domingo, 11 de abril de 2010

Tritão e suas estações que duram 40 anos

Imagem artística

Astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) descobriram que a atmosfera da lua Tritão, de Netuno, varia de estação para estação, tornando-se mais espessa quando está mais quente. "Descobrimos evidências concretas de que o Sol marca a sua presença em Tritão, mesmo encontrando-se a tão grande distância. Esta lua gelada tem estações tal como a Terra, mas que variam muito mais lentamente," afirma Emmanuel Lellouch, autor principal do artigo científico que detalha a descoberta na revista Astronomy & Astrophysics. Uma estação em Tritão dura um pouco mais de 40 anos, e Tritão passou pelo solstício de Verão do hemisfério sul em 2000. Aquecimento relativo As observações também detectaram monóxido de carbono e metano na fina atmosfera de Tritão. Atualmente é Verão no hemisfério sul e inverno no hemisfério norte da lua. A temperatura média da superfície de Tritão é de -235º Celsius. À medida que o hemisfério sul se aquece, uma fina e gelada camada de nitrogênio, metano e monóxido de carbono na superfície de Tritão sublima-se em gás, tornando a atmosfera gelada do satélite mais espessa à medida que a estação progride no decurso da órbita de 165 anos que Tritão executa em volta do Sol. Baseando-se na quantidade de gás medido, Lelouch e colegas estimam que a pressão atmosférica de Tritão aumentou provavelmente por um fator de quatro quando comparada às medições feitas pela sonda Voyager 2 em 1989, quando a lua de Netuno ainda estava na Primavera. A pressão atmosférica de Tritão encontra-se agora entre os 40 e os 65 microbars - 20.000 menor do que a da Terra. Sabia-se que o monóxido de carbono está presente na superfície da lua sob a forma de gelo, mas Lellouch e sua equipe descobriram que a camada mais superficial possui dez vezes mais gelo de monóxido de carbono do que as camadas mais profundas. É essa camada superficial que alimenta a atmosfera. Embora a maior parte da atmosfera de Tritão seja composta por nitrogênio (tal como na Terra), o metano na atmosfera, primeiramente detectado pela Voyager 2 e só agora confirmado por este estudo feito a partir de observatórios no solo, desempenha igualmente um papel importante. "O clima e os modelos atmosféricos de Tritão terão que ser revistos, agora que descobrimos monóxido de carbono e voltamos a medir o metano," diz a co-autora Catherine de Bergh. Dos 13 satélites de Netuno, Tritão é claramente o maior, com 2.700 quilômetros de diâmetro (cerca de três quartos da Lua), sendo o sétimo maior satélite de todo o Sistema Solar. Desde a sua descoberta, em 1846, Tritão tem fascinado os astrônomos devido à sua atividade geológica, às variações nos gelos superficiais, como o nitrogênio congelado, a água e o gelo seco (dióxido de carbono congelado), e ao seu movimento retrógrado. Tritão é o único satélite do Sistema Solar que apresenta um movimento retrógrado, isto é, um movimento que vai na direção oposta ao da rotação do seu planeta. Esta é uma das razões porque os astrônomos acreditam que Tritão tenha sido capturado do Cinturão de Kuiper, desta forma compartilhando muitas das características dos planetas anões, como Plutão.

Créditos: Inovação Tecnológica
Imagem: ESO / L. Calçada

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