sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ALMA estuda formação exoplanetária no sistema binário GG Tauri-A e descobre uma corrente de gás inédita

Com o auxílio do ALMA astrônomos detectaram, pela primeira vez, uma corrente de gás que flui desde um disco externo massivo até ao interior de um sistema binário de estrelas. Esta configuração, nunca observada até agora, pode ser responsável por manter um segundo disco de formação planetária, menor, que, de outro modo, teria desaparecido completamente há muito tempo. Cerca da metade das estrelas nascem em sistemas binários e, por isso, esta descoberta tem consequências importantes na procura de exoplanetas. Um grupo de pesquisa liderado por Anne Dutrey do Laboratório de Astrofísica de Bordeaux, em França, e CNRS, utilizaram o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para observar a distribuição de gás e poeira num sistema estelar múltiplo chamado GG Tau-A. Este objeto tem apenas alguns milhões de anos de idade e situa-se a cerca de 450 anos-luz de distância da Terra na constelação do Touro. Tal como uma roda dentro de outra roda, GG Tau-A contém um disco exterior maior, que circunda todo o sistema, e um disco interior menor que se situa em torno da estrela central. Este segundo disco tem uma massa equivalente à de Júpiter e a sua presença tem constituído um mistério para os astrônomos, uma vez que este objeto se encontra perdendo matéria para a estrela central a uma taxa tal que deveria já ter-se esgotado completamente há muito tempo atrás. Ao observar estas estruturas com o auxílio do ALMA, a equipe descobriu acúmulos de gás na região que se situa entre os dois discos. As novas observações sugerem que existe material que está a ser transferido do disco exterior para o disco interior, criando um tipo de corda de salvamento entre os dois.
Anne Dutrey explicou:
Embora em simulações de computador já se tivesse previsto matéria fluindo na região entre os dois discos, é a primeira vez que tal fenômeno é efetivamente observado. O fato de termos detectado estas acumulações de matéria, indica-nos que o material se desloca entre os dois discos, permitindo que um se alimente do outro. Estas observações demonstram que o material do disco exterior consegue sustentar o disco interior durante muito tempo, fato este que tem consequências importantes na potencial formação planetária do sistema.
Os planetas nascem da matéria que sobra da formação da estrela. Trata-se de um processo lento, o que significa que a presença de um disco que se mantenha durante muito tempo é um pré-requisito para a formação de planetas. Se o processo de “alimentação” do disco interior agora observado pelo ALMA ocorrer em outros sistemas estelares múltiplos, esta descoberta aponta-nos para um vasto número de novas localizações potenciais para encontrar planetas no futuro. A primeira fase da procura de exoplanetas foi dirigida a estrelas individuais, como o Sol. Mais recentemente mostrou-se que uma grande fração de planetas gigantes orbitam sistemas binários de estrelas. Agora, os pesquisadores começaram a investigar a possibilidade de planetas orbitarem estrelas individuais inseridas em sistemas estelares múltiplos. Esta nova descoberta apoia a possível existência de tais planetas, fornecendo aos “caçadores” de exoplanetas novos campos por explorar. Emmanuel Di Folco, coautor do artigo científico que descreveu os resultados, concluiu:
Quase metade das estrelas do tipo solar nasceram em sistemas binários, o que significa que acabamos de descobrir um mecanismo para sustentar a formação planetária que pode ser aplicado a um número significativo de estrelas da Via Láctea. As nossas observações são um enorme passo em frente na verdadeira compreensão da formação planetária.
Este trabalho foi descrito no artigo científico intitulado “Planet formation in the young, low-mass multiple stellar system GG Tau-A”, assinado por A. Dutrey et al., na revista Nature.


Créditos: Eternos Aprendizes

O movimento retrógrado do planeta Marte

Por que o planeta Marte, parece se mover para trás? Na maioria das vezes, o movimento aparente do planeta Marte, no céu da Terra ocorre em uma direção, vagaroso, porém constante na frente do fundo estrelado. A cada dois anos aproximadamente, contudo, a Terra passa Marte, enquanto ela orbita o Sol. Durante a mais recente dessas passagens, que começou no final de 2013, Marte, como sempre, pairava grande e brilhante no céu. Também, durante essa época, Marte parecia se mover para trás, no céu, num fenômeno chamado de movimento retrógrado. Acima, pode-se ver, uma série de imagens empilhadas digitalmente, de modo que todas as estrelas de fundo coincidam. Aqui, Marte parece traçar um loop estreito no céu. No centro do loop, a Terra passou Marte e o movimento retrógrado atingiu seu ponto máximo. O movimento retrógrado também pode ser visto para outros planetas no Sistema Solar.

Créditos: Cienctec

É possível comprovar a aceleração do Universo?

Depois dos questionamentos lançados sobre a inflação pós-Big Bang, agora é a vez de os astrofísicos tentarem se livrar dos incômodos ligados à aceleração cósmica. O principal suporte observacional para a teoria da aceleração do Universo vem de dados coletados de supernovas. Em 1998, astrônomos detectaram que algumas supernovas emitem uma luz fraca demais - portanto, estão mais distantes de nós do que seria esperado. Isso implica que o Universo está se acelerando, e não desacelerando, como as interações gravitacionais normais levavam a prever. No entanto, esta conclusão pressupõe tanto a validade da relatividade geral de Einstein, quanto uma hipótese não comprovada - a de que o Universo seria homogêneo - a fim de derivar equações que relacionam a distância à velocidade e à luminosidade. Três pesquisadores chineses afirmam agora que é possível escapar dessas indefinições usando radiotelescópios, que podem fornecer uma "observação mais direta" da aceleração do Universo medindo variações de velocidade em nuvens de hidrogênio intergalácticas. Eles propõem algumas modificações na coleta de dados desses radiotelescópios, que seriam necessárias para alcançar uma medição da aceleração suficientemente precisa. Hao-Ran Yu e seus colegas da Universidade Normal de Pequim e da Universidade de Toronto (Canadá), afirmam que é possível fazer uma medição direta da aceleração - se ela estiver mesmo ocorrendo - observando nuvens de hidrogênio muito densas. Essas nuvens, situadas entre as galáxias, são detectadas porque absorvem emissões de rádio vindas de quasares situados por detrás delas em relação à Terra. A velocidade dessas nuvens pode ser então medida pela observação do desvio para o vermelho do hidrogênio em um comprimento de onda muito preciso, de 21 centímetros. Como a linha de absorção de 21 centímetros é muito estreita em comparação com as linhas de emissão das galáxias, torna-se possível observar mudanças de velocidade muito pequenas. Os pesquisadores lembram que rastreios já programados pelos radiotelescópios vão medir a velocidade de centenas de milhares de nuvens de hidrogênio. Se esses rastreios receberem as adaptações propostas pelo trio, bem como tiverem um aumento na frequência observacional de cada nuvem, dizem os físicos chineses, então eles poderão detectar acelerações cosmicamente relevantes - de cerca de um milímetro por segundo por ano - em observações realizadas ao longo de uma década. Se tudo isto for feito, e se a esperada aceleração for realmente detectada, então mais um dos fundamentos da cosmologia moderna poderá passar da incômoda classe de hipótese para a categoria dos fenômenos diretamente observados.

Créditos: Inovação Tecnológica

Será que o Sol está emitindo matéria escura?

Há um estranho sinal vindo do espaço, na faixa de raio-X. Quer dizer, o raio-X não é estranho; já sabemos há muito que o espaço é rico em radiação eletromagnética em muitas faixas que são invisíveis. O que é estranho é que esta radiação pode conter a assinatura de partículas de matéria escura. A descoberta foi feita pelos astrônomos da Universidade de Leicester (Inglaterra). Eles encontraram a assinatura de partículas de matéria escura, os áxions, nessa radiação. Áxios foram propostos em 1977 para resolver alguns problemas da física quântica, e mais tarde elevados à categoria de candidatos à matéria escura. De acordo com a teoria, os áxions são capazes de “perceber” interações eletromagnéticas, apesar de não terem carga eletromagnética. Uma das implicações é que, em contato com um campo magnético, um áxion explode em fótons de raio-X, que são coisas que podemos detectar. Mais ainda, se estes áxions realmente existem, o núcleo do Sol é um dos lugares em que eles seriam produzidos. A descoberta, que ainda tem que ser confirmada por outros laboratórios, foi feita em cima de 14 anos de dados coletados pelo observatório de raio-X da ESA (Agência Espacial Européia), o XMM-Newton. O que os astrônomos buscavam eram fótons de raio-X que fossem gerados quando os áxions no núcleo do Sol atingissem o campo magnético terrestre. Utilizando estes dados, os cientistas descobriram uma variação sazonal nos raios-X de fundo sem explicação. Quando todas as teorias convencionais falharam, os cientistas se voltaram às extraordinárias, como esta dos áxions. Pela teoria, o satélite deveria observar mais raios-X quando estivesse passando pelo lado do planeta que está apontando para o Sol – e uma diferença de 10% foi encontrada. Quais as implicações desta descoberta? Bom, teríamos uma partícula de matéria escura para analisar, uma que é produzida a 8 minutos-luz de nós. Outra implicação seria uma melhor compreensão da radiação de raio-X que permeia o céu. Mas os cientistas estão indo com calma. Ninguém ainda anunciou que esta pode ser a primeira detecção de partículas de matéria escura do mundo, já que toda cautela é necessária nessa hora. É preciso esperar que outros astrônomos e laboratórios examinem os dados e façam seus próprios testes, para confirmar ou refutar o trabalho primeiro. Pode ser que leve mais de dez anos até aparecer alguma confirmação. Por enquanto, apesar de promissora, esta é apenas uma possível detecção de matéria escura.

Créditos: Hypescience

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

6 dias de escuridão?

O website Huzlers.com noticiou:
“NASA confirma que a Terra irá ter 6 dias de completa escuridão em Dezembro de 2014! A escuridão abater-se-à sobre o planeta entre 16 e 22 de Dezembro. Durante estes 3 dias, num total de 216 horas, devido a uma tempestade solar, irá existir muita poeira na atmosfera, o que irá bloquear 90% da luz solar. O chefe da NASA, Charles Bolden, sugeriu que durante esses dias, as pessoas devem manter-se calmas.”

Muita gente foi enganada por esta “notícia”. As redes sociais são férteis para a divulgação de completos disparates acéfalos. Penso que qualquer pessoa com, pelo menos, um número mínimo de neurônios percebe que:
– tempestades solares são frequentes e não provocam qualquer escuridão.
– tempestades solares não levantam poeira na atmosfera terrestre.
– se no título diz que são 6 dias, a mesma história diz no texto 3 dias. Não é uma história consistente.
– ainda pior é o fato de que 216 horas são 9 dias! Não é 6 nem 3. Ou seja, a mentira não é consistente.

Claro que os neurônios necessários para compreender estas coisas, são normalmente abatidos quando falamos de acreditar e partilhar cegamente “notícias” nas redes sociais. Por outro lado, basta olharmos para a fonte em causa que percebemos que é um website com notícias falsas, satíricas e sensacionalistas. O próprio website diz: “Huzlers.com is a combination of real shocking news and satirical entertainment to keep its visitors in a state of disbelief.” É um website como o Inimigo Público, G17, The Onion, Weekly World News, World News Daily Report, etc. Por fim, esta história não é sequer original. A mesma história já tinha andado pela internet em 2012 (aquando da Profecia Maia) e anteriormente em 2011, em que os vigaristas diziam que o cometa Elenin iria provocar 3 dias de escuridão. Como sempre, nada acontece. Mas surpreendentemente, muitas pessoas continuam a nada aprender...

Créditos: Carlos Oliveira (AstroPT)

Cometas fedem e têm dunas como as da Terra

A sonda Rosetta continua nos surpreendendo com suas novas e incríveis fotos tiradas em sua perseguição do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Os cliques foram feitos a apenas 7,9 quilômetros da superfície do corpo celeste e revelam dunas similares àquelas que encontramos na Terra. Além disso, os cientistas também descobriram um dado bastante constrangedor para o pobre cometa: ele fede. “O perfume do 67P/CG é bastante forte, como o odor de ovos podres (sulfureto de hidrogênio), fezes de ​​cavalo (amoníaco) e o odor pungente do formaldeído”, conta, Kathrin Altwegg, a principal pesquisadora do equipamento usado pela Agência Espacial Européia (chamado de ROSINA, do inglês Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis) para analisar o cometa. “Isso está misturado com o aroma fraco, amargo e amendoado do cianeto de hidrogênio. Adicione um pouco de cheiro de álcool (metanol) a esta mistura, junto do aroma de vinagre do dióxido de enxofre e uma pitada do aroma doce do sulfureto de carbono e você terá o ‘perfume’ do nosso cometa”. Quanto às dunas, uma idéia é de que elas tenham chegado ali devido às plumas de gás das falésias que as rodeiam – da mesma forma que montes e dunas perto de penhascos são criados aqui na Terra. A demarcação entre subsolo exposto [por estes ventos] e a camada de poeira é bastante acentuada. Esses montes de poeira podem ser o lugar para onde toda a poeira foi “soprada” e acumulada. Claro, isso é apenas especulação neste momento, mas não deixa de ser algo a se levar em conta. Numerosas depressões circulares podem ser vistas em direção ao centro da imagem, alguns com aros e superfícies lisas bem definidas. Enquanto algumas crateras e buracos no 67P/CG podem ser marcadores diretos de locais ativos, acredita-se também que a sublimação de produtos voláteis de baixo da superfície feita de poeira poderia induzir o colapso da zona superior, formando poços. É claro que, com base nessas imagens apenas, interpretações alternativas não podem ser descartadas. Algumas depressões circulares podem ser evidência de eventos de impacto anteriores, geradores de crateras, ou talvez algum material refinado tenha preenchido algumas depressões existentes anteriormente, com o material circundante mais tarde erodido, dando a aparência de uma borda elevada. A previsão é de que, no próximo dia 12 de novembro, o Philae, módulo de aterrissagem acoplado à Rosetta, pouse no Churyumov-Gerasimenko, nos dando muito mais detalhes sobre o astro e chegando mais perto do que nunca de um cometa. Assumindo os 7,9 km de distância, a escala da imagem é de cerca de 67 centímetros/pixel, de modo que cada quadro, divulgado com a resolução de 1024 x 1024 pixels, mede cerca 690 metros.

Créditos: Hypescience

Encontradas duas famílias de cometas em torno de estrela próxima

O instrumento HARPS em operação no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, foi utilizado no censo mais completo feito até à data de cometas em torno de outra estrela. Uma equipe de astrônomos franceses estudou quase 500 cometas individuais que orbitam a estrela Beta Pictoris e descobriram que estes objetos pertencem a duas famílias distintas de exocometas: exocometas velhos que fizeram já várias passagens próximo da estrela e exocometas mais jovens que se formaram provavelmente da recente destruição de um ou mais objetos maiores. Os novos resultados foram publicados na revista Nature do dia 23 de outubro de 2014. Beta Pictoris é uma estrela jovem situada a cerca de 63 anos-luz de distância do Sol. Tem apenas 20 milhões de anos de idade e encontra-se rodeada por um disco de material enorme - um sistema planetário jovem muito ativo onde o gás e a poeira são produzidos tanto pela evaporação de cometas como pela colisão de asteróides. Flavien Kiefer (IAP/CNRS/UPMC), autor principal do novo estudo explica: "Beta Pictorias é um alvo muito interessante! Observações detalhadas dos seus exocometas fornecem pistas que nos ajudam a compreender que processos ocorrem neste tipo de sistemas planetários jovens." Durante quase 30 anos os astrônomos observaram variações sutis na radiação emitida por Beta Pictoris, que se pensava serem causadas pela passagem de cometas em frente da própria estrela. Os cometas são corpos pequenos - com alguns quilômetros de tamanho - ricos em gelos que se evaporam quando o corpo se aproxima da estrela, produzindo enormes caudas de gás e poeira, que podem absorver alguma da radiação que passa através delas. A fraca luz emitida pelos exocometas é ofuscada pela radiação da estrela brilhante e por isso não se conseguem obter imagens diretas destes objetos a partir da Terra. Para estudar os exocometas de Beta Pictoris, a equipe analisou mais de 1.000 observações obtidas entre 2003 e 2011 com o instrumento HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros do ESO, no Observatório de La Silla, no Chile. Os investigadores selecionaram uma amostra de 493 exocometas diferentes. Alguns exocometas foram observados por diversas vezes e durante algumas horas. Uma análise detalhada permitiu obter medições da velocidade e tamanho das nuvens de gás. Foram também deduzidas algumas das propriedades orbitais de cada um dos cometas, como a forma e orientação da órbita e a distância à estrela. Este tipo de análise efetuada em várias centenas de exocometas pertencentes a um único sistema exoplanetário é única. O trabalho revelou a presença de dois tipos distintos de famílias de exocometas: uma família de exocometas cujas órbitas são controladas por um planeta de grande massa e outra família, provavelmente originada pela destruição recente de um ou mais objetos maiores. Diferentes famílias de cometas existem igualmente no Sistema Solar. Os exocometas da primeira família apresentam uma variedade de órbitas e mostram atividade relativamente fraca com baixas taxas de produção de gás e poeira, o que sugere que estes cometas gastaram já o seu conteúdo em gelo durante múltiplas passagens perto de Beta Pictoris. Os exocometas da segunda família encontram-se muito mais ativos e deslocam-se em órbitas quase idênticas, o que sugere que os membros desta família têm todos a mesma origem: provavelmente a destruição de um objeto maior cujos fragmentos se encontram numa órbita rasante da estrela Beta Pictoris. Flavien Kiefer conclui: "Esta é a primeira vez que um estudo estatístico determina a física e órbitas de um grande número de exocometas. Este trabalho dá-nos um olhar fantástico sobre os mecanismos que estavam presentes no Sistema Solar logo após a sua formação, há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás."

Créditos: Astronomia On-line

Geóide: o inacreditável formato do planeta Terra

Enquanto muitas vezes nós pensamos na Terra como uma esfera, nosso planeta é, na verdade, muito acidentado e irregular. Dentre os fatores que colaboram para esta impressão está o fato de que grande parte da superfície terrestre está encoberta por água e nós estamos acostumados a acreditar que toda essa mistura resulta em uma esfera quase perfeita. O raio no equador é maior do que nos pólos, devido aos efeitos a longo prazo da rotação da Terra. E, em uma escala menor, há a topografia – montanhas têm mais massa do que um vale e, assim, a força da gravidade é regionalmente mais forte perto das montanhas. Todas estas grandes e pequenas variações no tamanho, forma e distribuição de massa da Terra causam pequenas variações na aceleração da gravidade (ou a “força” da atração da gravidade). Estas variações determinam a forma do meio líquido do planeta. Se fosse para remover as marés e as correntes do oceano, o resultado seria uma forma suavemente ondulada – ascendendo onde a gravidade é alta, decrescendo onde a gravidade é baixa. Esta forma irregular é chamada de “geóide”, uma superfície que define a elevação zero. Usando complexas leituras de matemática e gravidade em terra, topógrafos estendem essa linha imaginária através dos continentes. Este modelo é usado para medir as elevações da superfície com um alto grau de precisão. Tal modelo foi introduzido em 1828 por C. F. Gauss, mas o termo geóide só foi introduzido em 1873 por J. F. Listing. A precisão que encontramos atualmente, no entanto, só foi alcançada nos anos 1990, com a Solução Precisa do Geóide, de Petr Vaníček e sua equipe, que permite que se tenha uma exatidão de centímetros a milímetros na computação geoidal.

Créditos: Hypescience

sábado, 25 de outubro de 2014

Gelo enterrado

A Cratera Berlioz, em contraste com a Kadinsky ou Prokofiev, localizadas em latitudes mais altas, é muito quente mesmo com seu assoalho na sombra permanente para ter gelo de água na superfície. Contudo, as temperaturas logo abaixo da superfície são suficientemente frias para que o gelo de água seja estável. A imagem aqui fornece uma visão na cratera que suspeita-se abriga gelo de água soterrado. A imagem superior mostra uma visão da Cratera Berlioz, com a região que abriga o material brilhante de radar (amarelo) e com as regiões em sombra permanente (vermelho) identificadas. A imagem intermediária foi adquirida poucos horas depois da imagem superior, usando uma exposição mais longa do filtro de banda larga da câmera WAC, e estirada para revelar os detalhes dentro da cratera sombreada. Uma região mais escura distinta é vista no assoalho da cratera, que corresponde bem com o material brilhante de radar e com as regiões sombreadas (imagem inferior). O material mais escuro de baixa refletância é postulado como sendo composto de material congelado, rico em matéria orgânica e volátil que se forma através de um processo de deposição. Essa imagem foi adquirida como parte da campanha de imageamento do instrumento MDIS dentro de regiões que estão em sombra permanente em cratera polares que abrigam gelo. Imageando essas regiões com o filtro limpo de banda larga da câmera WAC, que tem uma largura de banda de 600 nanômetros e é usada para calibração de imagens das estrelas, tem o potencial para revelar detalhes das superfície escondidas nas sombras que são fracamente iluminadas pela luz do Sol dispersada. Uma grande variedade de tempos de exposição e de condições de visualização são empregados para maximizar a oportunidade para resolver as feições superficiais de áreas que estão permanentemente nas sombras.

Créditos: MESSENGER

Terá a lua Mimas um oceano interno sob sua crosta de gelo?

Um novo estudo focado no interior da lua congelada Mimas (Saturno), sugere que a sua superfície repleta de crateras esconde uma de duas possibilidades intrigantes: ou o núcleo congelado de Mimas possui um formato similar a uma bola de futebol americano ou esta pequena lua abriga um oceano subsuperficial com água no estado líquido. Os astrônomos usaram numerosas imagens de Mimas, capturadas pela espaçonave da NASA Cassini, para determinar o quanto esta lua oscila ao longo de sua órbita em volta de Saturno. A seguir, os cientistas avaliaram diversos possíveis modelos para representar o seu interior, encontrando duas possibilidades que concordam com seus dados. Radwan Tajeddine, associado de pesquisa da Cassini e da Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova Iorque, autor principal do estudo, afirmou: Os dados sugerem que algo não está certo, podemos dizer, dentro de Mimas. A quantidade de oscilação que medimos é duas vezes superior ao que estava previsto. Conforme Tajeddine, qualquer uma das duas possibilidades aventadas para o interior de Mimas seria interessante, considerando que a aparência exterior repleta de crateras nesta lua não indica qualquer coisa incomum sob sua superfície. Tendo em vista que Mimas se formou há mais de quatro bilhões de anos, os cientistas esperam que o seu núcleo já tenha relaxado para uma forma aproximadamente esférica. Por isso, se o núcleo de Mimas tiver uma forma oblonga, provavelmente tal representa um registro específico da formação desta lua, congelado no tempo. Se Mimas possui um oceano, esta lua irá se juntar a um seleto clube de “mundos oceânicos” hoje composto de três luas de Júpiter (Ganimedes, Europa e Calisto) e duas outras luas de Saturno (Enceladus e Titã). A descoberta de um oceano global em Mimas seria surpreendente, comentou Tajeddine, uma vez que a superfície de Mimas não exibe sinais de atividade geológica. Assim como a maioria das luas no Sistema Solar, incluindo a nossa, Mimas mostra essencialmente sempre a mesma face ao seu planeta. Isso quer dizer que Mimas está em rotação sincrônica 1:1 em sua órbita em torno de Saturno. Tal como a nossa Lua, Mimas demora o mesmo tempo para girar completamente sobre o seu eixo que demora a orbitar Saturno. A órbita de Mimas está esticada muito ligeiramente, formando uma elipse ao invés de um círculo perfeito. Este desvio faz com que o ponto na superfície de Mimas orientado para Saturno varie de posição durante uma órbita. Um hipotético observador situado em Saturno veria Mimas oscilar ligeiramente durante a sua órbita, fazendo com que pequenas quantidades de terreno no limbo [a fronteira em o lado visível a partir de Saturno e a face oculta] se tornassem visíveis. Este efeito é chamado libração e também acontece na nossa Lua. Observar a libração de Mimas pode fornecer informações úteis sobre o que está acontecendo dentro dessa lua. Neste caso, está nos dizendo que esta pequena lua cheia de crateras pode ser mais complexa do que pensávamos. Os modelos desenvolvidos por Tajeddine e os coautores franceses e belgas sugerem que, se Mimas está escondendo de fato um oceano de água no estado líquido, este reside entre 24 e 31 km abaixo da superfície. Com 415,6 × 393,4 × 381,2 km de diâmetro, estima-se que Mimas é pouco massiva [(3,7493±0,0031)×1019 kg] para ter retido aquecimento interno remanescente da sua formação. Assim, estima-se que alguma outra fonte de energia tem sido necessária para manter um oceano subsuperficial. Os cientistas notam que existem evidências de que a órbita atual e alongada de Mimas pode ter sido mais esticada no passado e que pode eventualmente ter criado aquecimento por maré suficiente para produzir um oceano interno. Embora encontrar um oceano subsuperficial em Mimas possa ser considerado surpreendente, os autores descobriram que o modelo interior que consideraram para um núcleo oblongo daria a esta lua uma forma ligeiramente diferente do que é observada. Eles sugerem que outros modelos podem ser desenvolvidos para explicar a libração observada de Mimas e que são necessárias novas medições pela Cassini para ajudar a determinar qual dos modelos propostos é possivelmente o mais correto.

Créditos: Eternos Aprendizes

Vendo na escuridão e identificando gelo de água na cratera Kandinsky em Mercúrio

A Cratera Kandinsky está localizada perto do pólo norte de Mercúrio e mostra evidências de que ela abriga gelo de água. O assoalho da Cratera Kandinsky está permanentemente na sombra e nunca recebe diretamente a luz do Sol, mantendo-a numa temperatura muito baixa. Contudo, usando a luz do Sol que é dispersada pelas paredes da cratera e o filtro limpo de banda larga da câmera WAC, o instrumento MDIS foi capaz de capturar essa imagem que revela os detalhes da superfície escondida nas sombras. A imagem de banda larga da câmera WAC é mostrada do lado esquerdo, delimitada em amarelo e sobreposta sobre o mosaico polar também obtido pelo instrumento MDIS. A visão na direita mostra a mesma imagem mas com o brilho e com o contraste estourado para mostrar os detalhes do assoalho da cratera que fica na sombra permanente. Essa imagem foi adquirida como parte da campanha do instrumento MDIS que tem como objetivo imagear as regiões que ficam permanentemente nas sombras nas crateras polares congeladas de Mercúrio. Imageando esses locais com o filtro limpo de banda larga do MDIS, que tem uma largura de banda de 600 nanômetros e que é usado para calibrar imagens das estrelas, tem o potencial de revelar detalhes das superfície escondidas nas sombras que são fracamente iluminadas pela luz do Sol dispersada. Uma variedade de tempos de exposição e de condições de imageamento são empregados para maximizar a oportunidade para resolver as feições superficiais das áreas permanentemente escondidas nas sombras.

Créditos: Cienctec

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Exoplanetas em WASP-94 A e B: Júpiteres quentes primos em um sistema binário

O consórcio WASP (Wide Angle Search for Planets) apresentou uma descoberta interessante: dois exoplanetas da classe Júpiter, cada um orbitando sua estrela mãe em um sistema estelar binário. Ambos os exoplanetas são “Júpiteres quentes”, uma categoria de corpos bastante suscetíveis de serem descobertos tanto através do método de trânsito com também pela técnica de velocidade radial. O consórcio WASP utiliza dois observatórios robóticos, um em La Palma (Ilhas Canárias) e o outro na África do Sul. O programa WASP tem um consistente acervo de descobertas, tendo encontrado mais de 100 exoplanetas desde 2006. Os exoplanetas encontrados orbitando as estrelas WASP-94A e WASP-94B, como todos os candidatos do WASP, foram confirmados pela técnica de velocidade radial através da colaboração com o Observatório de Genebra. Ambas as estrelas do sistema binário WASP 94 residem a 600 anos luz na direção da constelação do Microscópio (Microscopium). Neste caso especifico, o time do WASP-Sul (África do Sul) observou obscurecimentos na luz emanada pela estrela WASP-94A, uma marca da possível presença de um Júpiter-quente. A descoberta do segundo exoplaneta em WASP-94B ocorreu logo após quando a equipe de Genebra trabalhava na confirmação o primeiro exoplaneta. Marion Neveu-VanMalle (Genebra), autora líder do artigo científico exclamou: Nós observamos a outra estrela [do par binário] por acidente e então encontramos um exoplaneta por lá, também! Essa descoberta é importante por causa do nosso sistema vizinho mais próximo, o par binário Alfa Centauri A e B, onde têm sido largamente caçados possíveis exoplanetas na zona habitável, orbitando cada uma dessas estrelas, as quais ficam relativamente próximas entre si. No entanto, WASP-94A e WASP-94B representam um cenário diferente, pois a separação entre estas estrelas é da ordem de 2.700 UAs (unidades astronômicas, a distância entre a Terra e o Sol). O artigo explora três outros sistemas binários com pares de exoplanetas: HD20782/HD20781 é parecido com WASP 94 em termos de distância entre suas estrelas pares. HD20782 hospeda um exoplaneta tipo Júpiter e HD20781 contém dois exoplanetas similares a Netuno. Kepler-132 é um Sistema interessante que abriga 3 super-terras, com uma separação angular pequena demais para que saibamos qual das duas estrelas estes exoplanetas estão orbitando. Cientistas estimam que os dois exoplanetas de menor períodos não podem orbitar a mesma estrela. Finalmente o Sistema XO-2, também um binário com grande separação entre suas estrelas, hospeda um Júpiter quente enquanto a outra estrela abriga dois gigantes gasosos, um tipo Júpiter e outro com a massa de Saturno. Podemos aprender coisas interessantes sobre a formação de Júpiteres quentes ao analisar WASP-94. Exoplanetas deste tipo deveriam se formar bem longe da sua estrela mãe para permitir que os gelos se agreguem na zona de neve. Depois de algum tempo estes exoplanetas são forçados, talvez por interações com outra estrela ou exoplaneta a se aproximar da estrela mãe. O artigo descreve: A descoberta de dois Júpiteres quentes, um em volta de cada estrela, sugere que o mesmo processo de formação se deu e as condições favoráveis similares provocaram a migração destes exoplanetas. As interações entre duas estrelas em um par binário são problemáticas dada a grande distância entre elas, mas tal pode ajudar-nos a testar nossas teorias: Mesmo que neste estágio ainda não possamos provar nada, há teorias dinâmicas recentes relevantes para este sistema. Moeckel & Veras (2012) descreveram interações nas quais um planeta orbitando um componente de um par binário pode ‘pular’ de uma estrela para outra. Se ambos os planetas gigantes se formaram em volta da mesma estrela, a interação planeta x planeta poderia ter ocorrido. Tal poderia ter empurrado um dos planetas para próximo de sua estrela e ejetado o segundo. Assim, o segundo planeta pode ter sido capturado pela estrela companheira. Como ainda não sabemos a excentricidade do Sistema estelar, podemos considerar o mecanismo descrito por Li, no qual um Sistema coplanar pode acarretar em excentricidades muito altas para o planeta. Nós também podemos considerar o Sistema WASP-94 valioso em outros campos de estudo. Como a maioria dos planetas detectados pelo programa WASP, estes dois exoplanetas orbitam duas estrelas (WASP-94A e WASP-94B ) que são relativamente brilhantes. Em contraste, a maioria das estrelas de Kepler são tênues. O artigo da Keele University “Keele astronomers find ‘cousin’ planets around twin stars” cita a sugestão de Coel Hellier sobre a possibilidade de estudos atmosféricos através da espectroscopia, onde a atmosfera do exoplaneta em trânsito pode ser analisada enquanto se move para dentro e para fora do disco estelar durante o trânsito em frente a estrela hospedeira.

Créditos: Eternos Aprendizes

Hubble encontra galáxia extremamente distante através de lente gravitacional

Espiando através de uma lupa cósmica gigante, o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA detectou uma galáxia pequena e tênue - uma das galáxias mais distantes já observadas. O pequeno objeto está a uma distância estimada em mais de 13 bilhões de anos-luz. Esta galáxia fornece um olhar sobre os anos mais jovens do Universo e pode ser apenas a ponta do iceberg. "Esta galáxia é um exemplo do que se suspeita ser uma população abundante e subjacente de objetos extremamente pequenos e tênues que existiam cerca de 500 milhões de anos após o Big Bang, o início do Universo," explica o líder do estudo Adi Zitrin do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, no estado americano da Califórnia. "A descoberta diz-nos que galáxias tênues como esta existem, e que devemos continuar à sua procura e à procura de objetos ainda mais fracos, a fim de podermos entender como as galáxias e o Universo têm evoluído ao longo do tempo." A galáxia foi detectada pelo programa Frontier Fields, um esforço ambicioso de três anos que junta o Hubble a outros grandes observatórios - o Telescópio Espacial Spitzer e o Observatório de Raios-X Chandra - para examinar o universo primordial ao estudar grandes aglomerados de galáxias. Estes enxames são tão maciços que a sua gravidade curva a luz que passa por eles, ampliando, iluminando e distorcendo objetos de fundo num fenômeno chamado lente gravitacional. Estas lentes poderosas permitem com que os astrônomos encontrem muitas estruturas tênues e distantes que de outra forma seriam demasiado fracas para observar. A descoberta foi feita usando o poder de lente do gigantesco enxame galático Abell 2744, apelidado de Enxame de Pandora, que produziu três imagens ampliadas da mesma galáxia tênue. Cada imagem ampliada torna a galáxia 10 vezes maior e mais brilhante do que seria sem as qualidades de ampliação do enxame. A galáxia mede uns meros 850 anos-luz de diâmetro - 500 vezes menor que a nossa Via Láctea - e tem uma massa estimada correspondente a apenas 40 milhões de sóis. A nossa Galáxia, em comparação, tem uma massa estelar de várias centenas de milhares de milhões de sóis. E a galáxia forma aproximadamente uma estrela a cada três anos, ao passo que a Via Láctea forma aproximadamente uma estrela por ano. No entanto, tendo em conta o seu tamanho pequeno e baixa massa, Zitrin realça que a galáxia minúscula na verdade está evoluindo rapidamente e formando estrelas de modo eficiente. Os astrônomos acreditam que galáxias como esta são, provavelmente, pequenos aglomerados de matéria que começou a formar estrelas e a brilhar, mas ainda sem uma forma definida. É possível que o Hubble esteja apenas a detectar um aglomerado brilhante devido ao efeito de lente. Isto explicaria porque é que o objeto é menor que as galáxias típicas dessa época. A equipe de Zitrin avistou a galáxia gravitacionalmente multiplicada em imagens do enxame obtidas no infravermelho próximo e no visível, capturadas pelas câmaras WFC3 (Wide Field Camera 3) e ACS (Advanced Camera for Surveys) do Hubble. Mas eles precisavam de medir quão longe estava da Terra. Normalmente, os astrônomos conseguem determinar a distância de um objeto através da sua luz "esticada" à medida que o Universo se expande lentamente. Os astrônomos conseguem medir este efeito com precisão através de espectroscopia, que caracteriza a luz de um objeto. Mas esta galáxia e outros objetos ampliados pelo efeito de lente gravitacional, encontrados neste período jovem do Universo, estão demasiado distantes e são demasiado tênues para a espectroscopia, por isso os astrônomos usam a cor de um objeto para estimar a sua distância. A expansão do Universo torna o objeto mais avermelhado de forma previsível - que os cientistas podem medir. A equipe de Zitri aplicou a técnica de análise de cor e aproveitou as múltiplas imagens produzidas pela lente gravitacional para confirmar independentemente a estimativa de distância do grupo. Os astrônomos mediram a separação angular entre as três imagens ampliadas da galáxia nas fotos do Hubble. Quanto maior a separação angular devido ao efeito de lente, mais distante está o objeto da Terra. Para testar este conceito, os astrônomos compararam as três imagens ampliadas com as posições de outros objetos de fundo mais próximos e também multiplicados no enxame de Pandora. A distância angular entre as imagens ampliadas de galáxias mais próximas era menor. "Estas medições sugerem que, dada a grande separação angular entre as três imagens da nossa galáxia de fundo, o objeto deve estar muito longe," explica Zitrin. "Também coincide com a estimativa de distância que calculamos, com base na técnica de análise de cor. Temos uma confiança de 95% na distância deste objeto remoto, com um 'redshift' de 10, uma medida da expansão do espaço desde o Big Bang. A lente tira qualquer dúvida de que este possa ser um objeto próximo altamente avermelhado, que se mascara como um objeto muito mais distante." Os astrônomos debatem há muito tempo se essas galáxias iniciais podem ter fornecido radiação suficiente para aquecer o hidrogênio que arrefeceu logo após o Big Bang. Pensa-se que este processo, chamado reionização, ocorreu 200 milhões até 1 bilhão de anos após o nascimento do Universo. A reionização tornou o Universo transparente à luz, permitindo com que os astrônomos observassem muito atrás no tempo sem encontrarem uma "névoa" de hidrogênio frio.

Créditos: Astronomia On-line

Rover Opportunity observa cometa Siding Spring perto de Marte

O rover Opportunity da NASA capturou imagens de um cometa passando mais perto de Marte do que qualquer outro cometa conhecido passou pela Terra ou Marte. As imagens do cometa Siding Spring foram feitas contra o céu da madrugada marciana no último domingo, dia 19 de Outubro de 2014. Os pesquisadores usaram a Pancam do rover Opportunity para imagear o cometa em uma variedade de tempos de exposição cerca de duas horas e meia antes da maior aproximação do cometa Siding Spring com Marte. No momento da maior aproximação que ocorreu com o cometa a cerca de 139.500 quilômetros de distância de Marte, o céu acima do Opportunity já brilhava com a luz da manhã. “É muito animador que esse cometa tenha chegado tão perto de Marte, nos dando a chance de estudá-lo com os instrumentos que hoje são usados para estudar o planeta Marte”, disse um membro da equipe científica do Opportunity, Mark Lemmon da Universidade Texas A&M, que coordenou o apontamento da câmera para registrar o cometa. “As visões dos rovers em Marte, em particular, nos dão uma perspectiva humana, pois eles são tão sensíveis à luz como os nossos olhos também são”.


Créditos: Cienctec

Rosetta: ESA define o local de pouso da sonda Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko

A ESA deu sinal verde para o pouso do módulo Philae da sonda Rosetta, em 12 de novembro de 2014, no local escolhido do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em uma inédita tentativa de realizar um pouso suave de uma sonda em um cometa. O local de pouso do Philae, denominado de Local J e localizado no meio dos dois ‘lóbulos’ do cometa, foi confirmado pela ESA (Agência Espacial Européia) em 14 de outubro de 2014, de acordo com uma revisão abrangente das opções possíveis pelos cientistas da missão. Desde o rendez-vous com o cometa 67P, a missão tem realizado um levantamento e uma análise científica inédita deste objeto remanescente da era primordial da história de 4,6 bilhões de anos do Sistema Solar. Gradativamente, a Rosetta tem se aproximando do cometa, tendo começado as manobras 100 km no dia 6 de agosto e está agora a apenas 10 km do centro do cometa, que mede cerca de 4 km de comprimento. Isto permitiu um olhar mais detalhado sobre os locais de pouso principal e secundário para completar uma avaliação de risco, incluindo um censo detalhado dos pedregulhos e rochas superficiais. A decisão de fazer pousar a mini sonda Philae no Local J também confirma a sequência planejada dos eventos que precedem o pouso. A Rosetta vai se desconectar do módulo Philae às 08:35 GMT/09:35 CET de dia 12 de novembro a uma distância de aproximadamente 22,5 km do centro do cometa. O pouso ocorrerá cerca de sete horas depois, cerca de 15:30 GMT/16:30 CET. Como o sinal unidirecional de comunicação entre a Rosetta e a Terra levará 28 minutos e 20 segundos no dia 12 de Novembro para viajar, isto significa que a confirmação da separação chegará às estações terrestres às 09:03 GMT/10:03 CET e a da aterragem por volta das 16:00 GMT/17:00 CET. Fred Jansen, gerente da missão Rosetta da ESA, comentou: Agora que sabemos o nosso local de pouso, estamos um passo mais perto de executar esta operação emocionante, mas de alto risco. No entanto, ainda existem uma série de marcos importantes a completar antes de darmos o ‘Go’ final para o pouso. Uma série de decisões críticas “Go/No-Go” (Sim, prossegue/Não, não prossegue) devem ser conduzidas antes da separação. O processo começa no dia 11 de novembro com a confirmação da equipe de dinâmica de vôo se que a Rosetta está na trajetória certa antes da liberação do “lander” Philae para a operação de viagem até o cometa. Outras decisões “Go/No-Go” serão tomadas na noite de 11 para 12 de novembro, relativas à disponibilidade e conexão dos comandos, culminando com a confirmação da prontidão do módulo para o comando de separação. Uma pequena manobra da Rosetta deverá acontecer cerca de duas horas antes da separação. O ajuste vai colocar a Rosetta na posição ideal para liberar o Philae. O “Go/No-Go” final para a separação ocorrerá logo depois desta manobra. Após a separação da sonda Philae, a Rosetta vai manobrar para cima e para longe do cometa, antes de se reorientar para estabelecer comunicações com o módulo Philae. Fred Jansen explicou sobre as decisões críticas: Caso alguma das decisões resulte num ‘No-Go’ (passo não autorizado para prosseguir), a equipe terá que abortar e revisar o cronograma de acordo com uma nova tentativa, certificando-se que a Rosetta está em uma posição segura para tentar novamente. Se tudo correr bem, Rosetta e Philae começarão comunicar entre si cerca de duas horas após a separação. Durante a descida, que levará cerca de sete horas, o módulo Philae vai aproveitar a aproximação para capturar imagens e proceder experiências científicas, coletando amostras do ambiente de poeira, gás e plasma que envolve o cometa. Philae vai registrar uma imagem de “despedida” da sonda Rosetta pouco depois da separação, juntamente com uma série de imagens à medida que se aproxima da superfície do cometa. Os cientistas estimam que as primeiras imagens dessa sequência sejam recebidas na Terra poucas horas após a separação. Uma vez em segurança na superfície do cometa, o Philae capturará um panorama da área em volta. Espera-se também receber esta primeira visão do cometa aqui Terra várias horas depois. A primeira sequência de experiências científicas na superfície começará cerca de uma hora depois do pouso e terá a duração de 64 horas, limitadas pelo tempo de vida da bateria primária do módulo. O estudo de longo prazo do cometa pelo módulo Philae vai depender de quanto tempo e da capacidade das baterias na atividade de recarga, que pode ser limitada pela quantidade de poeira que porventura se deposite nos seus painéis solares. De qualquer forma, espera-se que em março de 2015, quando o cometa se aproximar mais do Sol, que as temperaturas dentro do Philae alcancem níveis muito elevados para continuar as operações e a missão científica do Philae será encerrada. Por outro lado, a missão da espaçonave Rosetta vai prosseguir por muito mais tempo. A Rosetta vai acompanhar o cometa à medida que este cresce em atividade até à sua maior aproximação do Sol em agosto de 2015 e continuará monitorando, em seguida, enquanto se afastam novamente para o Sistema Solar exterior. Esta missão sem precedentes vai estudar como um cometa evolui e dar importantes pistas sobre a formação do nosso Sistema Solar, as origens da água na Terra e, possivelmente, até mesmo da origem da vida na Terra.


Créditos: Eternos Aprendizes

Estudo observa que Titã brilha ao anoitecer e ao amanhecer

Novos mapas da lua de Saturno, Titã, revelam grandes manchas de gases que brilham perto dos pólos norte e sul. Estas regiões estão curiosamente desviadas dos pólos, para Leste ou Oeste, quando o amanhecer surge na região a Sul e enquanto a noite cai na região a Norte. O par de manchas foi descoberto por uma equipe internacional de cientistas que investigavam a composição química da atmosfera de Titã. "Esta é uma descoberta inesperada e potencialmente revolucionária," afirma Martin Cordiner, astroquímico que trabalha no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano de Maryland, autor principal do estudo. "Estes tipos de variações de leste para oeste nunca foram antes vistos nos gases atmosféricos de Titã. A explicação da sua origem apresenta-nos um novo e fascinante problema." O mapeamento vem de observações feitas pelo ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), uma rede de antenas de alta precisão no Chile. Nos comprimentos de onda utilizados por essas antenas, as áreas ricas em gás da atmosfera de Titã brilham intensamente. E graças à sensibilidade do ALMA, os investigadores foram capazes de obter mapas espaciais dos químicos na atmosfera de Titã a partir de uma observação "instantânea" que durou menos de 3 minutos. Há muito que a atmosfera de Titã é de interesse, pois atua como uma fábrica química, usando a energia do Sol e do campo magnético de Saturno para produzir uma grande variedade de moléculas orgânicas, ou à base de carbono. O estudo desta química complexa pode fornecer mais dados sobre as propriedades da atmosfera primitiva da Terra, que pode ter partilhado muitas das características da atmosfera atual de Titã. Neste estudo, os cientistas focaram-se em duas moléculas orgânicas, ácido isocianídrico (HNC) e cianoacetileno (HC3N), que são formadas na atmosfera de Titã. Em altitudes mais baixas, o HC3N aparece concentrado acima dos pólos norte e sul. Estes resultados são consistentes com observações feitas pela sonda Cassini, que encontrou uma zona nublada e altas concentrações de alguns gases sobre qualquer dos pólos que atravessa a estação de Inverno em Titã. A surpresa surgiu quando os investigadores compararam as concentrações dos gases em diferentes níveis da atmosfera. Nas altitudes mais elevadas, as bolsas de gás pareciam desviar-se dos pólos. Estes locais desviados do pólo são inesperados porque os rápidos ventos na atmosfera média de Titã movem-se na direção Leste-Oeste, formando zonas parecidas às bandas de Júpiter, embora muito menos pronunciadas. No interior de cada zona, os gases atmosféricos deviam, em grande parte, misturar-se completamente. Os investigadores não têm ainda uma explicação óbvia para estas descobertas. "Parece incrível que estes mecanismos químicos possam estar a operar em escalas de tempo rápidas o suficiente para provocar 'bolsas' reforçadas das moléculas observadas," comenta Conor Nixon, cientista planetário em Goddard e co-autor do estudo, publicado na edição online da revista The Astrophysical Journal Letters. "Seria de esperar que as moléculas fossem rapidamente misturadas em redor do globo pelos ventos de Titã." De momento, os cientistas estão a considerar uma série de explicações possíveis, incluindo efeitos térmicos, padrões de circulação atmosférica até então desconhecidos, ou a influência do poderoso campo magnético de Saturno, grande o suficiente para englobar Titã. Espera-se que mais observações melhorem a compreensão da atmosfera e dos processos em curso em Titã e em outros objetos do Sistema Solar.


Créditos: Astronomia On-line

Sonda Rosetta observa aumento de atividade do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko

O Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko está mostrando um gradativo, mas claro aumento na sua atividade, como pode ser visto nas últimas imagens fornecidas pela equipe do instrumento OSIRIS. Enquanto as imagens obtidas há poucos meses atrás mostravam jatos distintos de poeira deixando o cometa, esses estavam limitados para a região do pescoço do cometa. As imagens mais recentes obtidas pelo sistema de imageamento científico da sonda Rosetta, OSIRIS, mostra que a poeira está sendo emitida ao longo de quase todo o corpo do cometa. Jatos também têm sido detectados no lobo menor do cometa. “Nesse ponto, nós acreditamos que uma grande fração da superfície iluminada do cometa está mostrando algum nível de atividade”, disse o cientista Jean-Baptiste Vincent do OSIRIS e do Max Planck Insitute for Solar System Research (MPS) na Alemanha. A partir dessas imagens, a equipe quer derivar um melhor entendimento da evolução da atividade cometária e do processo físico que a guia. “Com a capacidade de monitorar essas emissões pela primeira vez poderemos ter muito mais idéias detalhadas”, disse o principal pesquisador do OSIRIS Holger Sierks. “Mas uma imagem sozinha não pode nos contar a história completa, a partir de uma imagem nós não podemos discernir exatamente de onde na superfície um jato surge”. Ao invés disso, os pesquisadores comparam imagens de uma mesma região feita de ângulos diferentes, com o objetivo de reconstruir uma estrutura tridimensional dos jatos. E, desde que sob condições normais o núcleo do cometa se sobrepõe aos jatos, as imagens precisam ser drasticamente superexpostas para revelar os detalhes dos jatos. Enquanto que a atividade geral do 67P/C-G está aumentando claramente, o local de pouso designado da missão no lobo menor ainda permanece relativamente tranquilo. Contudo, existem indicativos que novas áreas ativas estão surgindo a cerca de um quilômetro do local do pouso do módulo Philae. Isso permitirá que os instrumentos do Philae estudem a atividade do cometa de muito mais próximo e com muito mais detalhe. Hoje, o 67P/C-G está a cerca de 470 milhões de quilômetros do Sol. Com base na rica história de observações com telescópios na Terra, os cientistas esperam um aumento significativo na atividade do cometa quando ele atingir uma distância de cerca de 300 milhões de quilômetros do Sol, para o 67P/C-G, e para a sonda Rosetta, esse momento deve acontecer no final do mês de Março de 2015.

Créditos: Cienctec

sábado, 11 de outubro de 2014

Sonda Rosetta faz imagem detalhada de pedaço de rocha na superfície do cometa 67P

O sistema de imageamento científico OSIRIS a bordo da sonda Rosetta da ESA registrou uma imagem espetacular de um dos muitos pedaços de rochas que cobrem a superfície do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Com uma dimensão máxima de aproximadamente 45 metros, ele é um dos maiores pedaços de rochas vistos no cometa. Ele se destaca entre um grupo de pedaços de rochas localizados numa região suave do lado inferior do lobo maior do cometa. Esse aglomerado de rochas lembrou os cientistas as famosas pirâmides em Gizé, perto de Cairo no Egito, e esse pedaço de rocha específico foi chamado de Quéops por ser o maior pedaço de rocha, assim como Quéops é a maior pirâmide, conhecida como a Grande Pirâmide e que foi construída para ser a tumba do faraó Quéops em 2550 a.C. Essa escolha também introduz um esquema de nomes egípcios gerais concordados pelos cientistas da Rosetta que serão usados para nomear as muitas feições do cometa, isso mantém o espírito geral da missão e do nome da sonda. Quéops foi visto pela primeira vez em imagens obtidas no início do mês de Agosto de 2014 quando a sonda chegou ao cometa. Na semanas passadas, enquanto a Rosetta navegava cada vez mais próxima do cometa, o instrumento OSIRIS imageou essa única estrutura novamente, mas dessa vez com uma resolução muito maior de cerca de 50 centímetros por pixel. As estruturas rochosas que a sonda Rosetta tem revelado em muitos lugares na superfície do Churyumov-Gerasimenko são uma das feições mais misteriosas e espetaculares já vistas. Como muitos outros pedaços de rochas vistos tanto pelo OSIRIS como pela câmera NAVCAM da Rosetta, o Quéops se destaca não apenas fisicamente, mas também por ser uma feição levemente mais brilhante se comparado com a superfície escura ao redor. O principal pesquisador do OSIRIS, Holger Sierks, do Max Planck Institute for Solar System Research (MPS) na Alemanha, descreveu a superfície do Quéops como “muito irregular”. Entre as regiões mais brilhantes da superfície do pedaço rochoso estão intrigantes regiões menores de material mais escuro, similar em brilho e textura com o solo onde o pedaço de rocha se localiza. “É quase como se olhássemos uma poeira solta que cobre a superfície do cometa impregnada nas fraturas desse pedaço de rocha. Mas, é claro, é muito cedo para tirarmos muitas conclusões”, disse Sierks. Apesar do tamanho do cometa estar sendo medido de forma cuidadosa pela sonda Rosetta, através da análise meticulosa das imagens obtidas, quase todas as outras propriedades dos pedaços rochosos são ainda um mistério para os pesquisadores. Do que eles são feitos? Quais são suas propriedades físicas incluindo sua densidade e estabilidade? Como eles foram criados? À medida que a sonda Rosetta continua sua pesquisa e seu monitoramento da superfície do cometa nos próximos meses, os cientistas provavelmente terão muitas dessas respostas. Por exemplo, se os pedaços rochosos são expostos pela atividade cometária ou são deslocados pelo campo de gravidade do cometa, nós devemos ser capazes de rastreá-los nas nossas imagens”, adicionou Sierks. Hoje, dia 10 de Outubro de 2014, a sonda Rosetta começa a sua chamada Close Observation Phase do cometa chegando a uma distância de 10 km de seu alvo, e fazendo com que suas câmeras possam registrar detalhes cada vez menores e mais misteriosos do 67P/Churyumov-Gerasimenko.


Créditos: Cienctec

NuSTAR descobre estrela morta excepcionalmente brilhante

Astrônomos descobriram uma estrela morta e pulsante com uma energia de aproximadamente 10 milhões de sóis. Este é o pulsar mais brilhante - um remanescente estelar denso deixado para trás após uma explosão de supernova - já registado. A descoberta foi feita com o NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA. "Podemos pensar deste pulsar como o 'Super-Rato' dos remanescentes estelares," afirma Fiona Harrison, investigadora principal do NuSTAR no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, EUA. "Tem todo o poder de um buraco negro, mas com muito menos massa." Esta descoberta surpreendente está a ajudar os astrônomos a melhor compreender as fontes misteriosas de raios-X ofuscantes, denominadas ULXs (fontes ultraluminosas de raios-X ou ultraluminous X-ray sources, em inglês). Até agora, pensava-se que todas as ULXs eram buracos negros. Os novos dados do NuSTAR mostram que pelo menos uma ULX, a cerca de 12 milhões de anos-luz de distância na galáxia Messier 82 (M82), é na verdade um pulsar. "O pulsar parece estar comendo o equivalente à dieta de um buraco negro," afirma Harrison. "Este resultado vai ajudar-nos a compreender como é que os buracos negros devoram matéria e crescem tão rapidamente, um evento importante na formação das galáxias e estruturas no Universo." Pensa-se que as ULXs são geralmente buracos negros que se alimentam de estrelas companheiras - um processo chamado acreção. Também são suspeitas de serem os há muito procurados buracos negros de "massa intermédia" - elos perdidos entre os buracos negros estelares menores e os buracos negros gigantescos que dominam os corações da maioria das galáxias. Mas a investigação sobre a verdadeira natureza das ULXs continua em direção a respostas mais definitivas. O NuSTAR inicialmente não se propôs a estudar as duas ULXs em M82. Os astrônomos estavam a observar uma supernova recente na galáxia quando por acaso notaram pulsos brilhantes em raios-X oriundos da ULX conhecida como M82 X-2. Os buracos negros não pulsam, os pulsares sim. Os pulsares pertencem a uma classe de estrelas chamadas estrelas de nêutrons. Tal como os buracos negros, as estrelas de nêutrons são os núcleos remanescentes de estrelas que explodiram, mas com uma massa insignificante em comparação. Os pulsares enviam feixes de radiação que variam desde ondas de rádio até raios-gama altamente energéticos. À medida que a estrela gira, estes feixes interceptam a Terra como as luzes de um farol, produzindo um sinal pulsado. "Nós assumimos que as poderosas ULXs deviam ser buracos negros massivos," afirma o autor principal do estudo, Matteo Bachetti, da Universidade de Toulouse na França. "Quando vimos pela primeira vez os pulsos nos dados, pensamos que deviam ser de outra fonte." O Observatório de Raios-X Chandra e o satélite Swift também analisaram M82 para estudar a mesma supernova, e confirmaram que os intensos raios-X de M82 X-2 originavam de um pulsar. "O fato de termos um leque diversificado de telescópios no espaço significa que estes se podem ajudar uns aos outros," afirma Paul Hertz, diretor da divisão de astrofísica da NASA em Washington. "Quando um telescópio faz uma descoberta, outros com capacidades complementares podem ser chamados a investigar o mesmo objeto em diferentes comprimentos de onda." A chave para a descoberta do NuSTAR foi a sua sensibilidade a raios-X altamente energéticos, bem como a sua capacidade para medir com precisão os tempos dos sinais, o que permitiu aos astrônomos medir a taxa de pulso de 1,37 segundos. Também mediram uma produção de energia equivalente a 10 milhões de sóis, ou 10 vezes mais do que o observado noutros pulsares de raios-X. Este valor é elevado para algo com aproximadamente a massa do nosso Sol e o tamanho de uma cidade. Como é que esta estrela morta e insignificante irradia tão ferozmente? Os astrônomos não têm a certeza, mas dizem que provavelmente é devido a um grande banquete cósmico. Tal como os buracos negros, a gravidade de uma estrela de nêutrons pode puxar matéria de estrelas companheiras. À medida que a matéria é arrastada para a estrela de nêutrons, aquece e brilha em raios-X. Se o pulsar está realmente a alimentar-se da matéria circundante, está a fazê-lo com um ritmo tão extremo que deixa os teóricos a coçar a cabeça. Os astrônomos estão a planejar mais observações com o NuSTAR, o Swift e o Chandra para descobrir uma explicação para o comportamento bizarro do pulsar. A equipe do NuSTAR também vai analisar mais ULXs, o que significa que podem vir a descobrir que são também pulsares e não buracos negros. Neste momento, não se sabe se M82 X-2 é um objeto raro ou se outras ULXs batem com o pulso de estrelas mortas. O NuSTAR, um telescópio relativamente pequeno, descobriu um grande mistério cósmico. "Recentemente, vimos que outra fonte de raios-X excepcionalmente brilhantes na galáxia M82 parece ser um buraco negro de tamanho médio," afirma Jeanette Gladstone da Universidade de Alberta, no Canadá, que não está ligada ao estudo. "Agora, descobrimos que a segunda fonte de raios-X brilhantes em M82 não é um buraco negro. Isto vai desafiar os teóricos e pavimentar o caminho para uma nova compreensão da diversidade destes objetos fascinantes."

Créditos: Astronomia On-line

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Está chegando a hora: cometa está próximo do Planeta Vermelho

Faltam menos de 10 dias para um dos eventos astronômicos mais esperados dos últimos meses. No próximo dia 19 de outubro o cometa C/2013 A1 Siding Spring vai raspar a atmosfera marciana e ninguém sabe o que pode acontecer. A aproximação máxima do cometa ocorrerá às 16h28 pelo horário de Verão e de acordo com cálculos orbitais a distância mínima entre o núcleo e a superfície de Marte será de apenas 135 mil km, cerca de 1/3 da distância entre a Terra e a Lua. Embora as chances de impacto sejam desprezíveis, as consequências da passagem do cometa pela atmosfera de Marte são imprevisíveis, já que a coma de Siding Spring poderá gerar uma chuva de partículas orgânica na atmosfera ou superfície de Marte. Observações feitas com uso de telescópios espaciais mostram que o núcleo do cometa tem entre 0.8 e 8 km de diâmetro, com valor mais provável de 800 metros. Por outro lado, sua coma (a atmosfera do cometa) tem cerca de 160 mil quilômetros de diâmetro e sua cauda 480 mil quilômetros. Toda a frota de naves que estudam Planeta Vermelho estará observando o encontro. As sondas Mars Odyssey, Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) e MAVEN estarão registrando a aproximação do espaço, enquanto os jipes-robôs Opportunity e Curiosity verão o espetáculo da superfície. Se tudo correr como o planejado, a sonda MRO será a primeira nave a fazer fotos do núcleo de um cometa recém-chegado da nuvem de Oort, uma região nos confins do Sistema Solar onde se acredita que os cometas são formados. Se as condições atmosféricas permitirem, os jipes-robôs também deverão produzir excelentes dados. Uma das maiores preocupações dos cientistas é em relação à saúde das naves que estão orbitando o planeta. O motivo é que Siding Spring cruzará as cercanias marcianas a 203 mil km/h, o que poderá causar sérios danos caso uma das partículas cometárias atinja algum dos artefatos. Para evitar isso, a Nasa e a agência espacial européia fizeram pequenas correções nas órbitas de suas sondas, de modo que nos 100 minutos antes da aproximação todas a frota estará no lado oposto do cometa, com Marte servindo de escudo protetor contra as partículas. Os jipes Curiosity e Opportunity não correm risco, uma vez que a atmosfera marciana, embora tênue, será capaz de fornecer a proteção necessária contra o material que poderá atingir o planeta.

Créditos: Apolo 11

Hubble mapeia a temperatura e o vapor d’água de um exoplaneta extremo

Uma equipe de cientistas usando o Telescópio Espacial Hubble da NASA fez o mais detalhado mapa global já gerado de um planeta orbitando outra estrela, revelando segredos das temperaturas do ar e da água. O mapa fornece informações sobre as temperaturas em diferentes camadas da atmosfera desse mundo e traça a quantidade e a distribuição do vapor de água no planeta. As descobertas têm ramificações para o entendimento da dinâmica atmosférica e da formação de planetas gigantes como Júpiter. “Essas medidas têm aberto a porta para um novo tipo de planetologia comparativa”, disse o líder da equipe, Jacob Bean, da Universidade de Chicago. “Nossas observações são as primeiras desse tipo em termos de fornecer um mapa bidimensional da estrutura térmica do planeta que pode ser usado para restringir a circulação atmosférica e os modelos dinâmicos para exoplanetas quentes”, disse Kevin Stevenson, um dos membros da equipe, da Universidade de Chicago. As observações do Hubble mostram que o planeta, chamado de WASP-43b, não é um lugar para se chamar de lar. Ele é um mundo de extremos, onde ventos rasgam os céus na velocidade do som e cruzam o planeta que tem o lado do dia com temperaturas que chegam aos 1500ºC, capaz de derreter o aço e o lado noturno e escuro onde a temperatura cai drasticamente para 500ºC. Como uma bola quente constituída principalmente de gás hidrogênio, não existem feições na superfície do planeta, como oceanos ou continentes, que possam ser usadas para rastrear sua rotação. Somente as severas diferenças de temperatura entre o lado diurno e noturno do planeta podem ser usadas para que um observador remoto marque a passagem do dia nesse mundo. O WASP-43b está localizado a 260 anos-luz de distância da Terra e foi descoberto pela primeira vez em 2011. O WASP-43b está muito longe para ser fotografado diretamente, mas devido a sua órbita estar de lado para a Terra, os astrônomos conseguem detectá-lo observando quedas regulares na luz da sua estrela enquanto o planeta passa na frente da estrela. O planeta tem o tamanho aproximado de Júpiter, mas é quase que duas vezes mais massivo. O planeta está tão próximo de sua estrela mãe, uma anã laranja que completa uma órbita em apenas 19 horas. O planeta é também gravitacionalmente preso com a estrela, de modo que ele sempre mantém um mesmo hemisfério voltado para a estrela, do mesmo modo que a Lua mantém sempre o mesmo lado voltado para a Terra. Os cientistas combinaram dois métodos prévios de análise de exoplanetas e os integraram pela primeira vez para estudar a atmosfera do WASP-43b. A espectroscopia permite que os cientistas possam determinar a abundância de água e a estrutura de temperatura da atmosfera. Observando a rotação do planeta, os astrônomos foram também capazes de medir a abundância de água e de temperatura em diferentes longitudes. Pelo fato de não existir um planeta com essas condições no nosso Sistema Solar, a caracterização da atmosfera de um mundo bizarro como esse fornece um laboratório único para melhor entender a formação e a física planetária. “O planeta é tão quente que toda a água na sua atmosfera é vaporizada, ao invés de ser condensada nas nuvens congeladas como em Júpiter”, disse Laura Kreidberg membro da equipe da Universidade de Chicago. “Acredita-se que a água tenha um papel importante na formação de planetas gigantes, já que corpos como cometas bombardeiam os planetas jovens, entregando a maior parte da água e de outras moléculas que nós podemos observar”, disse Jonathan Fortney, um membro da equipe da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. Contudo, a abundância de água nos planetas gigantes do nosso Sistema Solar é mal conhecida, pois a água está presa distante como gelo que tem se precipitado fora de suas atmosferas superiores. Mas em exoplanetas, conhecidos como Júpiteres Quentes – ou seja, em planetas como Júpiter que tem uma temperatura superficial alta devido a sua órbita próxima da sua estrela mãe – a água em vapor que pode ser prontamente traçada. Kreidberg também enfatizou que a equipe não simplesmente detectou a água na atmosfera do WASP-43b, mas também mediu com precisão quanto e como dessa água está distribuída ao longo da longitude do planeta.


Créditos: Cienctec

Descoberto fóssil estelar que mostra como eram as primeiras estrelas

Sabe aquele mito que envolve estrelas do rock que fazem um sucesso tremendo e morrem muito jovens (geralmente com 27 anos)? O termo “estrelas” dessa história pode estar mais certo do que nunca. As primeiras delas podem ter sido, assim como seus parceiros figurativos, astros que saíram de cena muito rápido e em seus momentos de glória. Um fóssil estelar revelou novas informações sobre uma espécie há muito tempo extinta de estrelas primordiais. Este grupo, às vezes chamado de estrelas de população III, foi o primeiro a se formar no início do universo. Eles forjaram os primeiros elementos mais pesados ​​que o hidrogênio e o hélio, formados no Big Bang. Em seguida, as estrelas explodiram como supernovas, expelindo estes elementos em seu entorno, para serem incorporados à próxima geração de estrelas. Mas os detalhes dependem das massas dessas primeiras estrelas. Modelos de computador sugerem que elas poderiam ter 100 vezes a massa do nosso Sol, o que significa que morreram cedo demais para construir qualquer coisa mais pesada do que ferro. Mas também poderiam ser tão leves quanto 10 vezes a massa do Sol e viver mais tempo. Sem estarem por aí hoje em dia, é difícil saber como as estrelas da população III eram. Mas agora nós temos algumas pistas, vindas de uma estrela chamada SDSS J0018-0939 que parece ter sido criada a partir da poeira deixada para trás da explosão de uma estrela primordial. Uma equipe liderada por Wako Aoki, do Observatório Astronômico Nacional (NAO) do Japão, analisou os diferentes elementos na casca exterior da estrela, que dão pistas sobre como a misteriosa população III viveu e morreu. “É um pouco como uma impressão digital de DNA”, diz Volker Bromm, da Universidade do Texas, nos EUA. “Este estudo responde à questão geral de como a idade das trevas cósmicas terminou”. A estrela fóssil, que foi descoberta através do telescópio Subaru da NAO no Havaí, parece conter uma boa quantidade de ferro, mas pouca quantidade de metais mais pesados, como estrôncio e bário. Ela também tem muito mais elementos pares do que ímpares. Ambas as características indicam que as estrelas da população III tiveram curta duração, pois a construção de elementos mais pesados ​​e ímpares é um processo mais lento. Isso significa que elas eram, provavelmente, ainda maiores do que pensávamos – centenas de vezes mais massivas do que o Sol. O “pai” da estrela SDSS J0018-0939 tinha cerca de 140 vezes a massa do Sol. O enorme tamanho significa que a estrela provavelmente teve uma explosão termonuclear 10 a 100 vezes mais poderosa do que as supernovas típicas que vemos hoje. Bromm imagina que esta explosão pode ter sido brilhante o suficiente para que suas cinzas sejam vistas pelo Telescópio Espacial James Webb, que deve ser lançado em 2018. Mas não é uma certeza absoluta que a estrela fóssil tenha sido formada a partir dos restos de uma única supernova, diz John Wise, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, em Atlanta, nos EUA. Ao invés disso, ela poderia conter a poeira de algumas supernovas. “É interessante porque é diferente de qualquer uma das outras estrelas pobres em metais que temos descoberto na Via Láctea”, exalta.

Créditos: Hypescience

NASA apresenta foguete que levará astronautas a Marte

A NASA apresentou o desenho final de um novo foguete de grande porte projetado para levar os seres humanos em missões além da órbita da Terra - para explorar asteróides e, eventualmente, rumo a Marte. O Sistema de Lançamento Espacial (SLS) é o que a NASA chama de um "foguete classe exploração". A agência aprovou a continuidade do programa de desenvolvimento do SLS, algo que não acontecia desde a construção dos ônibus espaciais, e é a primeira ação depois do cancelamento do Projeto Constellation e seu foguete peso-pesado Ares V. Para seu primeiro teste de vôo, o SLS será configurado para uma capacidade de elevação de 70 toneladas, o que permitirá levar uma nave Orion sem tripulação além da órbita baixa da Terra. Em sua configuração mais potente, o SLS conseguirá levar até 130 toneladas ao espaço, a mesma capacidade do nunca concretizado Ares V. Essa capacidade permitirá missões tripuladas a destinos como um asteróide e Marte - a NASA não tem demonstrado muito interesse em retornar à Lua. O segundo vôo do SLS deverá enviar uma tripulação de quatro astronautas além da órbita da Lua, onde o homem nunca chegou. Logo a seguir deverá vir a missão para capturar um asteróide e colocá-lo em órbita da Lua para estudos. O vôo inicial do SLS deverá ocorrer, no mais tardar, segundo a NASA, em novembro de 2018. Isso será possível porque vários componentes essenciais do novo foguete já estão prontos ou são baseados no foguete que levava os ônibus espaciais. A NASA já tem em estoque 16 motores RS-25 não usados pelos ônibus espaciais, o que será suficiente para as quatro primeiras missões do SLS. Os foguetes laterais, de combustível sólido, também serão uma adaptação daqueles usados nos ônibus espaciais. O estágio final de propulsão, que levará as naves até seu destino, será uma adaptação dos motores do foguete de carga Delta IV. "Estamos em uma jornada de exploração científica e humana que nos levará a Marte," disse Charles Bolden, administrador da NASA. "E nós estamos firmemente empenhados em construir o veículo de lançamento e outros sistemas de apoio que nos levarão nessa jornada."

Créditos: Inovação Tecnológica

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sinais de formação de sistema planetário em torno da estrela HD169142

Imagem no comprimento de onda dos 7 mm do disco de poeira em redor da estrela HD 169142 com o VLA (Very Large Array). As posições dos candidatos a protoplanetas estão marcadas com os sinais de "+". A seção ampliada no canto superior direito mostra, à mesma escala, a brilhante fonte infravermelha na cavidade interior do disco, como observado pelo VLT no comprimento de onda de 3,8 micrômetros.

Os planetas formam-se a partir de discos de gás e poeira que orbitam estrelas jovens. Assim que a "semente" do planeta - composta por um pequeno agregado de poeira - é formada, continua a recolher material e esculpe uma cavidade ou lacuna no disco ao longo do seu percurso orbital. Esta fase de transição entre o disco original e o sistema planetário, difícil de estudar e ainda muito pouco conhecida, é precisamente o que foi observado na estrela HD169142 e é discutido em dois artigos publicados na revista The Astrophysical Journal Letters. "Embora nos últimos anos tenham sido descobertos mais de 1700 exoplanetas, poucos foram observados diretamente, e até à data nunca tínhamos sido capazes de capturar uma imagem inequívoca de um planeta ainda em formação," afirma Mayra Osorio, investigadora do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC), autora principal de um dos artigos. "Em HD 169142 podemos na verdade estar a ver estas sementes de gás e poeira que mais tarde se transformarão em planetas." HD169142 é uma estrela jovem com duas vezes a massa do Sol e cujo disco se estende até 250 UA (1 UA, ou unidade astronómica, é uma unidade equivalente à distância entre a Terra e o Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros). O sistema encontra-se numa orientação ótima para o estudo da formação planetária porque é visto de face. O primeiro artigo explora o disco de HD169142 com o radiotelescópio VLA (Very Large Array), que pode detectar grãos de poeira com centímetros de tamanho. Os resultados, combinados com dados infravermelhos que traçam a presença de poeira microscópica, revelam duas lacunas no disco, uma na região interior (entre 0,7 e 20 UA) e outra mais distante e menos desenvolvida entre 30 e 70 UA. "Esta estrutura já sugeriu que o disco está a ser modificado por dois planetas ou objetos sub-estelares mas, adicionalmente, os dados de rádio revelam a existência de um aglomerado de material dentro da abertura exterior, localizado aproximadamente à distância da órbita de Netuno, que aponta para a existência de um planeta em formação," comenta Osorio. O segundo estudo focou-se na busca de fontes infravermelhas nas lacunas do disco, usando o VLT (Very Large Telescope). Encontraram um sinal brilhante na abertura interna, que poderá corresponder a um planeta em formação ou a uma jovem anã branca (uma espécie de estrela falhada que nunca chegou a ter massa suficiente para despoletar as reações nucleares características das estrelas). Os dados infravermelhos, no entanto, não reforçaram a presença de um objeto na abertura exterior como as observações no rádio sugeriram. Esta não-detecção pode ser devida a limitações técnicas: os cientistas calcularam que um objeto com uma massa entre 0,1 e 18 vezes a massa de Júpiter, rodeado por um invólucro frio, pode muito bem permanecer por detectar no comprimento de onda observado. "Em observações futuras seremos capazes de verificar se o disco alberga um ou dois objetos. Em qualquer caso, HD 169142 permanece um objeto promissor pois é um dos poucos discos de transição conhecidos e está a revelar-nos o ambiente onde os planetas se formam," conclui Osorio.

Créditos: Astronomia On-line

Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko a apenas 18 Km de distância

Mais uma vez, esses quatro frames contém um grande número de feições interessantes. Nos frames superiores, existem desfiladeiros muito íngremes, exibindo um claro acamamento horizontal com algumas ranhuras ou fraturas na vertical. Outras faces expostas, como aquelas vistas mais claramente no frame inferior esquerdo, apresentam uma pilha de rochas com pedregulhos discretos de tamanhos variados. Em direção ao centro do frame inferior esquerdo, pode-se observar o começo das bordas expostas, novamente com pedaços de rochas em suas bases à medida que eles se apresentam mais erodidos. As regiões intermediárias são muito mais suaves, cobertas por um material de granulação fina, aparentemente esculpida nas ondulações de alguns locais, lembrando algumas das feições varridas por ventos que podem ser observadas em Marte e na Terra, mas essas feições no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko provavelmente estão relacionadas com a atividade do cometa, e o resultado de uma erosão diferencial que ocorre quando o material é levantado da superfície. Toda a cena desaparece na sombra na parte inferior da imagem, correspondendo a paredes íngremes de uma grande depressão que define o anteriormente considerado candidato a ponto de pouso conhecido como Local B.


Créditos: Cienctec

Primeiro selfie espacial: Rosetta e seu cometa

A sonda espacial Rosetta registrou o primeiro autorretrato espacial: um selfie que mostra sua aproximação do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Além de estudar o cometa, a sonda enviará um módulo de pouso e depois perseguirá o 67P por um ano durante sua aproximação do Sol. Na verdade, o selfie foi tirado justamente pelo módulo de pouso, chamado Philae, usando uma câmera de um experimento chamado CIVA. CIVA é uma sigla para Comet nucleus Infrared and Visible Analyzer, analisador do núcleo do cometa em infravermelho e visível. Suas câmeras serão capazes de tirar fotos panorâmicas em 360º do local de pouso do Philae. O experimento CIVA conta ainda com um microscópio para caracterizar as amostras e com um sensor para registrar o espectro em infravermelho dessas amostras. Conforme a sonda se aproxima do cometa, as imagens mais detalhadas revelam que os locais tidos como relativamente planos quando vistos à distância, na verdade são cheios de relevos acidentados e grandes rochas. Essas imagens também deixaram os cientistas coçando a cabeça por outros motivos, já que o cometa não era exatamente o que eles esperavam. O selfie foi tirado no dia 7 Setembro, quando a sonda Rosetta e seu módulo de pouso estavam a 50 km do cometa. Os painéis solares da sonda, que aparecem na foto, medem 14 metros de comprimento. O cometa 67P mede cerca de 4 km de comprimento por 3,5 km de largura.

Créditos: Inovação Tecnológica

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Modelo mostra as quantidades de água e ar disponíveis no planeta

Quem olha para a vastidão do oceano tem a clara impressão de que a quantidade de água ali existente é praticamente infinita. O mesmo acontece quando reparamos no ar a nossa volta, que parece preencher todos os lugares com os gases vitais à nossa sobrevivência. Esses dois elementos, água e ar, parecem realmente abundantes e inesgotáveis, mas será que essa impressão é de fato verdadeira? Um modelo matemático publicado há algum tempo mostra que as quantidades desses elementos não são tão grandes assim. O gráfico apresenta o volume total de água e ar disponíveis na Terra caso fossem acumulados em duas esferas distintas. A imagem não deixa dúvidas e mostra que as quantidades são poucas e finitas. A esfera da esquerda, azul, mede 1390 quilômetros de diâmetro e tem um volume de 1.4 bilhões de quilômetros cúbicos, o que representa toda a água da Terra contida nos oceanos, geleiras, rios e reservatórios subterrâneos. A esfera da direita representa todo o ar em nossa atmosfera até 5 km de altitude, onde se encontra metade do ar respirável do planeta, incluindo todos os poluentes e gases tóxicos. Neste caso, o reservatório representado pela bolinha rosa mede 1999 quilômetros de diâmetro e pesa 5140 trilhões de toneladas. Acima de 5 km a atmosfera se torna mais rarefeita tornando difícil, ou até impossível, a sobrevivência. Olhando a imagem não é difícil perceber que as quantidades de água e ar disponíveis para a manutenção da vida não são tão grandes como acreditamos, o que significa que pequenos descuidos ambientais e atitudes egoístas podem comprometer facilmente a saúde das belas bolinhas coloridas.

Créditos: Apolo 11