poderemos nos concentrar em certos elementos químicos fundamentais que vão ser muito úteis”. Estes elementos são aqueles que variam muito entre as estrelas, que no geral têm composições químicas muito similares. Estes elementos químicos altamente variáveis ​​são em grande parte dependentes de onde na galáxia a estrela foi formada. A equipe de Ramirez identificou o bário e o ítrio como particularmente úteis. Uma vez que muitos mais irmãos solares sejam identificados, os astrônomos estarão um passo mais perto de saber onde e como o Sol foi formado. Para alcançar esse objetivo, os especialistas em dinâmica desenvolverão modelos que reproduzirão as órbitas de todos os irmãos solares conhecidos para descobrir onde eles se cruzam, achando então o seu local de nascimento.

Fonte: Hypescience

Exoplanetas começam a ser fotografados diretamente

Você já deve ter-se acostumado a ouvir sobre a descoberta de exoplanetas e ver suas "visões artísticas", quadros idealizados produzidos digitalmente. Agora você vai começar a vê-los em imagens reais. Um gigante gasoso é a mais recente adição à pequena lista de exoplanetas descobertos através de imagens diretas. Ele está localizado ao redor da GU Psc, uma estrela com uma massa três vezes menor que a do Sol, situada na constelação de Peixes. Mas esta não é a maior surpresa desta observação. O exoplaneta, chamado GU Psc b, está muito distante da sua estrela - cerca de 2.000 vezes a distância entre a Terra e o Sol -, um autêntico recorde. A essa distância, leva aproximadamente 80.000 anos terrestres para que o GU Psc b complete uma órbita em torno de sua estrela. Os pesquisadores aproveitaram essa distância astronômica entre o planeta e sua estrela para conseguir fotografá-lo diretamente. Ao comparar imagens obtidas em diferentes comprimentos de onda, eles foram capazes de confirmar a existência do planeta. "Os planetas são muito mais brilhantes quando vistos em infravermelho, em vez de luz visível, porque a temperatura da sua superfície é mais baixa em comparação com outras estrelas. Isso nos permitiu identificar o GU Psc b," disse Marie-Eve Naud, da Universidade de Montreal, no Canadá. Neste segundo caso, a novidade não é exatamente o exoplaneta, mas a qualidade da imagem. Esta é a melhor foto que já se obteve de um exoplaneta. E é apenas a primeira de uma série. A imagem foi captada pelo Gemini Planet Imager (imageador de planetas Gemini, em tradução livre), um aparelho construído especificamente para isso. Instalado no telescópio Gemini Sul, no Chile, o aparelho está em fase de testes, observando exoplanetas já conhecidos, antes de começar a procurar por planetas extrassolares desconhecidos. "Mesmo estas primeiras imagens são melhores quase por um fator de 10 em relação à geração anterior de instrumentos. Em um minuto estávamos vendo planetas que levavam uma hora para serem detectados," disse Bruce Macintosh, líder da equipe que construiu o instrumento. Ainda neste ano, os astrônomos esperam usar o Gemini Planet Imager para bisbilhotar em volta de 600 estrelas jovens em busca de planetas gigantes. Embora a câmera tenha sido projetada para procurar planetas distantes, ela também pode observar objetos no nosso Sistema Solar. As imagens de teste da lua Europa, de Júpiter, por exemplo, estão permitindo mapear mudanças na composição da superfície do satélite.

Fonte: Inovação Tecnológica

Grande Mancha de Júpiter está encolhendo

Da mesma forma que os anéis de Saturno, a Grande Mancha de Júpiter é a “marca registrada” deste planeta, uma gigantesca tempestade anticiclônica (uma tempestade que gira em um sentido que aparentemente “contradiz” o efeito Coriolis), e é conhecida de longa data – desde 1635, pelo menos. Descrita como sendo “um ponto permanente” por Cassini em 1665, a Grande Mancha de Júpiter está encolhendo. Suas dimensões eram originalmente estimadas em 40.000 km no diâmetro leste-oeste, mas quando as sondas Voyaer 1 e 2 passaram por Júpiter em 1979, a tempestade tinha “só” 23.000 km. Novas medidas feitas pelo Hubble em 1995 apontaram um tamanho de 21.000 km e 18.000 km em 2009. Desde 2012, astrônomos amadores têm ajudado a monitorar a diminuição da mancha e, atualmente o tamanho da mesma é de aproximadamente 16.500 km. As razões para esta redução de tamanho, que segue a uma taxa aproximada de 900 km por ano, ainda não são conhecidas, mas a astrônoma da NASA Dra. Amy Simon-Muller acredita que correntes e ciclones menores estão consumindo a energia da tempestade, causando sua diminuição.

Fonte: Hypescience

Observatório Chandra da NASA busca pela causa da explosão da supernova SN 2014J na M82

Novos dados obtidos pelo Observatório de Raios-X Chandra, da NASA têm fornecido informações cruciais sobre o ambiente ao redor de uma das supernovas mais próximas da Terra, descoberta em décadas. Os resultados do Chandra fornecem idéias sobre a possível causa da explosão. No dia 21 de Janeiro de 2014, os astrônomos testemunharam uma supernova logo depois dela ter explodido na galáxia Messier 82, a M82. Os telescópios através do globo e no espaço viraram sua atenção para estudar essa estrela recém explodida, incluindo o Chandra. Os astrônomos determinaram que essa supernova, chamada de SN 2014J, pertence a uma classe de explosão chamada de Supernovas do Tipo Ia. Essas supernovas são usadas como marcadores de distância e têm um papel fundamental na descoberta da expansão acelerada do universo, que tem sido atribuída aos efeitos da energia escura. Os cientistas acreditam que todas as supernovas do Tipo Ia envolvem a detonação de uma anã branca. Uma importante questão é se a fusão na explosão acontecem quando a anã branca puxa muito material de sua estrela companheira, parecida com o Sol, ou quando duas anãs brancas se fundem. A imagem acima contém dados do Chandra, onde os raios-X de baixa, média e alta energia, são mostrados em vermelho, verde e azul, respectivamente. A ausência de raios-X detectados pelo Chandra é uma importante pista para os astrônomos procurarem pelo mecanismo exato de como essa estrela explodiu. A não detecção de raios-X, revela que a região ao redor do local da explosão da supernova é relativamente desprovida de material. Os astrônomos esperam que se uma supernova explode devido a isso ela tem constantemente coletado material de uma estrela companheira antes de explodir, o processo de transferência de massa não seria 100% eficiente, e a anã branca mergulharia numa nuvem de gás. Se uma quantidade significante de material estivesse ao redor da estrela moribunda, a onda de explosão gerada pela supernova teria sido observada quando o Chandra foi apontado para ela, produzindo uma brilhante fonte de raios-X. Como eles não detectaram qualquer raio-X, os pesquisadores determinaram que a região ao redor da SN 2014J é excepcionalmente limpa. Uma candidata viável para a causa da SN 2014J precisa explicar o ambiente relativamente livre de gás ao redor da estrela antes da explosão. Uma possibilidade é a fusão de duas estrelas do tipo anãs brancas, onde, nesse caso, haveria pouca transferência de massa e poluição do ambiente antes da explosão. Outra é que algumas erupções menores na superfície da anã branca limpou a região antes da supernova. Observações futuras, poucos dias depois da explosão poderiam mostrar a quantidade de gás em um volume maior, e ajudar a decidir entre esses e outros cenários.

Fonte: Cienctec

sábado, 16 de agosto de 2014

Hubble ajuda a solucionar mistério da idade do aglomerado globular IC 449 na Via Láctea

Observações do Hubble feitas do IC 4499 tem ajudado a apontar a idade do aglomerado: observações desse aglomerado dos anos de 1990 sugerem uma idade jovem desafiante quando comparado com outros aglomerados globulares dentro da Via Láctea. Contudo, desde as primeiras estimativas, novos dados do Hubble têm sido obtidos e se descobriu que muito provavelmente o IC 4499 tem na verdade a mesma idade de outros aglomerados da Via Láctea, com aproximadamente 12 bilhões de anos. Por muito tempo acreditou-se que todas as estrelas dentro de um aglomerado globular se formam aproximadamente ao mesmo tempo, uma propriedade que pode ser usada para determinar a idade do aglomerado. Para aglomerados mais massivos, contudo, observações detalhadas têm mostrado que isso não é inteiramente verdade – existem evidências, que os aglomerados consistem de múltiplas populações de estrelas nascidas em diferentes épocas. Uma das forças fortes por trás do comportamento acredita-se que seja a gravidade: aglomerados globulares mais massivos, podem juntar mais gás e poeira, que podem posteriormente se transformarem em novas estrelas. O IC 4499 é um caso especial. Sua massa localiza-se entre os aglomerados de baixa massa, que mostram uma única geração, e os mais complexos e mais massivos aglomerados globulares que podem conter mais de uma geração de estrelas. Estudando objetos como o IC 4499, os astrônomos podem explorar quanto a massa afeta o conteúdo do aglomerado. Os astrônomos não encontraram nenhum sinal de múltiplas gerações de estrelas no IC 4499 – suportando a idéia de que aglomerados menos massivos em geral são constituídos por somente uma geração estelar.

Fonte: Cienctec

NuSTAR vê luz desfocada em redor de buraco negro

O telescópio NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA capturou um evento extremo e raro nas regiões imediatas em torno de um buraco negro supermassivo. Uma fonte compacta de raios-X, que fica perto do buraco negro, chamada coroa, mudou-se para mais perto do buraco negro ao longo de um período de poucos dias. "A coroa recentemente colapsou na direção do buraco negro, o que fez com que a intensa gravidade do buraco negro puxasse toda a luz para o seu disco envolvente, onde o material espirala para dentro," afirma Michael Parker do Instituto de Astronomia de Cambridge, Reino Unido, autor principal de um novo estudo sobre os resultados, publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. À medida que a coroa se deslocava para mais perto do buraco negro, a gravidade deste objeto exercia uma maior força sobre os raios-X emitidos. O resultado foi uma desfocagem e um alongamento extremo dos raios-X. Já foram observados eventos deste gênero, mas nunca com este grau e com tanto detalhe. Pensa-se que os buracos negros supermassivos residem nos centros de todas as galáxias. Alguns são mais massivos e giram mais depressa que outros. O buraco negro neste estudo, referido como Markarian 335, ou Mrk 335, está a cerca de 324 milhões de anos-luz da Terra na direção da constelação de Pégaso. É um dos sistemas mais extremos com massa e rotação já medidas. O buraco negro "aperta" aproximadamente 10 milhões de vezes a massa do nosso Sol numa região com apenas 30 vezes o diâmetro do Sol, e gira tão rapidamente que o espaço e o tempo arrastam-se em seu redor. Sabendo que uma certa quantidade de luz cai para um buraco negro supermassivo e nunca mais é vista, outras formas de luz emanam da coroa e do disco de material superaquecido em acreção em redor. Embora os astrônomos não tenham a certeza da forma e temperatura das coroas, sabem que contêm partículas que se movem a velocidades próximas à da luz. O satélite Swift da NASA examina Mrk 335 há anos, e recentemente notou uma mudança dramática no seu brilho em raios-X. No que é chamado de observação alvo de oportunidade, o NuSTAR foi redirecionado para observar os raios-X altamente energéticos desta fonte na faixa dos 3-79 keV (quilo elétrons-volt). Esta faixa de energia em particular oferece aos astrônomos uma visão detalhada sobre o que está a acontecer perto do horizonte de eventos, a região em torno de um buraco negro a partir da qual a luz já não consegue escapar ao alcance da gravidade. Observações posteriores indicam que a coroa ainda está nesta configuração íntima, meses após ter-se movido. Os investigadores não sabem se a coroa vai voltar à sua posição original. Além disso, as observações do NuSTAR revelam que o domínio da gravidade do buraco negro puxou a luz da coroa para a parte interna do seu disco superaquecido, iluminando-o melhor. Quase como se alguém tivesse apontado uma lanterna aos astrônomos, a mudança na posição da coroa iluminou precisamente a região que queriam estudar. Os novos dados podem, em última análise, ajudar a saber mais sobre a natureza misteriosa das coroas dos buracos negros. Em adição, as observações têm proporcionado melhores medições sobre a furiosa velocidade de rotação relativista de Mrk 335. As velocidades relativistas são aquelas que se aproximam da velocidade da luz, como descrito pela teoria da relatividade de Albert Einstein. "Nós ainda não entendemos exatamente como a coroa é produzida ou porque muda de forma, mas vemo-la a iluminar material em redor do buraco negro, permitindo o estudo das regiões onde os efeitos descritos pela teoria geral da relatividade de Einstein se tornam proeminentes," afirma Fiona Harrison, investigadora principal do NuSTAR, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) em Pasadena, EUA. "A capacidade sem precedentes do NuSTAR, para observar este e outros eventos similares, permite-nos estudar os efeitos de flexão de luz mais extremos da relatividade geral."

Fonte: Astronomia On-line

Afinal, o que aconteceu em Hebes Chasma, no planeta Marte?

Marte é um planeta surpreendente, com diversas feições geológicas muito semelhantes às da Terra. O planeta é o mais estudado e visitado por sondas robóticas, mas algumas feições permanecem um grande mistério, como a fantasmagórica plataforma localizada no fundo do maior cânion marciano. Com exceção do profundo vale submarino da Dorsal meso-atlântica, que tem 16 mil km de extensão, Valles Marineris é o maior cânion conhecido pelo homem. Situado na região equatorial do Planeta Vermelho, mede mais de 4 mil km de extensão, 200 km de largura e 7 km de profundidade. Os pesquisadores acreditam que Valles Marineris é uma gigantesca fenda tectônica formada quando a crosta do planeta se elevou a oeste na região do planalto de Tharsis e alargado posteriormente pela força erosiva dos ventos. No fundo da porção norte de Valles Marineris encontra-se Hebes Chasma, uma depressão com cerca de 6 km de profundidade e 320 quilômetros de largura. A depressão é alvo de muitos estudos por parte dos geólogos espaciais. Hebes parece ser uma porção independente de outras superfícies ao redor e entender onde seu material interno foi parar é um desafio entre os pesquisadores. Dentro Hebes Chasma se localiza Hebes Mensa, uma plataforma de 5 quilômetros de altura que parece ter sofrido um colapso parcial que pode fornecer pistas importantes sobre a formação de Hebes Chasma. A imagem acima, feita pela sonda européia Mars Express, atualmente na órbita de Marte, mostra grandes detalhes sobre os abismo formado pelas encostas de Valles Marineris e também o recuo incomum em forma de ferradura localizado no centro da mesa. Ao que tudo indica, o material do topo da plataforma (mesa) flui em direção ao leito de Hebes Chasma enquanto uma camada escura parece ter se acumulado sobre o patamar da curva descendente. Uma recente hipótese sustenta que rochas salgadas compõe algumas camadas inferiores de Hebes Chasma. Esse sal teria então dissolvido pela ação de fluxos de gelo que escoaram através de buracos para dentro da superfície. Se essa hipótese estiver correta, é possível que abaixo de Hebes Chasma se encontre o material procurado, um gigantesco aquífero subterrâneo formando um verdadeiro oceano de água salgada.

Fonte: Apolo 11

Rocha irregular com 6 metros de altura desliza por colina e para de pé no solo marciano

Um rastro de cerca de 500 metros de comprimento em Marte, mostra onde um pedaço de rocha irregular deslizou do alto de uma colina para o seu ponto atual, visto em 3 de Julho de 2014 pela câmera High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter. A sombra gerada pela rocha com a luz do Sol do meio da tarde revela que ela tem cerca de 6 metros de altura. Na imagem pode-se inferir que o pedaço de rocha tem somente 3.5 metros de largura. O rastro deixado pela rocha no talude por onde ela escorregou tem um padrão que sugere que a rocha não poderia rolar suavemente ou diretamente, devido a sua forma. O Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, uma divisão do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, gerencia a Mars Reconnaissance Orbiter para o Science Mission Directorate da NASA em Washington. A câmera HiRISE é um dos seis instrumentos científicos a bordo da sonda, e é operado pela Universidade do Arizona em Tucson. O instrumento foi construído pela Bal Aerospace & Technologies Corp. em Boulder, no Colorado.

Fonte: Cienctec

Planetas andarilhos, os planetas solitários que vagam pelo universo

Um planeta andarilho (ou planeta de livre flutuação) é, geralmente, um corpo do tamanho de Júpiter que habita o espaço entre as estrelas, sem estar ligado pela gravidade a qualquer uma delas (como a Terra está ligada ao Sol, por exemplo). Isso significa que é um planeta sem uma estrela-mãe. Os cientistas creem que estes planetas são formados diretamente a partir do colapso de nuvens de gás interestelares (como estrelas) sem massa para inflamar (como uma anã marrom), ou que são formados em um sistema planetário e de alguma forma “superam” a gravidade de sua estrela e ficam livres dela (na verdade, são expulsos do sistema). Essa segunda opção ocorre quando um planeta, que normalmente é de grande massa, migra em direção à sua estrela-mãe. No processo, passa através dos materiais que sobraram da formação daquele sistema. Naturalmente, todos os planetas entre o planeta migrante e a estrela-mãe serão afetados. Alguns mudarão sua órbita (movendo-se para mais perto ou mais longe da sua estrela hospedeira), outros podem entrar em uma rota de colisão com um objeto diferente (uma lua ou outro planeta) e serem destruídos, e ainda outros podem ser ejetados do sistema, e se tornarem “andarilhos”. Vamos dizer que o planeta que se dirige a sua estrela-mãe tem cinco vezes a massa de Júpiter. Ele pode gravitacionalmente ejetar um planeta menor, mesmo que este tenha a massa de Júpiter (o que é muito grande). Isto implica que pode haver vários planetas andarilhos que foram ejetados de todos os sistemas que tem um “Super Júpiter” (planetas grandes e quentes) orbitando de maneira muito próxima sua estrela-mãe. Na verdade, esse cenário é bem provável. Pesquisadores descobriram recentemente que estes planetas livres são muito comuns. Pode haver quase o dobro deles em comparação com o número de estrelas. Só que, infelizmente, eles são muito difíceis de observar, uma vez que a maneira mais simples de encontrar um planeta é estudando o efeito que ele tem em sua estrela-mãe – quando um planeta passa na frente de sua estrela, obscurece sua luz por um momento. Para acompanhar esses planetas andarilhos, os cientistas monitoram o céu, observando o efeito que eles têm nas estrelas que estão muito, muito mais distantes do que os próprios planetas. Eles entortam essa luz das estrelas de fundo, fazendo com que se amplie e brilhe mais forte. Porém, essa técnica faz com que seja quase impossível observar planetas andarilhos menores, com a nossa tecnologia atual. E, mesmo se encontrarmos um, vai ser extremamente difícil de rastreá-lo. O que é um pouco triste, visto que tecnicamente devem ser mais numerosos do que os corpos do tamanho de Júpiter. Quanto à habitabilidade desses planetas solitários, eles são extremamente frios, mas talvez não tão frios quanto seria de se esperar, visto que frequentem o abismo que é o espaço interestelar. Certos gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, emitem mais energia do que recebem do Sol. Além do calor gerado durante a contração do núcleo do planeta, o decaimento radioativo é uma fonte de calor que captura uma quantidade considerável de calor gerado durante a criação do planeta. Então, qualquer um destes planetas nômades pode permanecer gasoso, apesar do frio intenso. Também é possível (mas improvável) que alguns desses planetas mantenha a sua lua (ou luas) após a expulsão do sistema. O aquecimento provocado pelas marés do satélite seria uma outra fonte de calor para o planeta. No entanto, seria mais óbvio dizer que eles são, em geral, frios demais para abrigar a vida como a conhecemos.

Fonte: Hypescience

O que vai acontecer quando todas as estrelas morrerem?

Você com certeza já ouviu falar que nós somos feitos de poeira estelar. Quando o famoso astrônomo Carl Sagan disse isso pela primeira vez, apesar de usar um tom poético, estava falando sobre algo que é literalmente verdadeiro: somos formados de pó de estrela. Esse não é um conceito novo, mas é muitas vezes difícil de entender exatamente como acabamos com partículas de estrelas velhas dentro de nós. A astrônoma da NASA, Dra. Michelle Thaller, resolveu explicar habilmente como cada átomo em nosso corpo (e na tabela periódica) foi processado dentro de uma estrela no momento anterior à sua morte violenta. O universo começou somente com o átomo mais simples que existe, o hidrogênio. A única coisa que pode aumentar um átomo é uma estrela. Uma estrela é uma nuvem de poeira que está colapsando sob a força da gravidade. Quando gás é comprimido junto, aquece. A certa temperatura quente o suficiente, ocorre uma reação de fusão nuclear. Essa fusão é o que “suporta” a estrela e não a deixa colidir. No caso de uma estrela muito massiva, a reação usa mais e mais hidrogênio, e a força da gravidade continua atuando sobre ela, de maneira que ela esquenta e cria coisas como carbono, oxigênio, nitrogênio, até chegar ao elemento ferro. Nesse ponto, ao invés de liberar a energia, a estrela a absorve. Chega uma hora que o objeto não aguenta e colapsa, criando o incrível evento que representa a “morte” da estrela, conhecido como supernova. Essa explosão cria todos os elementos (além do ferro), como ouro, prata, chumbo e urânio. Uma única estrela, no momento de sua morte, brilha tanto quanto uma galáxia inteira, com centenas de bilhões de estrelas. O nosso corpo é isso – esse instante de morte das estrelas. Tudo que o forma, incluindo o ferro que corre em nosso sangue, veio das estrelas, uma vez que se tornaram supernovas. Ou seja, cada átomo de seu corpo foi produzido no espaço há milhões de anos. O hidrogênio data do Big Bang, nos primórdios do universo, 13,7 bilhões de anos atrás, e todo o resto – como os já citados carbono, oxigênio, nitrogênio etc – nasceu da fundição de estrelas há mais de 4,5 bilhões de anos. Essa história de “somos todos pó de estrela” é muito inspiradora, mas também um pouco preocupante. Por quê? Porque estrelas não são eternas. Um dia, elas vão se queimar completamente. Lembra do hidrogênio e de como ele é essencial para criar aquela nuvem que formam as estrelas? Bem, esse “combustível” não é perpétuo, já está acabando e, eventualmente, todas as estrelas que conhecemos vão morrer. Tudo bem, isso ainda vai demorar alguns trilhões de anos, mas essa hora vai chegar. E o que vai acontecer? Bom, o universo vai ficar escuro pelo resto da eternidade (seja lá o que isso significa). Doideira, não? Quando paramos para pensar sobre isso, temos que reconhecer que estamos realmente vivendo no Éden agora. Esse paraíso regado ao calor do Sol, água líquida e estrelas formando coisas é só um minúsculo capítulo do enorme livro que é o mundo, e somos muito, mas muito mesmo, sortudos de estar aqui agora.

Fonte: Hypescience

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Filamentos cósmicos intergalácticos são revelados pela primeira vez

No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, os astrofísicos suspeitavam que o gás primordial,  aquele que foi originado logo após o Big Bang, não estava distribuído de forma homogênea no universo, mas sim em canais que fluíam entre as galáxias, uma rede cósmica de filamentos finos e grossos que se cruzavam na vastidão do espaço. Christopher Martin, professor de física do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, EUA), conta que desde os tempos em que era aluno de graduação ele estava pensando no meio intergaláctico, que contém a maior parte da matéria normal do universo, e que também é o meio em que as galáxias se formam e crescem. Para recordar a contabilidade do universo, 96% do que o compõe são a matéria e energia escuras, e dos 4% restantes, apenas a quarta parte está na forma de estrelas e galáxias. Os outros 3% são o meio intergaláctico, ou IGM. Uma das características do IGM é que ele é difícil de ver. Antigamente, ele era observado indiretamente, pela absorção de luz que ocorre entre um objeto distante, como um quasar, e o observador, na Terra. Assim, o astrônomo percebia que havia algum gás intergaláctico na frente do quasar, provavelmente distribuído em filamentos a várias distâncias, mas não tinha como saber a distribuição destes filamentos. Pensando no problema de visualização, Martin concebeu e desenvolveu o Cosmic Web Imager (CWI, ou “Visualizador da Teia Cósmica”). O CWI é um espectrógrafo capaz de fazer imagens usando vários comprimentos de ondas diferentes, simultaneamente. A partir destas imagens, um modelo 3D da estrutura dos filamentos pode ser feita, revelando sua estrutura. A primeira observação do CWI foi feita nas vizinhanças de dois objetos brilhantes, um quasar chamado QSO 1549+19 e uma bolha Lyman alfa em um aglomerado de galáxias conhecido como SSA22. Estes objetos foram escolhidos para a primeira observação do CWI porque são bastante brilhantes e iluminam o IGM próximo, reforçando o seu sinal. Examinando aquela região, foi encontrado um filamento estreito, com um milhão de anos-luz de comprimento, fluindo do quasar, possivelmente alimentando o crescimento da galáxia que contém o quasar. Além deste, outros três filamentos foram observados circundando a bolha Lyman alfa, com uma rotação que mostra que estes filamentos estão fluindo para dentro da bolha e afetando sua dinâmica. Estes filamentos encontram-se a uma distância que corresponde a um período de rápida formação de galáxias, cerca de 2 bilhões de anos após o Big Bang. Martin acredita que, no caso da bolha Lyman alfa, o que foi observado é uma protogaláxia, uma galáxia em formação com 300.000 anos-luz de diâmetro, três vezes o tamanho da nossa Via Láctea. O CWI permite aos astrônomos não só visualizar os filamentos e sua estrutura, mas também medir sua composição, massa e velocidade. A instalação atual foi feita no Observatório Palomar, e uma nova versão, mais sensível, está sendo preparada para instalação no Observatório W. M. Keck, no topo do Mauna Kea, no Havaí. A intenção é observar filamentos com brilho médio, e não só os que estão sendo iluminados por quasares. Além disso, Martin tem planos para observar o IGM usando telescópios em um balão e em um satélite. Colocando seus instrumentos acima da atmosfera, ele será capaz de ver o IGM mais próximo, de épocas mais recentes na história do universo.

Fonte: Hypescience

Universo não está se expandido, afirmam astrofísicos

Uma equipe de astrofísicos liderada por Eric Lerner, do centro de pesquisa Lawrenceville Plasma Physics (EUA), diz ter encontrado novas evidências, com base em medidas detalhadas do tamanho e brilho de centenas de galáxias, de que o universo não está em expansão como se pensava anteriormente. O Prêmio Nobel de Física de 2011 foi atribuído conjuntamente a três cientistas que descobriram que a expansão do universo está acontecendo de maneira acelerada. Os físicos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess chegaram a essa conclusão estudando as supernovas do tipo Ia – as violentas explosões resultantes da morte de estrelas anãs brancas. Eles mediram a maneira como a luz de supernovas Ia se distorciam para ver a rapidez com que as galáxias estão se afastando umas das outras, ou seja, o quão rápido o universo está se expandindo. A partir da análise, foi concluído que todas as estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias estão se movendo cada vez mais rápido. Outras medidas de galáxias brilhantes e distantes, como as feitas por cientistas da Universidade de Tóquio, no Japão, através de lentes gravitacionais, também indicaram que o universo estava “crescendo” como um balão gigante. Também surgiram teorias um pouco diferentes que diziam o universo não estava expandindo, mas sim ganhando massa. Agora, um novo estudo entra na contramão de todas essas hipóteses dizendo que a expansão do universo simplesmente não existe. Os cientistas testaram uma das previsões marcantes da teoria do Big Bang, de que a geometria comum não funciona em grandes distâncias. Segundo a geometria comum, no espaço que nos rodeia (na Terra, no sistema solar e na Via Láctea), conforme objetos semelhantes estão mais longes, parecem mais fracos e menores. O seu brilho de superfície, que é o brilho por unidade de área, mantém-se constante. Em contraste, a teoria do Big Bang nos diz que, em um universo em expansão, objetos mais distantes devem parecer mais fracos, só que maiores. Nesta teoria, o brilho da superfície diminui com a distância. Além disso, a luz é esticada conforme o universo é expandido, o que diminui ainda mais o brilho. Assim, em um universo em expansão, galáxias mais distantes devem ser centenas de vezes mais fracas do que o brilho da superfície de galáxias próximas semelhantes, o que as tornaria indetectáveis com os telescópios atuais. No novo estudo, os pesquisadores cuidadosamente compararam o tamanho e o brilho de cerca de mil galáxias próximas e muito distantes. Eles escolheram as galáxias espirais mais luminosas para as comparações, combinando a luminosidade média das amostras próximas e distantes. Ao contrário do que a previsão dita, eles descobriram que o brilho da superfície das galáxias próximas e distantes são idênticos. Estes resultados são consistentes com o que seria esperado da geometria normal se o universo não estivesse se expandindo. Ou seja, os resultados estão em contradição com o escurecimento drástico do brilho superficial previsto pela hipótese universo em expansão. “Claro, você pode supor que as galáxias distantes eram muito menores e, portanto, tinham centenas de vezes mais brilho de superfície intrínseco no passado, e que, apenas por coincidência, o escurecimento do Big Bang cancela exatamente esse maior brilho em todas as distâncias para produzir a ilusão de um brilho constante, mas isso seria uma grande coincidência”, explica Lerner. Esse não foi o único resultado surpreendente da pesquisa. Para aplicar o teste de brilho de superfície, proposto pela primeira vez em 1930 pelo físico Richard C. Tolman, a equipe teve que determinar a luminosidade real das galáxias, de modo a corresponder galáxias próximas e distantes. Para isso, os astrofísicos vincularam a distância das galáxias ao seu redshift (desvio para o vermelho, que corresponde a uma alteração na forma como a frequência das ondas de luz é observada no espectroscópio em função da velocidade relativa entre a fonte emissora e o receptor observador). Eles participaram do pressuposto de que a distância é proporcional ao desvio para o vermelho em todas as distâncias, tal como foi verificado no universo próximo. Em seguida, os pesquisadores checaram essa relação entre redshift e distância com os dados do brilho de supernovas que foram usados para medir a hipótese da expansão acelerada do universo. “É surpreendente que as previsões desta fórmula simples são tão boas quanto as previsões da teoria do universo em expansão, que incluem correções complexas para a matéria escura e a energia escura hipotéticas”, disse um dos coautores do estudo, Dr. Renato Falomo, do Observatório Astronômico de Padova, na Itália. O Dr. Riccardo Scarpa do Instituto de Astrofísica de Canarias, na Espanha, outro coautor do estudo, acrescentou: “Mais uma vez você pode pensar nisso como mera coincidência, mas seria uma segunda grande coincidência”. Se o universo não está se expandindo, o desvio para o vermelho da luz com o aumento da distância deve ser causado por algum outro fenômeno – algo que acontece com a própria luz que viaja através do espaço. “No momento, não estamos especulando sobre o que poderia causar esse desvio”, afirma Lerner. “No entanto, tal desvio para o vermelho, o qual não está associada com a expansão, pode ser observado com a sonda adequada dentro do nosso sistema solar no futuro”. O novo estudo foi publicado na revista International Journal of Modern Physics D.

Fonte: Hypescience

O buraco negro no nascimento do universo

O buraco negro é uma coisa que gera muitas perguntas e dúvidas. Só não ganha da questão que, pra mim é a mais fundamental de todas: se o Big Bang é o início de tudo, o cataclismo que explodiu e deu origem ao nosso universo há 13,7 bilhões de anos, o que foi que o provocou? O que veio antes do Big Bang? Um buraco negro! Três pesquisadores do Instituto Perimeter tiveram uma nova idéia sobre o que poderia ter vindo antes do Big Bang. É uma idéia maluca e quase desconcertante. De acordo com eles, o que percebemos como Big Bang poderia ser a “miragem” tridimensional de uma estrela em colapso em um universo profundamente diferente do nosso. Bom, eu avisei que era desconcertante. Para os três cientistas – Robert Mann, Niayesh Afshordi e Razieh Pourhasan -, “o maior desafio da cosmologia é entender o Big Bang em si”. O que a gente normalmente entende sobre o Big Bang, e o que de certa forma faz parte de um senso comum do que se sabe sobre esse fenômeno, é que ele começou com uma singularidade, um momento extremamente quente e denso do espaço-tempo onde as leis normais da física simplesmente deixaram de mandar alguma coisa. E como todo evento singular, temos uma compreensão limitada deles. O problema, na opinião dos autores, é que prever o universo a partir de um momento de insanidade das leis da física parece um tanto improvável. Por isso, talvez algo mais tenha acontecido. Talvez nosso universo nunca tenha sido singular em primeiro lugar. A sugestão dos três pesquisadores é, então, que nosso universo poderia ser um rolo tridimensional em torno de um horizonte de eventos de um buraco negro de quatro dimensões. Neste cenário, o nosso universo teria surgido no momento em que uma estrela em um universo de quatro dimensões caiu em um buraco negro. Em nosso universo tridimensional, os buracos negros têm horizontes de eventos bidimensionais. Ou seja, eles são cercados por uma fronteira bidimensional que marca um “ponto de não retorno”. No caso de um universo de quatro dimensões, um buraco negro teria um horizonte tridimensional. Sendo assim, o nosso universo não está dentro de uma singularidade; em vez disso, ele teria passado a existir fora de um horizonte de eventos, protegido da singularidade. Originou-se como, e continua sendo, apenas uma característica no naufrágio de uma estrela de quatro dimensões. Os pesquisadores enfatizam que esta idéia, embora possa parecer “absurda”, é solidamente fundamentada em matemática moderna descrevendo o espaço e o tempo. Especificamente, eles usaram as ferramentas de holografia para “virar o Big Bang em uma miragem cósmica”. Esse modelo também parece resolver enigmas cosmológicos de longa data, e produzir hipóteses testáveis. É claro que a nossa intuição tende a recusar a idéia de que tudo o que conhecemos surgiu a partir do horizonte de eventos de um único buraco negro de quatro dimensões. Na verdade, isso é porque nós não temos noção do que é um universo de quatro dimensões e com o que ele pode se parecer. Mas nossa intuição humana não é infalível. E, como os pesquisadores argumentam, evoluiu em um mundo tridimensional que só pode revelar sombras da realidade. Para ajudar a gente entender melhor toda essa questão, eles traçaram um paralelo com o mito da caverna, de Platão. Na história, os prisioneiros passam a vida vendo apenas sombras cintilantes emitidas por um incêndio em uma parede da caverna. “Os grilhões os impediram de perceber o mundo verdadeiro, um reino com uma dimensão adicional”, completaram. Os “Prisioneiros de Platão não entenderam os poderes por trás do Sol, assim como nós não entendemos o universo maior de quatro dimensões. Mas pelo menos eles sabiam onde procurar por respostas”. Será que nós sabemos também?

Fonte: Hypescience

Nova teoria do Universo pode ser testada pelo Hubble


Um candidato a planeta-anão, chamado UX25, e sua pequena lua, podem fornecer a primeira evidência experimental de um novo modelo cosmológico que inclui a antigravidade. O modelo dispensa conceitos como matéria escura, energia escura e inflação cósmica. A proposta de testar essa nova teoria observando o movimento dos dois objetos na borda do sistema solar foi anunciada por Alberto Vecchiato e Mario Gai, do Observatório Astrofísico de Turim, na Itália. Em 1915, a ainda desconhecida Teoria Geral da Relatividade, de Albert Einstein, recebeu um grande impulso de credibilidade quando foi usada para explicar uma discrepância na órbita de Mercúrio que não poderia ser explicada apenas pela física newtoniana. Agora, quase um século depois, Vecchiato e Gai calculam que o UX25 e seu minúsculo satélite - que orbitam o Sol no cinturão de Kuiper, além de Netuno - podem ser usados como um "laboratório natural" para testar esse modelo do Universo - para nós tão novo e ambicioso quanto a relatividade pareceu aos colegas de Einstein no início do século passado. Desenvolvido pelo físico Dragan Hajdukovic, do CERN, o modelo - chamado Dipolos Gravitacionais Virtuais - é baseado no conceito de que o espaço vazio - também conhecido como vácuo quântico - não é de todo vazio. Em vez disso, o vácuo quântico é formado por "matéria virtual" e partículas de antimatéria que constantemente pululam entre a existência e a inexistência. A idéia de Hajdukovic é que essas partículas têm cargas gravitacionais opostas, semelhantes a cargas elétricas positivas e negativas. Ele prevê ainda que, na presença de um campo gravitacional, as partículas virtuais do vácuo quântico vão gerar um campo gravitacional secundário que tem um efeito amplificador. O resultado final é que as galáxias e outros objetos parecerão ter campos gravitacionais mais fortes do que seria previsto apenas pela massa de suas estrelas - uma discrepância que a maioria dos astrônomos explica invocando uma substância hipotética e misteriosa conhecida como matéria escura. No novo modelo do Universo de Hajdukovic, também não há necessidade da energia escura, a enigmática força que os cientistas acham que está fazendo com que o Universo se expanda em um ritmo acelerado - se as partículas virtuais têm cargas gravitacionais, então o próprio espaço-tempo possui uma pequena carga que faz com que os objetos tenham uma repulsão mútua natural. Sua teoria pode também dispensar a necessidade da inflação cósmica, um inchaço instantâneo no início do universo, quando o espaço-tempo teria se expandido mais rápido do que a velocidade da luz. Hajdukovic já havia sugerido que sua teoria poderia ser testada se fosse encontrado um pequeno planeta com um satélite, ambos com uma órbita elíptica em torno do Sol. O sistema precisa estar localizado longe do Sol e outros corpos maciços que exerçam forte influência gravitacional. Agora, Vecchiato e Gai sugerem que o modelo de Hajdukovic pode ser testado usando telescópios terrestres e espaciais para observar o sistema UX25 - que está cerca de 43 vezes mais longe do Sol do que a Terra. "As propriedades dos vácuos quânticos descritos na teoria de Hajdukovic imporiam uma força [gravitacional] adicional sobre o UX25, perturbando a órbita do sistema," explicou Vecchiato. O modelo de Hajdukovic prevê que a "taxa de precessão", uma oscilação da pequena lua ao redor do planeta-anão, deve ser maior do que é previsto pela física clássica. Enquanto a física newtoniana prevê uma taxa de precessão de 0,0064 arco-segundo - pequena demais para ser observada com os métodos atuais - a teoria de Hajdukovic prevê que a taxa de precessão deve ser de 0,23 arco-segundo por período - algo detectável pelo telescópio espacial Hubble e pelo Telescópio Espacial James Webb, ainda a ser lançado. De acordo com Vecchiato e Gai, um grande telescópio terrestre, como o VLT (Very Large Telescope), no Chile, também pode ser capaz de fazer as observações necessárias do UX25. Evidências observacionais para a teoria de Hajdukovic resultariam em uma mudança dramática na forma como os astrônomos e astrofísicos observam e explicam o Universo, disse Gai. "A maioria dos cientistas hoje acha que a física quântica é restrita ao mundo microscópico. Neste caso, o comportamento microscópico natural do espaço vazio resultaria em um efeito cumulativo de longo alcance atuando até escalas cósmicas," concluiu ele.

Fonte: Inovação Tecnológica

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ALMA observa Plutão para ajudar a guiar a sonda New Horizons da NASA

Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) os astrônomos estão a fazer medições de alta precisão da localização de Plutão e da sua órbita em torno do Sol, no intuito de ajudarem a sonda da NASA New Horizons a atingir o seu alvo, quando esta se aproximar de Plutão e das suas cinco luas conhecidas, em julho de 2015. Apesar de se observar Plutão desde há décadas com telescópios situados tanto na Terra como no espaço, os astrônomos ainda estão a trabalhar na sua exata órbita em torno do Sol. Esta incerteza que permanece deve-se ao fato de Plutão se encontrar a grande distância do Sol (aproximadamente 40 vezes mais afastado do que a Terra) e à sua órbita estar a ser estudada há apenas tempo suficiente para se ter observado pouco mais de um terço da órbita total. O planeta anão foi descoberto em 1930 e demora 248 anos a completar uma órbita em torno do Sol. “Com estes dados observacionais limitados, o nosso conhecimento da posição de Plutão pode estar incorreto em vários milhares de quilômetros, o que compromete a nossa capacidade de calcular manobras de posicionamento eficientes para a sonda New Horizons,” disse Hal Weaver, cientista de projeto da New Horizons e membro da equipa de investigação do John Hopkins University Applied Physics Laboratory em Laurel, Maryland, EUA. A equipe da New Horizons utilizou os dados de posicionamento do ALMA, juntamente com medições em luz visível analisadas de novo, que vão quase até à altura da descoberta de Plutão, para determinar a melhor maneira de fazer a primeira correção de trajetória da sonda. Para se prepararem para este importante marco, os astrônomos têm que localizar de modo preciso a posição de Plutão, usando os mais distantes e estáveis pontos de referência possíveis. Encontrar um tal ponto de referência para calcular de maneira precisa trajetórias de objetos tão pequenos a distâncias tão grandes torna-se uma tarefa assaz complicada. Normalmente, os telescópios ópticos utilizam estrelas distantes, já que estes objetos mudam muito pouco de posição ao longo de muitos anos. No entanto, para a New Horizons foi necessário fazer medições ainda mais precisas de modo a garantir-se que o seu encontro com Plutão seja tão certeiro quanto possível. Os objetos mais distantes e aparentemente mais estáveis no Universo são quasares - galáxias muito remotas com núcleos muito brilhantes. No entanto, os quasares são muito tênues quando observados por telescópios ópticos, o que torna difícil a execução de medições precisas. Mas, devido aos buracos negros supermassivos que se encontram no seus centros e à emissão da poeira, estes objetos brilham nos comprimentos de onda do rádio, particularmente nos comprimentos de onda do milímetro que o ALMA observa. “A astrometria ALMA utilizou um quasar brilhante chamado J1911-2006 com o intuito de diminuir para metade a incerteza da posição de Plutão,” disse Ed Formalont, astrônomo no National Radio Astronomy Observatory em Charlottesville, Virginia, EUA, a trabalhar atualmente no Local de Apoio às Operações do ALMA, no Chile. O ALMA estudou Plutão e Caronte através da emissão de rádio das suas superfícies frias, as quais se encontram a cerca de -230 graus Celsius. A equipe observou inicialmente estes dois mundos gelados em novembro de 2013 e depois mais três vezes em 2014 – uma vez em abril e duas vezes em julho. Estão previstas observações adicionais para outubro de 2014. “Estamos muito entusiasmados com as capacidades de vanguarda que o ALMA nos proporciona e que nos ajudam a melhorar a nossa exploração histórica do sistema de Plutão,” disse o investigador principal da missão Alan Stern, do Southwest Research Institute, em Boulder, Colorado, EUA. “Queremos agradecer a toda a equipe ALMA pelo seu apoio e pelos magníficos dados que estão a ser recolhidos para a New Horizons.”


Fonte: Cienctec

Hubble encontra sistema estelar de supernova ligada a potencial "estrela zumbi"

Com o Telescópio Hubble da NASA, uma equipe de astrônomos avistou um sistema estelar que pode ter deixado para trás uma "estrela zumbi" depois de uma explosão de supernova invulgarmente fraca. Uma supernova normalmente oblitera a anã branca. Nesta ocasião, os cientistas acreditam que esta supernova fraca pode ter deixado para trás uma parte sobrevivente da anã - uma espécie de estrela zumbi. Enquanto examinavam imagens do Hubble capturadas anos antes da explosão estelar, os astrônomos identificaram uma estrela azul companheira que fornecia energia à anã branca, um processo que deu início a uma reação nuclear e libertou esta explosão fraca de supernova. A supernova é do Tipo Iax, menos comum que o seu primo mais brilhante, o Tipo Ia. Os astrônomos identificaram mais de 30 destas mini-supernovas que podem deixar para trás uma anã branca sobrevivente. "Os astrônomos há décadas que procuram sistemas estelares que produzem supernovas do Tipo Ia," afirma o cientista Saurabh Jha da Universidade Rutgers em Piscataway, no estado americano da New Jersey. "As supernovas do Tipo Ia são importantes porque são usadas para medir grandes distâncias cósmicas e a expansão do Universo. Mas temos muito poucas restrições sobre a forma como as anãs brancas explodem. As semelhanças entre as supernovas do Tipo Iax e as supernovas normais do Tipo Ia fazem com que a compreensão das progenitoras do Tipo Iax seja importante, especialmente porque nenhuma progenitora do Tipo Ia foi conclusivamente identificada. Esta descoberta mostra-nos uma maneira de obtermos uma explosão de uma anã branca." A supernova fraca, apelidada SN 2012Z, reside na galáxia NGC 1309 a 110 milhões de anos-luz de distância. Foi descoberta em Janeiro de 2012 pelo programa de pesquisa de supernovas do Observatório Lick. Felizmente, a câmara ACS (Advanced Camera for Surveys) do Hubble também observou NGC 1309 durante vários anos antes da explosão de supernova, o que permitiu aos cientistas compararem imagens "antes e depois". Curtis McCully, estudante de graduação da Universidade Rutgers e o autor principal do artigo da equipe, melhorou as imagens da pré-explosão do Hubble e notou um objeto peculiar perto da localização da supernova. "Fiquei muito surpreso ao ver qualquer coisa no local da supernova. Esperávamos que o sistema progenitor fosse demasiado tênue, como em pesquisas anteriores de progenitoras de supernovas normais do Tipo Ia. Quando a natureza nos surpreende, é emocionante," afirma McCully. Depois de estudar as cores do objeto e comparando-o com simulações de possíveis sistemas progenitores do Tipo Iax, a equipe concluiu que estavam observando a luz de uma estrela que tinha perdido a sua camada exterior de hidrogênio, revelando o seu núcleo de hélio. A equipe planeja usar o Hubble novamente em 2015 para observar a área, dando tempo para a luz da supernova tornar-se fraca o suficiente para revelar uma possível estrela zumbi e a companheira de hélio a fim de confirmar a sua hipótese. "Em 2009, quando estávamos apenas começando a entender esta classe, antecipamos que estas supernovas eram produzidas por um sistema binário composto por uma anã branca e uma estrela de hélio," afirma Ryan Foley, membro da equipe e da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, que ajudou a identificar as supernovas do Tipo Iax como uma nova classe. "Ainda existe um pouco de incerteza neste estudo, mas é essencialmente a validação da nossa asserção." Outra explicação possível para a natureza invulgar de SN 2012Z é que decorria um "jogo de balancê" entre as estrelas do par. A estrela mais massiva evoluiu mais rapidamente para crescer e despejar o seu hidrogênio e hélio na estrela menor. A estrela em rápida evolução tornou-se numa anã branca. A estrela menor ficou maior e engoliu a anã branca. As camadas exteriores desta estrela combinada foram expelidas, deixando para trás a anã branca e o núcleo de hélio da estrela companheira. A anã branca desviou matéria da estrela companheira até que se tornou instável e explodiu como uma mini-supernova, deixando para trás uma estrela zumbi sobrevivente. Os astrônomos já localizaram o rescaldo de uma outra explosão de supernova do Tipo Iax. As imagens da supernova 2008ha foram obtidas com o Hubble em Janeiro do ano passado, localizada a 69 milhões de anos-luz na galáxia UGC 12682, mais de quatro anos depois de ter explodido. As imagens mostram um objeto na área da supernova que pode ser a estrela zumbi ou a companheira. Os achados serão publicados na revista The Astrophysical Journal. "SN 2012Z é uma duas supernovas mais poderosas do Tipo Iax e SN 2008ha é uma das mais fracas da classe, o que mostra que os sistemas do Tipo Iax são muito diversos," explica Foley, autor principal do artigo sobre SN 2008ha. "E talvez essa diversidade esteja relacionada com a forma com que cada uma das estrelas explode. Tendo em conta que estas supernovas não destroem completamente a anã branca, supomos que algumas destas explosões libertem pouco material e outras libertem muito material." Os astrônomos esperam que os seus novos achados estimulem o desenvolvimento de melhores modelos para estas explosões de anãs brancas e para uma compreensão mais completa da relação entre as supernovas do Tipo Iax, as supernovas normais do Tipo Ia e os seus sistemas estelares correspondentes.

Fonte: Astronomia On-line

Sonda Rosetta chega ao cometa e prepara-se para pousar

Depois de uma jornada de mais de 10 anos - ela foi lançada em Fevereiro de 2004 -, a sonda espacial Rosetta entrou em órbita do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Embora outras sondas já tenham perseguido e até se chocado com cometas, esta será a primeira vez que um cometa será orbitado de várias altitudes, estudado por um longo período e, mais aguardado ainda, uma sonda irá pousar suavemente sobre ele. "Depois de dez anos, cinco meses e quatro dias viajando em direção ao nosso destino, circulando em torno do Sol cinco vezes e com o marcador registrando 6.400 milhões de quilômetros, estamos muito satisfeitos em anunciar finalmente 'Estamos aqui'," comemorou Jean-Jacques Dordain, diretor geral da Agência Espacial Européia (ESA). Como as emissões do cometa são desconhecidas e imprevisíveis, a sonda Rosetta começará a estudá-lo de uma distância segura, em uma órbita triangular a cerca de 100 km de distância. Conforme o controle da missão sinta que o "terreno" é seguro, essa órbita irá sendo reduzida ao longo das próximas semanas, primeiro para 50 km e depois para cerca de 10 quilômetros de distância, assumindo então uma órbita ligeiramente elíptica mantida apenas pela gravidade do 67P. Finalmente, em Setembro, um pequeno módulo independente, chamado Philae, se soltará da sonda Rosetta e tentará pousar no cometa, obtendo dados científicos sem precedentes. A sonda ficará em órbita do cometa por mais de um ano, conforme o 67P mergulha em sua trajetória rumo ao Sol, o que permitirá estudar todo o seu "ciclo de vida", incluindo o período mais agitado da emissão de jatos de gelo e poeira conforme ele é aquecido pelo Sol. A dupla agora está a cerca de 400 milhões de quilômetros da Terra, a meio caminho das órbitas de Júpiter e Marte, viajando a 55.000 quilômetros por hora. De acordo com medições realizadas na semana passada, a temperatura média da superfície do cometa é de cerca de -70 ºC - de 20 a 30 graus mais elevada do que se esperava. Isso indica que provavelmente o 67P não é coberto de gelo, e sim revestido por uma crosta escura e empoeirada. O cometa estava a cerca de 555 milhões de quilômetros do Sol naquele momento - mais de três vezes mais longe do que a Terra, o que significa que a luz do Sol tem apenas um décimo do brilho. As medições de temperatura indicam que boa parte da sua superfície deve estar coberta de pó, porque o material escuro aquece e emite calor mais rapidamente do que o gelo quando exposto à luz solar.

Fonte: Inovação Tecnológica

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Descoberto o ponto mais escuro já avistado no universo

Quando olhamos para o espaço, são os pontos brilhantes que tendem a se destacar e nos intrigar. Para comprovar, basta fazer uma reflexão rápida: quando você está em um campo, isolado da vida urbana, olhando para o céu noturno sem nuvens, você fica maravilhado com as estrelas ou pensa no espaço negro entre elas? Porém, por mais que não dediquemos tanta atenção a ela, a escuridão lá fora também é incrível – particularmente um ponto a 16 mil anos-luz de distância. Lá foi registrada a mais profunda escuridão já avistada na história da astronomia. A imagem acima, fruto de uma parceria entre a NASA e a Universidade de Zurique, mostra o ponto exato, em meio a uma multidão de luzes. Tal escuridão seria cortesia de sombras do que a NASA chama de uma série de aglomerados cósmicos, compostos por uma combinação de gás incrivelmente densa. Ok, estamos vendo uma foto com uma parte absolutamente preta, mas o que isso significa? Quão denso é esse espaço aparentemente vazio? Segundo a agência espacial norte-americana, tal ponto é suficientemente denso para ter uma massa equivalente a 70 mil dos nossos sóis todos reunidos em uma área com um diâmetro de 50 anos-luz. No entanto, em uma jogada bem equilibrada da natureza, essas mesmas nuvens responsáveis ​​pela escuridão também garantem que ela não dure por muito tempo. Os cientistas preveem que os aglomerados cósmicos irão evoluir para um superaglomerado incrivelmente brilhante e maciço de estrelas jovens. Para os pesquisadores responsáveis, tal descoberta fornece um tipo de informação muito importante sobre a formação destes superaglomerados de estrelas, já que mostra um deles em fase embrionária. Além disso, também pode dar dados sobre a formação de estrelas tipo-O, que emitem uma luz azulada, possuem pelo menos 16 vezes a massa do Sol e têm temperaturas de superfície acima de 30 mil graus Celsius. Estas estrelas têm grande influência sobre as vizinhanças galáticas, já que seus ventos e radiação intensas afastam quaisquer materiais que poderiam se unir e vir a gerar novos corpos celestes ou sistemas planetários. As observações foram feitas com o telescópio Spitzer e o estudo, desenvolvido por um grupo de cientistas liderado por Michael Butler, da Universidade de Zurique, foi publicado na revista Astrophysical Journal Letters.

Fonte: Hypescience

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Satélite espião de 2.5 tons deve cair nas próximas semanas

O satélite russo Cosmos 1400 está perdendo altura rapidamente e deverá reentrar na atmosfera terrestre em poucos dias. O objeto pesa mais de 2500 quilos e ao que tudo indica não há mecanismos que possibilitem uma reentrada controlada. Cosmos 1400 foi lançado em 5 de agosto de 1982 a partir da base russa de Plesetsk e seu objetivo militar era interceptar e analisar as comunicações eletrônicas ocidentais, principalmente dos EUA. Durante sua missão, permaneceu em órbita circular quase polar a 640 km de altitude e mesmo após encerrar as operações permaneceu nessa órbita por quase 30 anos, mas caindo lentamente em direção à Terra devido ao arrasto na alta atmosfera. Nos últimos anos essa queda se acentuou fortemente e de acordo com cálculos de reentrada feitos pelo Apolo11/Satview não deverá permanecer em órbita por muito mais tempo. Simulações feitas nos últimos dias mostram que Cosmos 1400 está perdendo entre 7 e 10 km de altura diariamente e se continuar nesse ritmo deverá cair na Terra nas próximas semanas. As primeiras estimativas apontam entre 01 e 14 de setembro como período de reentrada, mas poderá ser antecipado conforme as condições da atividade solar, pois interferem diretamente na densidade das camadas mais elevadas da atmosfera. Na manhã dessa segunda-feira, a previsão de queda de lixo espacial mostrava que Cosmos 1400 reentraria na atmosfera sobre o sul da China no dia 12 de setembro às 15h29 UTC (12h29 pelo horário de Brasília), mas esses resultados deverão variar bastante nos próximos dias. Neste momento, Cosmos 1400 realiza uma órbita quase circular entre 300 km e 298 km de altitude, completando uma volta ao redor da Terra a cada 90.5 minutos. A órbita do satélite é inclinada em 81.1 graus (quase polar), o que significa que poderá cair em qualquer ponto da Terra, já que não há informações de que o artefato tenha algum tipo de controle de guiagem. Devido à grande massa envolvida, de 2.5 toneladas, a maior parte do Cosmos 1400 deverá arder em uma grande bola de fogo durante sua passagem pela atmosfera, mas peças maiores e mais pesadas poderão sobreviver ao calor escaldante e chegar até a superfície. O Apolo11 e Satview.org manterão vigilância constante sobre a reentrada de Cosmos 1400, seja através do rastreio do satélite ou por meio de boletins especiais. Para rastrear o Cosmos 1400 e conhecer as datas previstas para reentrada, use o SATVIEW.ORG

Fonte: Apolo 11

Astrônomos explicam formação de família esquisita de asteróides

O caráter atípico da família de asteróides de Eufrosina - uma das várias situadas entre os planetas Marte e Júpiter, que durante anos intrigou os astrônomos - acaba de ser explicado pela equipe liderada por Valério Carruba, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Guaratinguetá. A peculiaridade dessa família, composta por mais de 2,5 mil objetos, vem do fato de que - exceto pelo asteróide principal, Eufrosina, que dá nome ao grupo - ela tem poucos asteróides grandes ou médios, com diâmetros entre 8 e 12 quilômetros. O Eufrosina concentra 99% da massa da família. Os demais objetos são muito pequenos. Alguns asteróides do cinturão principal - entre as órbitas de Marte e Júpiter - são agrupados em famílias, cada uma das quais supostamente originada a partir de um corpo progenitor, fragmentado após colisões com outros corpos. Mas a família Eufrosina parecia muito estranha. "Isso porque, usualmente, as famílias tendem a perder com muito mais facilidade os objetos pequenos, desgarrados do grupo durante sua evolução dinâmica. Então, uma família com tantos objetos pequenos, poucos corpos de tamanho médio, e um único objeto grande constituía, realmente, uma situação bastante original," explicou o pesquisador. A explicação para a formação pouco usual da família Eufrosina foi encontrada em um fenômeno conhecido como ressonância de movimento médio ν6 - lê-se nu6, onde ν é a minúscula da letra grega equivalente ao N. Foi uma ressonância que recentemente ajudou os astrônomos a levantar a hipótese da existência de mais dois planetas gigantes no Sistema Solar. Uma outra ressonância ajudou a inocentar uma família de asteróides pela extinção dos dinossauros. "Exemplo clássico de ressonância é a que existe nas lacunas de Kirkwood, no cinturão de asteróides. Quando o período de revolução do asteróide [o tempo que leva para dar uma volta completa ao redor do Sol] é igual a duas vezes o período de revolução de Júpiter, as perturbações deste planeta sobre o asteróide se repetem periodicamente, e podem causar aumentos na excentricidade da órbita do asteróide, levando a instabilidades", explicou Carruba. "O que nos chamou de imediato a atenção foi o fato de Eufrosina ser a única família de asteróides cruzada no meio pela ressonância ν6", acrescentou o pesquisador. Segundo ele, a ν6 é uma das ressonâncias mais poderosas do Sistema Solar: "Muitos objetos que interagem com essa ressonância são rapidamente perdidos, porque ela aumenta a excentricidade de suas órbitas, fazendo com que se choquem com os planetas ou com o Sol." Como a ressonância ν6 atravessa a família de Eufrosina praticamente no meio, a região central é a que sofre maior influência. E essa região é justamente aquela onde se encontram os objetos maiores. A equipe então realizou uma simulação em computador de um conjunto fictício de asteróides circulando na mesma região durante um bilhão de anos. Bingo: o resultado é exatamente uma família tal como a Eufrosina, sem a necessidade de qualquer impacto tangencial com outros corpos, como se sugeria anteriormente - de resto uma explicação considerada inadequada pela equipe porque impactos tangenciais são extremamente raros. "Ela pode ter-se formado naturalmente, em função da dinâmica local, adquirindo a configuração observada", concluiu Carruba.


Fonte: Inovação Tecnológica

Hubble mostra lente gravitacional mais longínqua

Usando o Telescópio Hubble da NASA, astrônomos descobriram inesperadamente a galáxia mais distante que atua como lente cósmica de aumento. Vista na imagem como era há 9,6 bilhões de anos atrás, esta gigantesca galáxia elíptica quebra o recorde anterior por 200 milhões de anos. Estas galáxias "lente" são tão grandes que a sua gravidade dobra, amplia e distorce a luz de objetos para trás delas, um fenômeno chamado lente gravitacional. A descoberta de um destes objetos, numa área tão pequena do céu, é um evento tão raro que normalmente precisaríamos de estudar uma região centenas de vezes maior para apenas encontrar uma. O objeto por trás desta lente cósmica é uma pequena galáxia espiral que está a passar por um surto rápido de formação estelar. A sua luz demorou 10,7 bilhões de anos até chegar aqui e observar um alinhamento como este, a uma grande distância da Terra, é realmente um achado raro. A localização de mais destas galáxias distantes que atuam como lentes vai fornecer informações sobre como as galáxias no início do Universo se tornaram nas gigantescas galáxias dominadas por matéria escura de hoje em dia. A matéria escura não pode ser vista, mas representa a maior parte da matéria do Universo. "Quando observamos mais de 9 bilhões de anos para trás no Universo, não esperamos encontrar este tipo de lente," explicou Kim-Vy Tran da Universidade A&M do Texas em College Station, EUA. "É muito difícil ver um alinhamento entre duas galáxias no Universo jovem. Imagine segurar numa lupa e movê-la para mais longe. Quando olhamos pela lupa à distância do braço esticado, as hipóteses de vermos um objeto ampliado são altas. Mas se movermos a lupa para o outro lado da sala, as nossas hipóteses de ver a lupa quase perfeitamente alinhada com outro objeto diminuem." Os membros da equipe, Kenneth Wong e Sherry Suyu da ASIAA (Academia Sinica Institute of Astronomy & Astrophysics) em Taipé, Taiwan, usaram a lente gravitacional do alinhamento fortuito para medir a massa total da galáxia gigante, incluindo a quantidade de matéria escura, ao avaliar a intensidade dos seus efeitos de lente sobre a luz da galáxia de fundo. A galáxia em primeiro plano tem mais de 180 bilhões de vezes a massa do Sol e, para a época, é uma galáxia gigante. É também um dos membros mais brilhantes de um enxame galáctico distante, chamado IRC 0128. "Conhecemos centenas de galáxias que atuam como lentes, mas quase todas são relativamente próximas, em termos cósmicos," afirma Wong, primeiro autor do artigo científico da equipe. "A descoberta de uma lente tão distante quanto esta é muito especial porque podemos aprender mais sobre o conteúdo de matéria escura de galáxias no passado distante. Ao comparar a nossa análise desta galáxia lente com lentes mais próximas, podemos começar a compreender como o conteúdo de matéria escura evoluiu ao longo do tempo." A equipe suspeita que a galáxia lente continuou a crescer ao longo dos últimos 9 bilhões de anos, ganhando estrelas e matéria escura ao canibalizar galáxias vizinhas. Tran explicou que os estudos recentes sugerem que estas galáxias massivas ganham mais matéria escura que estrelas à medida que continuam a crescer. Os astrônomos tinham assumido que a matéria escura e a matéria normal acumulavam-se igualmente numa galáxia ao longo do tempo, mas sabemos agora que a proporção de matéria escura para matéria normal muda com o tempo. A galáxia lente recém-descoberta vai eventualmente tornar-se muito mais massiva que a Via Láctea e terá também mais matéria escura. Tran e a sua equipe estavam estudando formação estelar em dois enxames galácticos distantes, incluindo IRC 0218, quando se depararam com a lente gravitacional. Enquanto analisava dados espectrográficos do Observatório W. M. Keck no Hawaí, Tran avistou uma forte detecção de hidrogênio gasoso quente que parecia surgir de uma galáxia elíptica gigante e distante. A detecção foi surpreendente porque o hidrogênio gasoso e quente é uma assinatura clara de nascimento estelar. As observações anteriores mostraram que a gigante elíptica, que residia no enxame galáctico IRC 0128, era uma galáxia velha e calma, que tinha parado de fabricar estrelas há muito tempo atrás. Outra descoberta intrigante foi que as jovens estrelas estavam muito mais distantes do que a galáxia elíptica. Tran ficou muito surpreendida e preocupada, e pensou que a sua equipe tinha feito um grande erro com as suas observações. A astrônoma logo percebeu que não tinha cometido um erro quando estudou imagens do Hubble obtidas em comprimentos de onda azul, que revelou o brilho das estrelas incipientes. As imagens, obtidas com a câmara ACS (Advanced Camera for Surveys) e WFC3 (Wide Field Camera 3) do Hubble, revelaram um objeto azul e com a forma de uma sobrancelha perto de um ponto azul manchado em redor da elíptica gigante. Tran reconheceu as características invulgares como as imagens ampliadas e distorcidas de uma galáxia ainda mais distante por trás da galáxia elíptica, a assinatura de uma lente gravitacional. Para confirmar a sua hipótese de lente gravitacional, a equipe de Tran analisou dados de arquivo de dois programas de observação do Hubble, o 3D-HST, um estudo espectroscópico perto do infravermelho com o instrumento WFC3, e o CANDELS (Cosmic Assembly Near-infrared Deep Extragalactic Legacy Survey), um grande programa de céu profundo do Hubble. Os dados mostraram outra impressão digital de gás quente ligado à galáxia mais distante. A galáxia distante é demasiado pequena e longínqua para o Hubble determinar a sua estrutura. Por isso, os membros da equipe analisaram a distribuição de luz no objeto para inferir a sua forma espiral. Além disso, as galáxias espirais são mais abundantes durante estes primeiros tempos. As imagens do Hubble também revelaram pelo menos uma região compacta e brilhante perto do centro. A equipe suspeita que a região brilhante é devido a uma onda de formação estelar e é provavelmente constituída por hidrogênio gasoso, aquecido pelas estrelas jovens e massivas. À medida que Tran continua o seu estudo de formação estelar em enxames galácticos, estará à procura de mais assinaturas de lentes gravitacionais.

Fonte: Astronomia On-lilne

Estrela dupla ajuda a explicar estranhas órbitas dos exoplanetas

Astrônomos descobriram um par de discos protoplanetários estranhamente desalinhados. Esses discos podem ser as sementes de novos planetas, que se formarão em torno das duas estrelas jovens do sistema binário HK Tauri. Estas novas observações ajudam a explicar por que é que tantos exoplanetas têm estranhas órbitas excêntricas, inclinadas e até retrógradas, contrariamente aos planetas do Sistema Solar, que acompanham todos o mesmo plano. Embora estrelas binárias possam parecer uma curiosidade, contrariamente ao nosso Sol solitário, a maioria das estrelas forma-se em pares - duas estrelas que orbitam em torno uma da outra. Ou seja, as estrelas binárias são muito comuns. Como tudo o que os astrônomos tinham para estudar até cerca de 10 anos atrás era o nosso bem-comportado Sistema Solar, essas observações estão colocando uma série de questões e embaraços para as teorias, incluindo como e onde é que os planetas se formam nestes meios tão complexos - o fato é que o Sistema Solar não é mais um modelo para os outros sistemas planetários. As duas estrelas do sistema HK Tauri, que se localizam a cerca de 4.500 anos-luz de distância da Terra, na constelação do Touro, têm menos de cinco milhões de anos de idade e estão a cerca de 58 bilhões de quilômetros uma da outra - o que corresponde a 13 vezes a distância entre Netuno e o Sol. A estrela mais tênue, HK Tauri B, está rodeada por um disco protoplanetário totalmente inclinado, bloqueando a luz emitida pela estrela. Isto é interessante porque o bloqueio da radiação estelar permite obter boas imagens do disco na luz visível ou nos comprimentos de onda do infravermelho próximo. A estrela companheira, HK Tauri A, também possui um disco, mas em um alinhamento que nos deixa ver a própria estrela. Consequentemente, o disco não pode ser observado na luz visível já que o seu brilho tênue desaparece no brilho intenso da estrela. No entanto, o disco brilha intensamente nos comprimentos de onda do milímetro, o que permitiu sua detecção clara pelo telescópio ALMA. Os dois discos estão desalinhados em pelo menos 60 graus. As estrelas e planetas formam-se a partir de vastas nuvens de gás e poeira. À medida que o material nestas nuvens se contrai sob o efeito da gravidade, a nuvem começa a girar, até que a maioria do gás e da poeira forma um disco protoplanetário aplainado em torno da protoestrela central em formação. No entanto, no caso de sistemas binários como o HK Tauri, este processo é muito mais complexo. Quando as órbitas das estrelas e dos discos protoplanetários não se encontram aproximadamente no mesmo plano, qualquer planeta que se forme acabará em órbitas altamente excêntricas e inclinadas. Planetas que se formem em um desses discos serão perturbados também pela outra estrela, que inclinará ou deformará a sua órbita. Uma simulação recente mostrou as inúmeras possibilidades desses arranjos naquilo que os astrônomos chamaram de um sistema planetário definitivo, que poderia ter até 60 terras habitáveis. "Apesar de este mecanismo ser um enorme passo em frente, não consegue no entanto explicar todas as estranhas órbitas dos planetas extrassolares - pelo simples fato de não existirem companheiras binárias suficientes para que esta seja uma resposta única. Por isso, temos ainda mistérios interessantes por resolver," disse Eric Jensen, responsável pelas observações.

Fonte: Inovação Tecnológica

Cometa Jacques brilha e pode ser visto nas pré-manhãs!

Se você tem um horizonte nordeste limpo e livre de poluição luminosa, não perca essa oportunidade. O cometa C/2014 E2 Jacques está ali, a sua disposição e poderá ser visto com um pequeno binóculo a partir das 4 da manhã. Prestigie o brasileirinho! O cometa foi descoberto pelos astrônomos brasileiros Cristóvão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro de Barros na noite de 13 de março de 2014, a partir do observatório SONEAR, localizado na cidade de Oliveiras, em Minas Gerais. Desde então diversos observadores passaram a acompanhar o objeto e fotografá-lo. De acordo com astrônomos da Rede de Astronomia Observacional, REA-Brasil, Jacques atingiu na noite de 21 de julho magnitude aparente de 6.2, ligeiramente acima do limiar da visão humana, mas perfeitamente observável através de binóculos de boa qualidade, mesmo os de pequeno porte. Atualmente, Jacques está na magnitude 6.8 e ainda pode ser visto, mas deverá perder brilho nos próximos dias. O cometa está nascendo no horizonte nordeste aproximadamente as 04h00 pelo horário de Brasília e pode ser visto até o momento em que os primeiros raios de Sol interfiram na observação. Sabemos que encontrar objetos pequenos no céu não é uma tarefa muito fácil, principalmente para quem não está familiarizado com o firmamento, então preparamos uma carta celeste que poderá ajudar bastante a encontrar o brasileirinho no céu noturno. A carta mostra o céu do horizonte nordeste (um pouco à esquerda de onde nasce o Sol) às 05h00 pelo horário de Brasília de sábado. Como podemos ver, Jacques está localizado na constelação de Auriga, praticamente entre as estrelas Hassaleh e Hoedus. Embora estas estrelas apareçam na carta como pontos muito brilhantes, na realidade elas são mais fraquinhas e deverão servir apenas para orientação. Ainda assim, o cometa é bem menos brilhante que elas, por isso a necessidade de usar binóculos ou luneta. Para localizar o cometa é necessário um pouco de paciência. Inspecione a área indicada com atenção. Se tiver uma cadeira reclinável e um cobertor, melhor ainda. Através de um binóculo, Jacques deverá parecer como um pequeno pontinho difuso, ligeiramente esverdeado. Se o binóculo tiver uma boa capacidade de ampliação e for bem luminoso, a cauda do cometa também poderá ser vista de modo bem tênue, mas perfeitamente discernível.

Fonte: Apolo 11

Imagens mais recentes da sonda Rosetta mostram detalhes impressionantes da superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko

Está chegando a hora do grande encontro! A sonda Rosetta, cada dia que passa, se aproxima mais e mais do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, e a cada dia que está mais próxima do cometa, as imagens que ela nos manda são mais espetaculares. A última imagem enviada para a Terra e feita com a câmera de ângulo restrito da sonda, a famosa câmera NAC, revela detalhes impressionantes da superfície do cometa. Feita, no dia 29 de Julho de 2014, a uma distância de cerca de 1950 km do alvo, a resolução da imagem é de 37 metros por pixel. Claramente na imagem é possível ver o brilhante “pescoço”, que conecta os dois lobos do núcleo, juntamente com algumas outras partes discretas, mais brilhantes. A explicação sobre tais feições ainda é motivo de muita discussão – elas poderiam existir devido à diferença no material que constitui o cometa, ou na diferença do tamanho dos grãos, ou até mesmo serem feições topográficas. Uma mancha escura perto do pescoço está mais relacionada a um efeito de sombra. Uma grande depressão na superfície é aparente na parte mais superior do lobo pequeno, nessa orientação.

Fonte: Cienctec